Judô
Baku 2018
Sorteio de chaves define o caminho dos brasileiros no Mundial de Judô
Nos tatames, as lutas no Mundial de Judô de Baku só têm início nesta quinta-feira (20.09), quando a disputa da categoria ligeiro (-48kg para as mulheres e -60kg para os homens) abre o primeiro dia da competição. Mas, tanto para atletas quanto para os técnicos, o torneio teve início de fato com o sorteio das chaves. Quando o evento terminou, no Hotel Hilton, às margens do Mar Cáspio na capital do Azerbaijão, os atletas já conheciam os rivais e os possíveis caminhos e desafios.
Na categoria ligeiro, 43 mulheres tentam o pódio. Entre os homens, são 68 concorrentes. O Brasil terá três representantes. No feminino, Gabriela Chibana, 26ª do ranking mundial, estreia contra Geronay Whitebooi, da África do Sul. Se vencer, a adversária será Otgontsetseg Galbadrakh, do Cazaquistão, sétima do ranking mundial, que foi bronze no Grand Prix de Zabreb, campeã do Aberto da Europa, disputado em Minsk, e terceira no Aberto de Madri.
"Ela (Gabriela Chibana) pegou uma chave razoável. A primeira luta eu acredito que ela passa e na segunda ela encontra uma atleta do Cazaquistão, que é muito forte e bem ranqueada. Essa luta vai ser muito dura"
Mario Tsutsui, técnico da seleção feminina
Tradicionalmente, os atletas da seleção não dão entrevistas na véspera da estreia. Mas Mario Tsutsui, técnico da seleção feminina, fez uma análise do caminho de Gabriela Chibana.
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"Ela pegou uma chave razoável, mas também dura. A primeira luta eu acredito que ela passa e na segunda encontra uma atleta do Cazaquistão, que na verdade é uma atleta da Mongólia, muito forte e bem ranqueada. Vai ser duro. A gente espera que ela possa passar e, passando, abra o caminho", avalia o treinador.
No masculino, o Brasil terá dois atletas na chave do ligeiro: Eric Takabatake, 12º do ranking mundial, e Phelipe Pelim, 18º. O primeiro enfrenta o chinês Yi Shang, número 72º. Phelipe encara o espanhol Francisco Garrigos, 5º do mundo.
"A gente caiu em uma chave boa, mas é competição forte. Então, qualquer lugar é duro. Mas estamos preparados e já estávamos esperando isso. O Pelim vai lutar com um espanhol que conhece bem. A gente já treinou bastante com ele. O adversário do Eric a gente não conhece. Talvez, quando vir o vídeo, eu me lembre, mas de nome não recordo", diz Yuko Fujii, técnica da seleção masculina, referindo-se ao chinês.
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"A gente caiu em uma chave boa. O Pelim vai lutar com um espanhol que ele conhece bem. A gente já treinou bastante com ele. O adversário do Eric a gente não conhece"
Yuko Fujii, técnica da seleção masculina
Números do Mundial
O Campeonato Mundial de Baku reúne 758 atletas, de 125 países. Desses, 460 disputam a chave masculina e 298, a feminina. Das 14 categorias em disputa, a -57kg, da campeã olímpica Rafaela Silva, é a que tem mais atletas no feminino: 57. Entre os homens, a categoria mais disputada é a -73kg, sem brasileiros no páreo, com 82 judocas.
Riner não luta, mas está em Baku
Maior estrela da história do judô, o francês Teddy Riner, dono de 10 títulos mundiais e bicampeão olímpico (Londres 2012 e Rio 2016), decidiu tirar uma folga das competições e não luta em Baku. O super campeão, entretanto, está na capital do Azerbaijão e participou da cerimônia do sorteio das chaves.
Riner, que é presidente da Comissão de Atletas da Federação Internacional de Judô (IJF, na sigla em inglês), acompanhará o Mundial das arquibancadas e brincou sobre isso. "Dessa vez estou aqui sem pressão".
Sem Teddy no páreo, a expectativa na categoria pesado (+100kg) é para saber quem será o novo campeão mundial, já que o fenômeno Riner está invicto desde 2010. Indagado sobre quem são, para ele, os favoritos a ocupar seu posto, o francês colocou o brasileiro David Moura, com quem fez a final do Mundial de 2017, disputado em Budapeste, em sua lista.
"É difícil fazer previsões, mas acho que o Krpalek (Lukaš Krpalek, da República Tcheca, 3º do ranking mundial), os japoneses (Hisayoshi Harasawa e Yusei Ogawa) e o David Moura são nomes fortes. Eles devem estar no pódio, só não sei em qual ordem", opinou Riner.
Investimentos no judô
O judô brasileiro conta atualmente com mais de 300 atletas beneficiados pela Bolsa Atleta, entre judocas olímpicos e paralímpicos. Outros 18 recebem a Bolsa Pódio, categoria mais alta do benefício. Desses, Beatriz Souza, Charles Chibana, Daniel Cargnin, David Moura, Eduardo Yudy, Eric Takabatake, Érika Miranda, Jéssica Pereira, Ketleyn Quadros, Maria Portela, Maria Suelen Altheman, Mayra Aguiar, Phelipe Pelim, Rafael Macedo, Rafael Silva "Baby", Rafaela Silva, Tamires Crude e Victor Penalber estão em Baku para o Mundial. O investimento total nos atletas que defendem o país no Mundial do Azerbaijão é de R$ 2.278,200,00.
Os Jogos Rio 2016 deixaram um importante legado para a modalidade: o Centro Pan-Americano de Judô (CPJ). Construído em Lauro de Freitas (BA) e inaugurado em julho de 2014, em meio à preparação do país para o megaevento na capital fluminense, o CPJ recebeu investimento de R$ 43,2 milhões, sendo R$ 19,8 milhões do Ministério do Esporte. O CPJ é o maior centro de treinamento de judô das Américas e um dos maiores do mundo na modalidade.
Outra fonte de recursos para o judô são os convênios. Em 2018, o Ministério do Esporte firmou parceria com a Prefeitura Municipal de Bastos (SP) para formação e preparação das seleções de base do município. O convênio tem vigência até 20 de junho de 2019 e o investimento da pasta é de R$ 680.300,00.
Entre 2010 e 2014, foram celebrados oito convênios com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que somaram R$ 25,4 milhões. Os recursos foram destinados à aquisição de equipamentos para o aprimoramento da modalidade visando às Olimpíadas Rio 2016. Eles serviram ainda para a preparação das seleções de base das seleções brasileiras das classes sub-18 e sub-21 entre 2014 e 2015, por meio da participação em eventos locais, regionais, nacionais e internacionais, tendo como objetivo alcançar melhores resultados e promover a elevação do nível técnico dos atletas envolvidos. Os convênios também ajudaram na contratação de comissão técnica permanente para a seleção olímpica.
Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior
1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)
1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)
1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)
1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)
1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)
1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)
1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)
2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)
2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)
2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)
2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)
2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br