Judô
Baku 2018
No primeiro dia do Mundial de Judô de Baku, Brasil é 7º com Eric Takabatake
O Brasil passou perto de brigar por medalha no primeiro dia de competições do Campeonato Mundial de Judô de Baku. Evento mais importante na temporada 2018 do circuito internacional, o torneio reúne 758 atletas, de 125 países, na capital do Azerbaijão.
Nesta quinta-feira (20.09), 111 judocas da categoria ligeiro entraram no tatame do National Gymnastic Arena: 43 na disputa da chave feminina (-48kg) e 68 na chave masculina (-60kg). O Brasil foi representado por Gabriela Chibana, Eric Takabatake e Phelipe Pelim.
"Eu fiz boas lutas, mas as que perdi são lutas que acho que dava para ganhar. Isso é o que incomoda mais"
Eric Takabatake
Do trio, Eric, 12º do ranking mundial, foi quem mais avançou. O brasileiro chegou à repescagem e ficou a uma vitória da disputa do bronze. Ele terminou o torneio em sétimo lugar, sua melhor participação em Mundiais.
"Eu fiz boas lutas, mas as que perdi, não vou dizer que foi de bobeira, porque não gosto de tirar o mérito de adversário algum, mas são lutas que acho que dava para ganhar. Isso é o que incomoda mais", avaliou Eric Takabatake.
A caminhada de Eric e dos demais brasileiros começou pela manhã em Baku (madrugada no Brasil). Takabatake realizou quatro lutas até chegar à repescagem. Na estreia, enfrentou o chinês Yi Shang, 72º do mundo, em uma disputa marcada por reviravolta da arbitragem.
Inicialmente, o árbitro havia dado um wazari para o chinês. Contudo, depois de mais de 30 segundos com a pontuação dando a vantagem para o rival no placar, o árbitro, após consultar os assistentes, reverteu a marcação e deu o wazari para o brasileiro, o que assegurou a vitória de Eric.
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Na rodada seguinte, Takabatake enfrentou o belga Jorre Belverstraeten, 48º do ranking mundial, a quem venceu por ippon. Ele repetiu o resultado diante de Gusman Kyrgyzbayev, do Cazaquistão, e avançou às quartas de final, onde encontrou o georgiano Amiran Papinashvili, número 3 do mundo.
O rival superou o brasileiro por um wazari, o que levou Eric para a repescagem diante do sul-coreano Harim Lee, luta que selou sua participação no Mundial de Baku. "Eu acabei tomando um wazari no início da luta, o que mudou tudo", avaliou Eric. "Tive que ir para cima e ele ficou se defendendo bastante de uma maneira que não tinha como receber punição. Sabia que seria uma luta difícil".
Outras lutas do Brasil
Gabriela Chibana foi a primeira brasileira a defender o país no Azerbaijão. Número 26 do ranking mundial, a judoca enfrentou a sul-africana Geronay Whitebooi, 59ª do mundo. Gabriela venceu por ippon após um segundo wazari e avançou na chave para enfrentar a 7ª do ranking mundial e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, a judoca Otgontsetseg Galbadrakh. Nascida na Mongólia, ela defende o Cazaquistão.
"Foi meu primeiro Mundial adulto, mas queria mais. A gente nunca está satisfeita. Agora é consertar, ver o que errei. Eu não quero mais errar desse jeito"
Gabriela Chibana, judoca
Gabriela Chibana não se intimidou no início do duelo. A brasileira encaixou um wazari logo no início da luta, mas, depois disso, não conseguiu administrar a vantagem. Sofreu três shidos (como são chamadas as punições) em menos de um minuto e acabou eliminada. "Foi meu primeiro Mundial adulto, mas queria mais. A gente nunca está satisfeita. Agora é consertar, ver o que errei. Não quero mais errar desse jeito", disse Gabriela, 25 anos.
O outro brasileiro da categoria ligeiro, Phelipe Pelim, fez apenas uma luta. Décimo oitavo no ranking mundial, Pelim não deu sorte na chave e enfrentou um rival forte na estreia, o espanhol Francisco Garrigos, quinto do ranking. Ele acabou derrotado após três shidos. "Fui pensando em fazer um estilo de pegada e acabou não dando certo. Ele acabou ficando com uma pegada um pouco melhor e não consegui sair da situação. Parece que passou tudo muito rápido. Treinei muito para isso e, infelizmente, não consegui", lamentou Pelim.
Ao fim do primeiro dia, a técnica da seleção brasileira masculina, a japonesa Yuko Fujii, fez uma avaliação do desempenho do país no peso ligeiro. "Phelipe Pelim infelizmente perdeu na primeira luta. Já o Eric Takabatake fez boas lutas para chegar no bloco final. Infelizmente não foi bem na fase decisiva. Não vou dizer que poderia ter feito melhor. Eu aceito. A gente viu onde a gente está e agora vamos levar isso para casa para melhorar cada vez mais. Ainda temos atletas lutando amanhã e nos outros dias, então não podemos abaixar a cabeça. Vamos pra frente".
Yuko é a primeira japonesa no comando do time principal masculino do Brasil e também falou sobre a responsabilidade de liderar uma equipe tão vitoriosa em um Campeonato Mundial. "Hoje estou tranquila. Ontem e anteontem estava mais nervosa. Hoje, quando entrei no ginásio, conversei bem com os atletas para alinhar o plano de luta. Sempre tentei ajudar e dar suporte para os atletas. Minha cabeça é bem definida. Eu sei o que tenho que fazer aqui. Daqui para frente não vou mudar nada, vou manter minha postura e sempre dar suporte aos atletas", afirmou a treinadora.
Próximos desafios
Nesta sexta-feira (21.09), os atletas da categoria meio-leve (-66kg para os homens e -52kg para as mulheres) disputam as medalhas no Mundial de Baku. No total, 120 judocas lutam nas duas chaves: 45 no feminino e 75 no masculino.
O Brasil terá quatro representantes no páreo, com Daniel Cargnin, Charles Chibana (primo de Gabriela Chibana), Érika Miranda e Jéssica Pereira. A maior expectativa é em torno de Érika Miranda, que depois de quatro pódios em Mundiais (prata no Rio 2013 e bronze em Chelyabinsk 2014, Astana 2015 e Budapeste 2017) busca sua medalha dourada na competição.
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Quarta do ranking mundial e cabeça de chave em Baku, Érika não luta a primeira rodada e aguarda a vencedora do duelo entre Djamila Silva, de Cabo Verde, e Katri Kakko, da Finlândia, para saber quem será sua rival na estreia.
Nos outros confrontos, Daniel Cargnin, 12º do ranking mundial, enfrenta Petar Zadro, da Bósnia Herzegovina; Charles Chibana, 18º do mundo, duela com Alberto Gaitero Martin, da Espanha; e Jéssica Pereira, número 7 do ranking mundial, que também entrou de bye (não luta a primeira rodada), espera a vencedora do confronto entre Emoke Hunknetig, da Hungria, e Thuy Nguyen, do Vietnã.
História nos tatames de Baku
O Campeonato Mundial de Baku foi palco, nesta quinta-feira, de um momento histórico. Aos 17 anos e 345 dias, a ucraniana Daria Bilodid se tornou a mais jovem campeã mundial de todos os tempos. Antes dela, a mais jovem a ostentar o título era a japonesa Ryoko Tani (18 anos e 27 dias), seguida pelo cubano Yanet Bermoy Acosta (18 anos e 105 dias) e pelo francês Teddy Riner (18 anos e 159 dias).
"Talvez eu tenha desejado muito e eu consegui. Eu ainda não consigo compreender. Para mim é inacreditável. Talvez amanhã eu acorde e consiga entender, mas agora eu não entendo"
Daria Bilodid, a mais jovem campeã mundial da história, com 17 anos e 345 dias
No caminho rumo ao título, Daria derrotou a atual campeã olímpica na semifinal, a argentina Paula Pareto, e, na decisão, passou pela japonesa Funa Tonaki, quarta do mundo, para escrever seu nome na galeria dos atletas que protagonizaram feitos incríveis nos tatames.
Daria é um fenômeno em ascensão. Ela está invicta desde o Mundial adulto de 2017, em Budapeste, quando caiu na terceira rodada. Desde então, conquistou sete títulos seguidos (todos na categoria adulta), tendo acumulado 30 vitórias em sequência.
Indagada sobre o que é preciso para ser uma campeã mundial aos 17 anos, Daria parecia não acreditar em seu próprio feito. "Eu não sei. Eu trabalhei muito para vencer, para este ano foi meu objetivo principal. Talvez tenha desejado muito e consegui. Eu ainda não consigo compreender. Para mim é inacreditável. Talvez amanhã eu acorde e consiga avaliar, mas agora eu não entendo", afirmou, emocionada.
No ano que vem, Daria competirá no Mundial com um back number vermelho no quimono, honraria concedida apenas aos atuais campeões mundiais. "Eu queria muito esse back number vermelho e consegui", finalizou. As medalhas de bronze ficaram com Paula Pareto e Otgontsetseg Galbadrakh.
No masculino, o ouro ficou com o japonês Naohisa Takato, que venceu o russo Robert Mshvidobadze na final. O japonês Ryuju Nagayama e o georgiano Amiran Papinashvil ficaram com o bronze.
Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior
1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)
1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)
1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)
1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)
1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)
1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)
1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)
2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)
2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)
2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)
2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)
2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br