Judô
LIMA 2019
Rafaela Silva é ouro e Brasil fecha o dia com três medalhas no judô
Três atletas e três medalhas. O Brasil conseguiu colocar todos os representantes no pódio do judô no segundo dia de disputas da modalidade nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Daniel Cargnin (66kg) caiu apenas na final e ficou com a prata, enquanto Jeferson dos Santos Júnior (73kg) levou o bronze. A maior conquista do dia, no entanto, ficou por conta da campeã olímpica em 2016 e mundial em 2013. Nesta sexta-feira (09.08), Rafaela Silva faturou o único ouro que faltava ao currículo.
Nas edições anteriores, Rafaela havia conquistado uma prata, em Guadalajara 2011, e um bronze, em Toronto 2015. Com todos os títulos possíveis já alcançados, a judoca afirma ainda não ter realizado todos os sonhos da carreira. “Ainda não tive o mais esperado. Nunca fui porta-bandeira do Brasil em lugar nenhum”, pediu Rafaela, que agora poderá participar de uma cerimônia dos Jogos, já que, pela primeira vez, o judô entrou apenas no fim da programação do megaevento.
Inabalável, Rafaela Silva não abriu brecha para as adversárias. Estreou contra a norte-americana Amelia Fulgentes e, sem se expor, forçou três punições à rival. “Na primeira luta, peguei uma atleta com quem eu nunca tinha lutado. Fui um pouco mais devagar para sentir a luta. As outras adversárias eu já vinha estudando porque eu sabia que possivelmente pegaria no Pan. Consegui trabalhar bem e colocar o meu judô”, contou.
Assim, na semifinal, precisou de apenas 33 segundos para projetar a cubana Anailys Dorvigny, de quem já havia perdido duas vezes. Usando uma técnica nova, registrou o primeiro ippon brasileiro em Lima e garantiu a vaga na final. “Estou mudando algumas coisas no meu jogo porque estamos nos aproximando dos Jogos Olímpicos e muitas pessoas já conhecem meu estilo de luta. Tenho que mudar um pouco para surpreender minhas adversárias”, explicou. Segundo Rafaela, a técnica que colocou em prática contra a cubana foi demonstrada por um treinador da Geórgia, Irakli Tsirekidze, campeão olímpico e mundial, durante um curso pouco antes antes da vinda ao Peru.
O título dos Jogos Pan-Americanos foi confirmado com um waza-ari e uma chave de braço em cima de Ana Rosa, da República Dominicana. Os bronzes da categoria ficaram com Yadinys Amaris, da Colômbia, e Miryam Roper, do Panamá. Ao deixar o tatame após a decisão, Rafaela Silva não estava nem suada. “Eu suei nos dias anteriores para bater o peso”, brincou.
“Estou muito feliz com o meu resultado e o meu desempenho nas competições. Vim batendo na trave no início da temporada, chegava na final e não conseguia chegar no ouro. Este é o meu terceiro ouro consecutivo. Estou muito feliz, vendo que o meu trabalho está sendo concluído. Agora é focar porque no fim do mês tem o Mundial”, analisou. Este ano, Rafaela já foi campeã do Grand Prix de Budapeste e do Grand Slam de Baku, além de prata no Grand Prix de Tbilisi, no Grand Slam de Dusseldorf e no Pan-Americano de Lima, evento-teste para os Jogos.
“Eu peguei essas adversárias em abril e foi uma luta mais amarrada, não consegui colocar o golpe. Parecia que eu estava um pouco fora de ritmo. Vir agora e conseguir colocar os golpes é sinal de que meu trabalho está dando resultado. Então eu chego um pouco mais confiante para o Mundial”, apontou a judoca.
Prata e bronze
Campeão pan-americano no evento-teste de Lima, e campeão mundial júnior em 2017, Daniel Cargnin (66kg) estreou nesta sexta-feira contra o mexicano Nabor Castillo, já nas quartas de final. A luta, muito parada devido a um sangramento do rival, foi decidida nas punições. Após o atendimento médico para estancar o sangue, Castillo voltou ao tatame com o rosto todo enfaixado. Posicionou-se para retomar o combate, que seguia no golden score com dois shidos para cada lado, mas levou o terceiro e a luta foi encerrada.
Na semifinal, o brasileiro também chegou a levar duas punições, mas surpreendeu o venezuelano Ricardo Valderrama com uma imobilização para se garantir na decisão contra o dominicano Wander Mateo. Na disputa pelo ouro, contudo, Daniel levou um waza-ari e não teve tempo para virar o placar, terminando o dia com a medalha de prata em sua primeira participação no megaevento. Os bronzes ficaram com Valderrama e com o cubano Osniel Solis.
“Eu avalio o meu desempenho acima de tudo. Algumas derrotas no meio do caminho até a Olimpíada infelizmente vão vir. Eu podia ter dado algo a mais, mas fica como aprendizado, para treinar e rever. Às vezes a derrota ensina bastante”, afirmou o judoca de 21 anos. “No Pan-Americano de abril, ganhei de todos esses atletas, e de um jeito melhor. Isso também é bom para ficar com o pé no chão, parar e pensar no que poderia ter feito melhor”, completou. Em 2018, o atleta conquistou ainda a medalha de prata no Grand Prix de Tbilisi.
O Brasil ainda levou um bronze com Jeferson Santos Júnior (73kg). Depois de estrear com derrota por um waza-ari no golden score das quartas de final para o venezuelano Sergio Mattey, o brasileiro seguiu para a repescagem, onde venceu o colombiano Leider Navarro por punições. Já na disputa pelo bronze, Jeferson conseguiu um waza-ari em cima do mexicano Eduardo Araújo para se garantir no pódio, também em sua primeira participação no evento.
“Eu treinei muito para estar aqui. Claro que o objetivo não era o bronze, mas estou feliz porque, em uma competição como essa, de grande porte, são poucos que estão aqui”, comentou. “Saí chateado quando perdi, mas fui para a concentração e comecei a pensar na estratégia da próxima luta, para dar a volta por cima porque, se o ouro não dava, tinha que vir o bronze pelo menos”, acrescentou o estreante. O cubano Magdiel Estrada levou o ouro, enquanto Alonso Wong, do Peru, ficou com a prata, e Nicholas Delpopolo, dos Estados Unidos, terminou com o outro bronze.
Neste sábado (10), penúltimo dia dos Jogos Pan-Americanos, serão disputadas quatro categorias no judô. Aléxia Castilhos (63kg), Ellen Santana (70kg), Eduardo Yudy Santos (81kg) e Rafael Macedo (90kg) são os representantes brasileiros. As preliminares serão a partir das 17h e as finais, às 19h (horários de Brasília).
Investimentos
Dos 13 atletas convocados, dez são beneficiados pelo programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, sendo seis na categoria Pódio. Ao todo, o investimento anual é de R$ 919,5 mil no grupo que compete em Lima. Além disso, onze judocas são das Forças Armadas.
Programação
(Horários de Brasília)
Sábado (10)
- Aléxia Castilhos (63kg)
- Ellen Santana (70kg)
- Eduardo Yudy Santos (81kg)
- Rafael Macedo (90kg)
17h – Preliminares
19h – Finais
Domingo (11)
- Mayra Aguiar (78kg)
- Beatriz Souza (+78kg)
- David Moura (+100kg)
11h – Preliminares
13h – Finais
Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br