Triatlo
Rio de Janeiro
Cinco países garantem vaga nos Jogos Rio 2016 no evento-teste de triatlo em Copacabana
O Qualificatório de Triatlo, realizado neste domingo (02.08), em Copacabana, garantiu cinco países nos Jogos Olímpicos Rio 2016. A exemplo da competição de paratriatlo do dia anterior, a prova também serviu como evento-teste da modalidade e foi bem avaliada por público e participantes de modo geral.
A largada da prova feminina foi dada às 9h. Entre as 70 competidoras, estava uma americana que acumulava uma sequência de onze primeiros lugares consecutivos em competições da Federação Internacional de Triatlo (ITU, na sigla em inglês). Gwen Jorgensen não fez diferente no Rio de Janeiro: manteve-se no primeiro pelotão e terminou o percurso de 1,5km de natação, 40km de ciclismo e 10km de corrida em 1h58m46, dando aos Estados Unidos a vaga olímpica. "O percurso é muito interessante, com uma subida muito difícil. Adorei a vista, o mar, as montanhas. Foi realmente muito bom ", disse.
As vagas não são concedidas aos atletas e sim aos Comitês Olímpicos Nacionais que, junto com as Federações Nacionais, são responsáveis pela seleção das equipes para as os Jogos. Cada país adota um critério. A Grã-Bretanha ocupou os outros dois lugares no pódio, garantindo duas vagas para 2016. Em segundo lugar, ficou Non Stanford (1h59m05), e a medalha de bronze foi conquistada por Vicky Holland (1h59m27).
"Eu já sabia que teria o mar, uma subida difícil, mas é diferente se você passa pela experiência e sabe o que tem que melhorar para o próximo ano. O calor é suportável e até havia áreas de sombras no percurso de bicicleta. Eu queria estar no pódio e consegui. É um grande passo para estar aqui no ano que vem", comemorou Holland.
A brasileira mais bem colocada na prova foi Pâmella Oliveira, com o 15º lugar. Ela foi a segunda a sair do mar e fez um bom percurso de ciclismo, o que ajudou a atleta na corrida, sua modalidade mais frágil. "Como eu esperava, foi uma prova muito dura, com as melhores atletas do mundo. O calor pra mim é muito bom, estou acostumada. Gostei do meu desempenho, não entrei na prova no meu 100%, mas tentei ser o mais inteligente possível na bicicleta para aguentar firme a corrida, que é meu ponto fraco. Gostei do meu resultado e daqui a um ano vai ser muito melhor", avaliou.
Para Beatriz Neres (50a na prova), outra brasileira na disputa, o "fator casa" foi o mais marcante. "Cada volta era uma emoção por escutar a sua língua. A gente compete no mundo todo e escuta só inglês, aqui eu vibrava com a galera. A energia é outra. Foi emocionante. A única vontade que eu tenho é estar aqui de novo em 2016", disse.
O Brasil tem direito a uma vaga em cada gênero por ser sede, mas outras podem ser conquistadas pelo ranking de classificação olímpica, que dará 39 vagas nos Jogos para o feminino e também para o masculino.
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Prova masculina
Entre os homens, que largaram às 12h30, o espanhol Javier Gómez Noya, primeiro lugar no ranking mundial, foi o vencedor. Ele se manteve os primeiros na natação e no ciclismo, mas assumiu a ponta, de fato, somente na corrida.
"O circuito, do ponto de vista técnico é muito duro, exige muito dos participantes. O calor e a umidade terminam de dificultar e chegamos todos muito cansados nos últimos 10 km. Tive um ótimo dia e tomara que isso se repita no ano que vem", disse o atleta que terminou a prova em 1h48m26. Em segundo lugar, ficou o francês Vincent Luis (1h48m40), seguido pelo sul-africano Richard Murray (1h49m01)
"Eu precisava estar entre os três melhores e eu consegui. Eu conheci o circuito e agora é hora de treinar para o ano que vem. Como eu me chamo Luis, já que meu pai é português, as pessoas sabiam dizer o meu nome e isso foi muito legal durante a prova", contou o francês.
Entre os brasileiros, Diogo Sclebin teve uma queda durante o ciclismo que acabou envolvendo o compatriota Manoel Messias. O primeiro tentou continuar a prova, enquanto o segundo teve que abandonar o percurso. Mas Sclebin foi alcançado pelo primeiro pelotão, o que acarreta desclassificação. O mesmo ocorreu com Conceição Cavanha. O brasileiro mais bem colocado foi Danilo Pimentel (32º ).
"O circuito foi bem duro no ciclismo, uma natação de força, que desgastou muito, a corrida foi muito quente, mas o público empurrou bastante e isso foi um fator decisivo para mim. Quando eu estava ali sofrendo, tinha aquele empurrãozinho. Eu estou feliz e senti que evoluí muito nas últimas semanas. Espero continuar assim porque eu quero muito esta vaga olímpica", disse Danilo.
Buracos
Alguns competidores disseram que o asfalto poderia estar melhor em alguns pontos da prova. Foi o caso de Richard Murray, o terceiro colocado, e do português João Silva (9º lugar). "É um percurso bastante interessante e o objetivo está feito, que era estar aqui e experimentar a bicicleta e fazer uma natação forte. Não achei a água poluída, já nadei em águas muito piores, dava pra ver quem estava na frente. O asfalto poderia melhorar mais, até para ter mais qualidade visual e ajudar no trânsito na cidade", comentou Silva.
O secretário de Transportes do município, Rafael Picciani, falou sobre o assunto ao final da prova: "foi importante a gente avaliar isso, o evento-teste serve pra esse tipo de ajuste, para que a gente possa identificar pontos a serem melhorados para o ano que vem. Não ocorreu nenhum prejuízo ao resultado por conta dessas questões, mas é sempre importante identificar os pontos a serem aprimorados".
Sobre o evento como um todo, Picciani destacou a integração entre as equipes que atuaram no local. "Tanto os cariocas quanto quem nos visita começaram de fato a incorporar o espírito olímpico. Para nós do poder público, e também para o Comitê, foi fundamental esse primeiro teste de trabalho integrado, para alinhar todos os órgãos que atuam nas ruas da cidade, como as equipes de conservação, de limpeza, a Guarda Municipal. Isso tudo foi muito importante para alinhar todo o protocolo de atuação, afinal, no ano que vem, teremos este evento e muitos outros acontecendo ao mesmo tempo", disse.
Espectadores
Nas ruas, as impressões passadas pelo público à reportagem do brasil2016.gov.br foram positivas em sua maioria. Alguns cariocas reclamaram dos transtornos acarretados pelas dificuldades de travessia no local da prova, mas os pontos mais citados foram a boa vontade e disposição dos voluntários e a possibilidade de acompanhar de perto um evento com vários atletas de alto nível.
A família de Letícia Abaurre, arquiteta, costuma pedalar em Ipanema, mas veio até Copacabana para poder acompanhar o evento-teste. Para Letícia, é muito emocionante poder andar de bicicleta com a família e ter atletas logo ao lado, lutando por vagas olímpicas. "É emocionante saber que eles ralam muito e estamos aqui do lado deles podendo acompanhar este momento", disse.
"Isso dá uma inspiração para ter uma vida mais saudável, mais ativa. Já estou acostumada com os eventos que ocorrem aqui em Copacabana. Acho ótimo sair de casa e dar de cara com pessoas de diferentes lugares do mundo e praticando diferentes atividades físicas", disse a médica Tamara Donatelli, que estava acompanhada do marido Derek e do filho Lucas (foto acima).
Avaliação do Comitê Rio 2016
O diretor de Instalações do Comitê Rio 2016, Gustavo Nascimento, informou que todos os testes necessários foram realizados com sucesso. "A gente só termina amanhã, temos que sair da rua e só depois fazer a avaliação completa. Mas hoje a gente pode dizer que foi tudo muito bem. Testamos tudo que precisávamos: a área de competição, o sistema de resultados. Temos uma grande vantagem de ter a cidade, o governo estadual e o governo federal do nosso lado e de fato a gente está funcionando com um time. Os voluntários nos ajudam muito a fazer o evento acontecer. O nível de engajamento foi altíssimo e isso também foi muito importante" ressaltou.
Carol Delmazo - brasil2016.gov.br