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Judô

09/08/2019 22h13

LIMA 2019

Rafaela Silva é ouro e Brasil fecha o dia com três medalhas no judô

Daniel Cargnin levou a prata, enquanto Jeferson Santos Júnior terminou com o bronze. Neste sábado, há a disputa de mais quatro categorias

Jogos Pan-Americanos Lima 2019

Três atletas e três medalhas. O Brasil conseguiu colocar todos os representantes no pódio do judô no segundo dia de disputas da modalidade nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Daniel Cargnin (66kg) caiu apenas na final e ficou com a prata, enquanto Jeferson dos Santos Júnior (73kg) levou o bronze. A maior conquista do dia, no entanto, ficou por conta da campeã olímpica em 2016 e mundial em 2013. Nesta sexta-feira (09.08), Rafaela Silva faturou o único ouro que faltava ao currículo.

Nas edições anteriores, Rafaela havia conquistado uma prata, em Guadalajara 2011, e um bronze, em Toronto 2015. Com todos os títulos possíveis já alcançados, a judoca afirma ainda não ter realizado todos os sonhos da carreira. “Ainda não tive o mais esperado. Nunca fui porta-bandeira do Brasil em lugar nenhum”, pediu Rafaela, que agora poderá participar de uma cerimônia dos Jogos, já que, pela primeira vez, o judô entrou apenas no fim da programação do megaevento. 

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O ouro dos Jogos Pan-Americanos era o único que faltava na coleção de Rafaela Silva. Foto: Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

Inabalável, Rafaela Silva não abriu brecha para as adversárias. Estreou contra a norte-americana Amelia Fulgentes e, sem se expor, forçou três punições à rival. “Na primeira luta, peguei uma atleta com quem eu nunca tinha lutado. Fui um pouco mais devagar para sentir a luta. As outras adversárias eu já vinha estudando porque eu sabia que possivelmente pegaria no Pan. Consegui trabalhar bem e colocar o meu judô”, contou.

Assim, na semifinal, precisou de apenas 33 segundos para projetar a cubana Anailys Dorvigny, de quem já havia perdido duas vezes. Usando uma técnica nova, registrou o primeiro ippon brasileiro em Lima e garantiu a vaga na final. “Estou mudando algumas coisas no meu jogo porque estamos nos aproximando dos Jogos Olímpicos e muitas pessoas já conhecem meu estilo de luta. Tenho que mudar um pouco para surpreender minhas adversárias”, explicou. Segundo Rafaela, a técnica que colocou em prática contra a cubana foi demonstrada por um treinador da Geórgia, Irakli Tsirekidze, campeão olímpico e mundial, durante um curso pouco antes antes da vinda ao Peru.

O título dos Jogos Pan-Americanos foi confirmado com um waza-ari e uma chave de braço em cima de Ana Rosa, da República Dominicana. Os bronzes da categoria ficaram com Yadinys Amaris, da Colômbia, e Miryam Roper, do Panamá. Ao deixar o tatame após a decisão, Rafaela Silva não estava nem suada. “Eu suei nos dias anteriores para bater o peso”, brincou.

“Estou muito feliz com o meu resultado e o meu desempenho nas competições. Vim batendo na trave no início da temporada, chegava na final e não conseguia chegar no ouro. Este é o meu terceiro ouro consecutivo. Estou muito feliz, vendo que o meu trabalho está sendo concluído. Agora é focar porque no fim do mês tem o Mundial”, analisou. Este ano, Rafaela já foi campeã do Grand Prix de Budapeste e do Grand Slam de Baku, além de prata no Grand Prix de Tbilisi, no Grand Slam de Dusseldorf e no Pan-Americano de Lima, evento-teste para os Jogos.

“Eu peguei essas adversárias em abril e foi uma luta mais amarrada, não consegui colocar o golpe. Parecia que eu estava um pouco fora de ritmo. Vir agora e conseguir colocar os golpes é sinal de que meu trabalho está dando resultado. Então eu chego um pouco mais confiante para o Mundial”, apontou a judoca.

Prata e bronze

Campeão pan-americano no evento-teste de Lima, e campeão mundial júnior em 2017, Daniel Cargnin (66kg) estreou nesta sexta-feira contra o mexicano Nabor Castillo, já nas quartas de final. A luta, muito parada devido a um sangramento do rival, foi decidida nas punições. Após o atendimento médico para estancar o sangue, Castillo voltou ao tatame com o rosto todo enfaixado. Posicionou-se para retomar o combate, que seguia no golden score com dois shidos para cada lado, mas levou o terceiro e a luta foi encerrada.

Na semifinal, o brasileiro também chegou a levar duas punições, mas surpreendeu o venezuelano Ricardo Valderrama com uma imobilização para se garantir na decisão contra o dominicano Wander Mateo. Na disputa pelo ouro, contudo, Daniel levou um waza-ari e não teve tempo para virar o placar, terminando o dia com a medalha de prata em sua primeira participação no megaevento. Os bronzes ficaram com Valderrama e com o cubano Osniel Solis.

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Daniel Cargnin foi superado apenas pelo dominicano Wander Mateo. Foto: Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

“Eu avalio o meu desempenho acima de tudo. Algumas derrotas no meio do caminho até a Olimpíada infelizmente vão vir. Eu podia ter dado algo a mais, mas fica como aprendizado, para treinar e rever. Às vezes a derrota ensina bastante”, afirmou o judoca de 21 anos. “No Pan-Americano de abril, ganhei de todos esses atletas, e de um jeito melhor. Isso também é bom para ficar com o pé no chão, parar e pensar no que poderia ter feito melhor”, completou. Em 2018, o atleta conquistou ainda a medalha de prata no Grand Prix de Tbilisi.

O Brasil ainda levou um bronze com Jeferson Santos Júnior (73kg). Depois de estrear com derrota por um waza-ari no golden score das quartas de final para o venezuelano Sergio Mattey, o brasileiro seguiu para a repescagem, onde venceu o colombiano Leider Navarro por punições. Já na disputa pelo bronze, Jeferson conseguiu um waza-ari em cima do mexicano Eduardo Araújo para se garantir no pódio, também em sua primeira participação no evento. 

“Eu treinei muito para estar aqui. Claro que o objetivo não era o bronze, mas estou feliz porque, em uma competição como essa, de grande porte, são poucos que estão aqui”, comentou. “Saí chateado quando perdi, mas fui para a concentração e comecei a pensar na estratégia da próxima luta, para dar a volta por cima porque, se o ouro não dava, tinha que vir o bronze pelo menos”, acrescentou o estreante. O cubano Magdiel Estrada levou o ouro, enquanto Alonso Wong, do Peru, ficou com a prata, e Nicholas Delpopolo, dos Estados Unidos, terminou com o outro bronze. 

Neste sábado (10), penúltimo dia dos Jogos Pan-Americanos, serão disputadas quatro categorias no judô. Aléxia Castilhos (63kg), Ellen Santana (70kg), Eduardo Yudy Santos (81kg) e Rafael Macedo (90kg) são os representantes brasileiros. As preliminares serão a partir das 17h e as finais, às 19h (horários de Brasília).

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Jeferson venceu mexicano Eduardo Araújo para ficar com o bronze. Foto: Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

Investimentos

Dos 13 atletas convocados, dez são beneficiados pelo programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, sendo seis na categoria Pódio. Ao todo, o investimento anual é de R$ 919,5 mil no grupo que compete em Lima. Além disso, onze judocas são das Forças Armadas.

Programação
(Horários de Brasília)

Sábado (10) 
- Aléxia Castilhos (63kg)
- Ellen Santana (70kg)
- Eduardo Yudy Santos (81kg)
- Rafael Macedo (90kg)

17h – Preliminares
19h – Finais

Domingo (11) 
- Mayra Aguiar (78kg)
- Beatriz Souza (+78kg)
- David Moura (+100kg)

11h – Preliminares
13h – Finais  

Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br