Triatlo paralímpico
Rio de Janeiro
Evento-teste de paratriatlo é aprovado por atletas, público e Comitê Rio 2016
Neste sábado de muito sol em Copacabana – com temperaturas que chegaram aos 31ºC, segundo o Climatempo –, sessenta atletas de quinze países experimentaram o percurso da estreia do triatlo nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. A etapa do Rio de Janeiro do Circuito Mundial de Paratriatlo, evento-teste para o megaevento do ano que vem, foi bem avaliada pelos participantes das provas e pelo público. Os testes principais do Comitê Rio 2016 – equipe técnica, montagem das estruturas, ação dos voluntários, entre outros na área de competição, o sistema de resultados e o trabalho de locutores – também ocorreram de forma tranquila.
“Primeiro, não poderíamos ter um dia mais bonito. A qualidade da água estava essencial para nadar. A gente conseguiu simular tudo que a gente precisava, como a retirada dos atletas da água, que era um ponto crucial especialmente por ser um esporte paralímpico. Precisamos fazer alguns ajustes na área de transição, mas isso é normal em evento-teste. Na parte técnica, especificamente, a prova foi muito legal. A ITU (siga em inglês para a Federação Internacional) já se manifestou pra gente internamente e disse que ficou bem satisfeita”, disse o diretor de Esportes do Comitê Rio 2016, Rodrigo Garcia.
» Cinco países garantem vaga nos Jogos Rio 2016 no evento-teste de triatlo em Copacabana
Avaliação dos competidores
A primeira largada, às 9h30, foi para as classes paralímpicas PT2 e PT4 masculino e feminino. Após nadar os 750m na praia de Copacabana, eles passaram pela área de transição para o ciclismo e tiveram uma recepção calorosa do público, que batia palmas e incentivava os atletas independentemente da nacionalidade.
Após três voltas de ciclismo que totalizam 20km e os outros cinco quilômetros de corrida, o primeiro a cruzar a linha de chegada foi o alemão Martin Schulz (classe PT4), em 59m11s. O sal de uma competição de natação em águas abertas e a alta temperatura foram os grandes desafios para o alemão e, por isso mesmo, a prova foi tão importante. “Eu tenho que me preparar especificamente para essas questões no ano que vem. A organização foi boa e o Rio é uma cidade muito bonita”, disse.
Para o segundo colocado na mesma prova, o canadense Stefan Daniel, a população que assistia à competição fez a diferença.“Este percurso é incrível e eu estou muito feliz com a prova hoje. Foi minha primeira (prova) no mar e foi interessante. O público foi um grande impulso para mim, no final estava doendo, foi difícil, e eles que me levaram adiante”, contou.
A opinião dele é compartilhada pela vencedora da prova feminina da classe PT4, a britânica Lauren Steadman. “É uma atmosfera fantástica, muito vibrante, acho que não teria um lugar melhor para a estreia do triatlo nos Jogos Paralímpicos. Foi muito importante conhecer o percurso”, disse.
A brasileira Tamiris Hintz, de 15 anos, sexto lugar na PT4, fez uma prova que rendeu muitos aprendizados. “Eu saí tremendo da natação e, pela força que eu fiz, tive dificuldades na transição. Vou treinar isso, além de outras coisas para melhorar. O percurso é ótimo, só senti falta de um pouco mais de hidratação em algumas partes”, disse.
Isso foi percebido pelo Comitê Rio 2016. “Da nossa operação, sempre tem que melhorar algo. O dia estava mais quente do que a gente esperava, então temos que aumentar as quantidades de gelo e água. É normal, é um teste. E, pelo que a gente recebeu de feedback da área médica, foi tudo tranquilo. Um atleta se acidentou no ciclismo. A gente tem um hospital de referência, a ambulância já leva, tudo sem problemas. Ainda não tenho números finais, mas pelo menos dois atletas precisaram de um atendimento maior”, disse Rodrigo Garcia.
Favoritismo confirmado
No período da tarde, foi a vez das largadas das demais classes (PT1, PT3 e PT5). Entre os cadeirantes (PT 1), o favoritismo do tetracampeão mundial Bill Chaffey foi confirmado.
“Eu realmente queria conhecer este percurso antes dos Jogos. A organização foi excelente, provavelmente o melhor evento dos últimos tempos em que estive. O paratriatlo não foi tratado como evento secundário. Isso é gratificante”, disse. O australiano cruzou a linha de chegada em 59m41s.
O brasileiro Fernando Aranha, 7º lugar na mesma prova, também gostou da competição. “O meu objetivo aqui era conseguir pontuação e acho que fui bem, mas o mais importante de um evento como este é aproximar a comunidade dos atletas e do esporte, colocam todos no mesmo ambiente”, explicou.
Os atletas da PT1 são exemplos de competidores que precisam dos auxiliadores na saída do mar para chegar ao deck de transição. O professor Gerônimo Dantas foi um dos voluntários para a função e teve uma experiência que considerou inesquecível. “Eles (atletas) nos passam uma sensação de agradecimento permanente, mesmo com a barreira do idioma. Eles confiam na gente e passam uma energia muito positiva. É como se a gente estivesse competindo”, contou.
Experiência do público
Os transtornos provocados pelas alterações no trânsito de Copacabana são pequenos perto da satisfação em acompanhar uma competição esportiva como a deste sábado, de acordo com dezenas de espectadores ouvidos pela reportagem do brasil2016.gov.br. Entre eles, estão Josilene de Freitas, auxiliar de serviços gerais, e a filha Juliana, de 11 anos.“É muito legal acompanhar, fazer parte disso. É um teste importante para a cidade e é muito bom ver tantos atletas de fora aqui, de perto”, disse Josilene. “Ver um pouquinho do que vai acontecer na Olimpíada e na Paralimpíada é o mais interessante pra mim. Fiz questão de estar aqui”, completou Juliana.
Na torcida pelo brasileiro André Barbieri, que terminou em sexto na classe PT 2, estavam os irmãos Caio e Ian Vaz, acompanhados pela mãe, Kátia Gebara. Os três estavam empolgados com o evento, mas criticaram o fato de não conseguirem ver a chegada dos atletas, o que ficou difícil para quem estava do calçadão. "O pessoal que está envolvido no evento é supereducado, alto-astral. Só ia ser melhor se as pessoas pudessem assistir à chegada", ponderou Kátia Gebara.
O ponto levantado pelos três e por outros espectadores foi levado em conta pela organização do evento e mudanças estão previstas já para o domingo (02.08). “Para amanhã, a gente já vai tentar buscar uma alternativa um pouco diferente, trazendo o público um pouco mais próximo. Aqui estamos usando uma estrutura menor do que a que vamos usar nos Jogos. Vamos ver como vai ser amanhã e, em cima disso, a gente melhora nosso plano para 2016”, explicou Rodrigo Garcia.
Neste domingo (02.08), os testes continuam no Evento Qualificatório de Triatlo, que dará três vagas olímpicas em cada gênero para 2016. São esperados cerca de 150 atletas de 25 países.
Carol Delmazo, brasil2016.gov.br