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Judô

25/08/2019 06h42

Mundial de Judô 2019

Em dia de "congestionamento" no dojô, três atletas vestem o quimono nacional no Japão

Segundo dia do Mundial de Tóquio terá 149 judocas em ação. Larissa Pimenta e Eleudis Valentim lutam na -52kg, enquanto Daniel Cargnin entra na chave de 92 atletas na -66kg

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A mudança do horário de início da competição já é um indicador: a segunda-feira (25.08) será de "congestionamento" no tatame da Arena Budokan, em Tóquio. As eliminatórias serão a partir das 10h (22h de domingo em Brasília), uma hora mais cedo, porque o programa é extenso. A categoria -52kg feminina reúne 57 atletas, enquanto a -66kg masculina soma 92 judocas. Com 149 inscritos, é o dia com maior número de pretendentes ao título no Mundial do Japão, que reúne 839 atletas, de 148 países.

Em meio a essa profusão de nomes, o Brasil terá três atletas representantes. Larissa Pimenta e Eleudis Valentim vestem o quimono nacional na categoria -52kg. Daniel Cargnin disputa a -66kg. O caminho dos três foi traçado no sorteio oficial das chaves, realizado no sábado (24), na capital japonesa.

Eleudis e Larissa: representantes nacionais numa categoria repleta de destaques. Fotos: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br

Larissa Pimenta é um dos talentos da nova geração nacional. Aos 20 anos, tem no currículo esportivo recente o título dos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, em 2018, dos Jogos Pan-Americanos de Lima e do Campeonato Pan-Americano da modalidade, em 2019. Conquistou ainda três pódios no circuito internacional adulto este ano. Chega repleta de predicados, mas teve azar, muito azar, no sorteio da chave.

Campeã mundial, a japonesa Uta Abe, de apenas 19 anos, está invicta há 37 lutas, 23 delas vencidas por ippon

A brasileira estreia contra Raguib Abdourahman, de Djibouti, atleta listada como 250 do mundo. Se vencer, contudo, terá pela frente a atual campeã mundial, a japonesa Uta Abe. Com 19 anos, Abe já é um ícone da categoria. Não sabe o que é derrota em competições internacionais há 37 lutas, 23 delas vencidas por ippon. Além do título mundial de 2018, conquistado em Baku, no Azerbaijão, ela obteve entre 2018 e 2019 duas vezes o títulos do Grand Prix de Hohhot, na China, e venceu o Grand Slam de Osaka.

Abe luta em casa, diante de uma torcida que idolatra o judô, e dentro de um ginásio que é um ícone do esporte: o Nippon Budokan foi construído para os Jogos Olímpicos de 1964, também realizados em Tóquio. É chamado por alguns mais empolgados de Maracanã do judô. A arena para até 14 mil torcedores tem a arquitetura em formato de octógono e faz remissão a um dos templos da cidade de Nara. O ginásio é um dos atrativos especiais do Mundial de 2019.

"É difícil, mas conheço bastante as adversárias. A nova da categoria sou eu. Elas só estão me mapeando agora, mas eu já conheço elas todas", afirmou Larissa. Para impor seu estilo, a brasileira não elege um golpe preferido ou um estilo determinado. Valoriza a capacidade de adaptação. "Durante a luta, a gente vai sentindo o que consegue fazer de fato. Às vezes não dá de um jeito e tem de buscar outra coisa. Por isso, não tenho preferência. Gosto de lutar em cima e embaixo. Para mim é indiferente. Se tiver de ganhar em cima, vamos em cima. Se tiver de jogar embaixo, vamos lá", brincou.

A outra brasileira no -52kg é a paulista Eleudis Valentim, de 27 anos, que conquistou a prata na etapa de Haia do Grand Prix, disputada em novembro de 2018, na Holanda. Além disso, esteve duas vezes entre as oito melhores em 2019. Foi a quinta tanto no Grand Slam de Baku, no Azerbaijão, em maio, quanto na etapa de Budapeste, na Hungria, em julho. A brasileira estreia contra a americana Angelica Delgado, número 13 do ranking mundial. A adversária teve dois bons resultados ao longo do ano. Foi prata no Pan-Americano da modalidade, vencido por Larissa, e prata também na etapa de Montreal do Grand Prix.

Ai Shishime é vice-campeã mundial e luta em casa. Melhor do mundo em 2018, a também japonesa Uta Abe não perde há 37 lutas. Majlinda Kelmendi, de Kosovo, é bicampeã mundial e campeã olímpica. A francesa Amandine Buchard lidera o ranking: quarteto de estrelas na classe -52kg. Fotos: IJF

Além de Uta Abe, a categoria feminina tem pelo menos outras três atletas de amplo currículo. A líder do ranking é a francesa Amandine Buchard, de 24 anos, ouro no Grand Slam de Baku e no Grand Prix de Marrakech, além de terceira colocada nos Jogos Europeus de 2019.

Outra atleta de amplo retrospecto é a experiente Majlinda Kelmendi, de Kosovo, de 28 anos. Com dois títulos mundiais e dona da etiqueta dourada no quimono, símbolo que identifica as atuais campeãs olímpicas, Kelmendi tem três títulos no currículo em 2019, no Grand Prix de Israel, no Grand Slam da Alemanha e nos Jogos Europeus.

Japonesa como Abe, Ai Shishime é mais um talento do país anfitrião. Aos 25 anos, foi a vice-campeã mundial em Baku, em 2018, venceu o Grand Slam de Paris e terminou com a segunda colocação no Grand Slam de Baku, em 2019. É a terceira colocada no ranking mundial.

Na base do ippon seoni-nage

Também representante da nova geração, Daniel Cargnin estreia na segunda rodada. O gaúcho de Canoas, de 21 anos, espera o vencedor do duelo entre Sinan Sandal, da Turquia, e Rodrick Kuku, do Congo. O atleta vem de uma lesão no ombro há 45 dias que o deixou fora da melhor forma, mas ainda assim saiu do Pan de Lima com a prata. Antes disso, em abril, já havia conquistado o ouro no Pan-Americano da modalidade, também disputado no Peru. O brasileiro é o atual número nove do ranking mundial.

"Consegui dar uma evoluída, ajustar umas coisas que senti que estava com dificuldade. Ano passado fiquei em quinto no Mundial, por isso a expectativa é medalhar"
Daniel Cargnin

"Nessa competição mais recente senti um pouco da falta de ritmo, mas esse tempo de aclimatação em Hamamatsu foi ótimo. Consegui dar uma evoluída, ajustar umas coisas que senti que estava com dificuldade. Ano passado fiquei em quinto no Mundial, por isso a expectativa é medalhar", comentou.

Para conseguir caminhar longe na chave, o atleta aposta num estilo agressivo pautado em tirar as resistências dos adversários. "Acho que é esse meu estilo, é fazer o adversário errar, minar a pessoa. Acho que meu golpe mais forte é o ippon seoni-nage para a esquerda. É um golpe de braço, em que entro com o antebraço na axila do adversário, viro as costas, e pode ser feito com ajuda do joelho ou do pé. Gosto de variar para tentar surpreender. Se o adversário espera que venha alto, vou embaixo", conta.

Daniel Cargnin: quinto lugar no Mundial de 2018 e expectativa de subir degraus. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br

Números expressivos

Evento-teste para os Jogos Olímpicos de 2020, o Campeonato Mundial de Judô reúne sete categorias no masculino e outras sete no feminino. Até 31 de agosto, a disputa é nas categorias individuais. No dia 1 de setembro, será a vez da competição por equipes mistas, formato que será adotado pela primeira vez no programa olímpico nos Jogos do Japão. Pelo sorteio da chave, o time brasileiro vai estrear contra a seleção alemã. Se vencer, terá pela frente o vencedor do confronto entre Portugal e Azerbaijão.

Na chave individual, o Brasil tem 18 atletas inscritos. Dezessete deles são integrantes do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento anual do governo federal no grupo é de R$ 1,67 milhão.

Além disso, 12 dos 18 atletas estão incluídos na Bolsa Pódio, a categoria mais alta do programa, voltada para esportistas que se consolidam entre os 20 melhores do mundo. Eles recebem repasses mensais que variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil. Numa outra frente de investimentos federais, 11 dos 18 atletas integram o Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR).

Infográfico - Mundial de Judô 2019

Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br