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Ginastica artística

18/04/2016 20h24

EVENTO-TESTE

Rebeca Andrade esquece lesão e saudades: “Quero uma medalha no individual geral”

Ginasta de 16 anos deixou a família de sete irmãos ainda criança. Recuperada do joelho, ela sonha com o pódio olímpico em agosto

Na edição do Troféu Brasil de 2012, ela superou as experientes ginastas Daniele Hypolito e Jade Barbosa. “Elas são estrelas! Eu fiquei muito feliz. Quando eu liguei para a minha mãe, ela não acreditou, falava que eu estava mentindo. Depois ela começou a chorar. Eu tinha 12 anos, era um bebê!”, relembra a carismática Rebeca Andrade. 

Hoje, aos 16, a atleta já viveu mais experiências do que a pouca idade parece comportar. Depois de conquistar um bronze nas paralelas assimétricas durante a Copa do Mundo de Ljubljana, na Escócia, e uma prata no salto na etapa de São Paulo, em 2015, Rebeca viu a evolução na carreira ser interrompida por uma lesão: o rompimento no ligamento cruzado anterior do joelho direito a deixaria oito meses afastada do esporte. Assim, ela ficou de fora dos Jogos Pan-Americanos de Toronto e do Mundial de Glasgow, ambas as competições disputadas no ano passado.

Rebeca Andrade. Foto: Miriam Jeske/Brasil2016.gov.br

Recuperada e voltando, aos poucos, a competir nos aparelhos – o solo ainda não foi testado em torneios após a cirurgia –, a brasileira faturou nesta segunda-feira (18.4) a medalha de bronze na final das paralelas assimétricas durante o evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos. No último domingo, Rebeca já havia sido imprescindível na conquista da vaga para a equipe feminina do Brasil.

Ainda em festa pelos resultados, a atleta comemora a retomada da confiança. “Você começa a acreditar em você mesma. Por alguns momentos eu achava que não ia conseguir voltar, e, agora, estou aqui, ajudei a minha equipe. Saber que eu posso superar a dor e essas coisas é muito bom”, comenta a jovem, apontada por Georgette Vidor, coordenadora da seleção feminina, como uma das bases da equipe para as Olimpíadas.

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“Isso representa o meu esforço. São 13 anos de ginástica e não é fácil. É muito bom saber que pessoas superiores a você querem que você ajude a equipe e fique na seleção”, analisa, sem esconder a alegria. Agora Rebeca pretende aumentar o grau de dificuldade em todas as suas séries para a estreia olímpica. “Eu sei que posso colocar mais dificuldades. Se um dia estiver ruim, posso voltar para a série antiga e já estarei firme nela”, pondera.

Toda dedicação tem um objetivo já definido. “Eu quero uma medalha no individual geral, não importa o lugar. Eu treino muito para isso”, afirma. “Ah, e também quero uma medalha na paralela porque estou me esforçando muito, mas o individual geral é meu objetivo”, acrescenta. 

Rebeca Andrade, no evento-teste da ginástica artística para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Fotos: Miriam Jeske/Brasil2016.gov.br

Apoio familiar

Sempre sorridente, o rosto de Rebeca adquire um novo aspecto ao falar da família. São sete irmãos, praticamente todos envolvidos em alguma atividade esportiva – os três mais novos também já estão na ginástica. “E minha mãe, quando era pequena, também era bem espoleta. Acho que por isso que eu nasci assim!”, diverte-se a jovem atleta, que precisou aprender ainda aos 10 anos a viver longe de casa e a lidar com as saudades.

“Eu não tinha muita coisa, muito bem material, mas eu sempre tive muito amor. Minha família sempre foi muito unida”, conta. Nascida em uma família humilde, em Guarulhos (SP), e contemplada com a Bolsa Pódio do governo federal, foi em casa que ela aprendeu os princípios que leva para qualquer lugar do mundo por onde passar. 

“É como minha mãe fala: se um dia eu tiver muito dinheiro e ele acabar, a gente sabe que vai dar um jeito porque eu nunca fui rica e sei ser uma pessoa boa. Eu nunca passaria por cima de ninguém para alcançar meus objetivos”, assegura. “A gente conquista isso com esforço, dedicação, suor. Foi isso que eu sempre aprendi com a minha mãe, ela é uma pessoa muito boa e a minha inspiração”, reconhece, emocionada.

Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br