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Judô

23/08/2019 07h11

Mundial de Judô 2019

'Maracanã do judô' está praticamente pronto para o Campeonato Mundial de Tóquio

Organizadores ajustam últimos detalhes dos tatames na Nippon Budokan, arena considerada um "templo" das artes marciais. Competição em Tóquio reúne 860 atletas, de 149 países

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As duas áreas de luta azuis com moldura vermelha, novidade no circuito internacional, estão praticamente ajustadas. O 'envelopamento' das áreas internas acentua a identidade visual da competição. As placas de sinalização para organizar o trabalho de cinegrafistas, fotógrafos, jornalistas, atletas e comissões técnicas já podem ser vistas. Apontado por muitos como o Maracanã das Artes Marciais, o Nippon Budokan, em Tóquio, está praticamente pronto para o Campeonato Mundial de Judô.

O torneio, que é um evento-teste oficial para os Jogos Olímpicos de 2020, será realizado de 25 de agosto a 1 de setembro, no Japão. Segundo informações da organização, estão inscritos 860 atletas, de 149 países. Na chave individual haverá sete categorias masculinas e outras sete feminina. No dia 1 de setembro será realizada a disputa por equipes mistas.

Últimos ajustes nas duas áreas de luta na Arena Budokan, em Tóquio: palco tradicional é motivação a mais para atletas. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br

Construído para as Olimpíadas de 1964, edição em que o judô estreou no programa dos Jogos, o Nippon Budokan tem traços arquitetônicos que remetem ao templo Yumedono, em Nara. A estrutura interna tem formato de octógono. O pé direito tem 42 metros de altura e as cadeiras recebem até 14 mil torcedores, a depender do tipo de evento realizado.

"Nunca lutei lá no Budokan. Sempre tive vontade. Só vi o ginásio por vídeo. É o Maracanã, o Coliseu do Judô. É um espetáculo de lugar"
Felipe Kitadai, bronze olímpico em Londres 2012 e inscrito da categoria -60kg

"Essa nossa geração vive um momento privilegiado. A gente teve Olimpíada em casa, Mundial no Brasil e, agora, temos uma chance de disputar um Mundial e uma Olimpíada em Tóquio, onde começou o nosso esporte", afirmou Rafael Silva, o Baby, um dos representantes do Brasil na categoria +100kg. "E tudo isso num ginásio emblemático. A Olimpíada de 1964 foi lá, a primeira de que o judô participou. Tem uma competição importante no Japão, o Absoluto Japonês, que também ocorre ali. É um lugar tradicional, histórico e uma chance boa para nós", completou Baby, dono de dois bronzes olímpicos e de uma prata e dois bronzes em mundiais.

Famosa por receber torneios de judô, caratê, aikidô, wrestling e kickboxing, a Arena Budokan ainda tem no 'currículo' uma série de shows importantes. Os Beatles foram a primeira banda pop do Ocidente a performar ali, em 1966. Nos anos 1970, a estrutura foi usada para a gravação de álbuns ao vivo de artistas como Bob Dylan, Santana, Eric Clapton, Frank Sinatra, Deep Purple, Duran Duran, Pearl Jam e Avril Lavigne.

"Para quem se credenciar para 2020, lutar ali ajuda demais a dar confiança para as Olimpíadas. Facilita no aspecto psicológico, no emocional. É o berço do judô, o Maracanã", brincou o técnico Mario Tsutsui, responsável pela seleção feminina. "É importante essa vivência. Vamos ter Olimpíadas aqui, na mesma época, no mesmo lugar. É importante experimentar tudo. O clima do verão, o calor intenso, a umidade, e esse lugar histórico. É uma motivação para lutar bem", completou Yuko Fujii, técnica da seleção masculina.

23/08/2019 - Mundial Judô Tóquio 2019 - Budokan

 

Dezoito eleitos

O Brasil chega representado por 18 atletas na chave individual. São nove no masculino e nove no feminino (confira o infográfico). Dezessete deles são integrantes do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento federal anual no grupo é de R$ 1,67 milhão. Um termômetro da qualidade do elenco é que 12 dos 18 estão atualmente vinculados à categoria Pódio, a mais alta do Bolsa Atleta, voltada para esportistas que se consolidam entre os 20 melhores do mundo.

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Felipe Kitadai luta no primeiro dia de competições do Mundial, no domingo. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br

Num outro recorte pautado em investimentos federais, 11 dos 18 atletas fazem parte do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) das Forças Armadas. O programa foi criado em 2008, numa parceria da Defesa com o então Ministério do Esporte. O conceito é fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos de alto nível. O alistamento é feito de forma voluntária, por meio de edital público. O processo de seleção leva em conta os resultados dos atletas em competições nacionais e internacionais. Quando integrados ao programa, os atletas têm à disposição todos os benefícios da carreira, como soldo, 13º salário, plano de saúde, férias, direito à assistência médica, incluindo nutricionista e fisioterapeuta.

Sorteio das chaves

Neste sábado (24), a organização vai fazer o sorteio das chaves, oportunidade em que cada um dos atletas conhecerá os primeiros adversários e o possível caminho de lutas. Como de praxe, o calendário prevê as categorias mais leves nos primeiros dias e a mais pesada no último.

A lesão de Nathália Brígida às vésperas da competição deixou o Brasil sem representante na classe -48kg. Assim, o país terá apenas atletas na chave masculina na abertura do Mundial, no domingo (25). Eric Takabatake e Felipe Kitadai estão na categoria -60kg. As lutas da fase eliminatória serão a partir das 11h, ou 23h do sábado (24) no horário brasileiro. O bloco decisivo, com as semifinais, disputas de bronze e a final, serão a partir das 19h (7h da manhã de domingo no horário brasileiro).

"Nunca lutei lá no Budokan. Sempre tive vontade. Só vi o ginásio por vídeo. É o Maracanã, o Coliseu do Judô. É um espetáculo de lugar", disse Kitadai, que vem de um título no Grand Slam de Baku, no Azerbaijão, em maio de 2019, e tem no currículo o bronze olímpico, conquistado nos Jogos de Londres, em 2012.

Infográfico - Mundial de Judô 2019

Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br