Judô
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Victor Penalber: do alívio da medalha no Mundial ao sonho do pódio olímpico
Um alívio. É assim que Victor Penalber define a conquista da medalha de bronze no Mundial de Astana, em agosto do ano passado. Faltando um ano para os Jogos Olímpicos, foi a primeira vez que o judoca subiu ao pódio da competição. Até então, seus títulos vinham sobretudo de Grand Slams e de torneios pan-americanos, além do bronze nos Jogos de Toronto, em 2015. O carioca, contudo, crescia nitidamente. Deixou para trás o nono lugar no Mundial do Rio, em 2013, e o sétimo no de Chelyabinsk, em 2014, para alcançar no Cazaquistão a medalha que daria mais impulso ao sonho da estreia olímpica.
"No início do ciclo, eu cheguei a liderar o ranking muito rápido, tive um Mundial em casa. Tudo aconteceu rápido, mas a medalha não vinha", relembra. Com um sorriso largo ao falar sobre o objetivo atingido, Penalber entende hoje a importância de ter subido ao pódio na última edição do Mundial antes do Rio 2016. "Isso dá um pouco mais de certeza e de confiança para entrar no tatame e brigar pelas medalhas. Tirou um pouco do peso de não ter um pódio em um grande campeonato e saber que eu tenho capacidade de lutar em grandes torneios", analisa.
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Qualquer peso ou cobrança que o atleta possa sentir é compreensível. Penalber entrou para a seleção brasileira ocupando o lugar do duas vezes medalhista olímpico Leandro Guilheiro (bronze em Atenas-2004 e Pequim-2008), que sofreu com uma sequência de lesões e acabou perdendo espaço nos torneios e na contagem de pontos do ranking. O veterano chegou a competir em Astana, mas caiu nas oitavas de final. Ao término do período de classificação, Penalber levou a vaga como o sétimo melhor da categoria, enquanto Guilheiro ficou em 66º lugar.
Com o caminho aberto para o novato, Penalber tem o brilho nos olhos de quem não consegue esconder o encantamento pela participação nos Jogos Olímpicos. "Esperei por esse momento a vida toda. Desde criança penso em lutar as Olimpíadas e chegou a hora. Não penso em mais nada, só em entrar no tatame e dar o melhor de mim", afirma.
Enquanto aguarda a mudança para a Vila Olímpica, no próximo domingo (7), e o grande dia da competição do meio médio, na terça-feira (9), o atleta está concentrado com a seleção brasileira em Mangaratiba, a 100km do Rio. Apesar de já ter passado por diversos treinamentos de campo com a equipe, ele sabe que, desta vez, não é a mesma coisa.
"O sentimento e o clima são diferentes. Muitas coisas não tem como explicar. Essa expectativa é um momento que eu gosto de viver, uma pressão até certo ponto, uma pressão gostosa que existe porque a gente tem capacidade de chegar lá", acredita. "Então tomara que tenha bastante pressão porque estou acreditando muito que vou fazer uma boa participação nos Jogos Olímpicos", acrescenta.
De fato, apesar de estreante nos Jogos, Penalber é comumente apontado como potencial de pódio para o Brasil nos próximos dias. Classificado como o sétimo do mundo, o brasileiro chega como cabeça de chave da categoria. Em sorteio realizado nesta quinta-feira (4), ficou definido que seu primeiro confronto será contra Marlon Acacio, de Moçambique, número 77 na lista de classificação olímpica. Se a estreia tem tudo para ser mais tranquila, a segunda luta já promete ser árdua. O brasileiro pega o campeão do duelo entre Sergiu Toma, dos Emirados Árabes, décimo do ranking, e o alemão Sven Maresch, número 22.
Torcida da casa
Para lidar com toda expectativa que gira em torno dele, o judoca já sabe o que responder. "Eu falo 'torce bastante, vamos mandar boa energia'. Não dá para saber se a gente vai medalhar ou não, mas eu tenho certeza de que estou fazendo o treinamento da minha vida. Estou dando o melhor de mim a cada segundo, chegando à exaustão, ao cansaço em todo treinamento", garante.
Carioca, Victor Penalber, na realidade, nem precisa pedir por torcida. Não é de hoje que o atleta e seus amigos e familiares já estão sentindo a proximidade dos Jogos no Rio de Janeiro. "Eu moro muito perto do Parque Olímpico, então está todo mundo já vivendo o clima da Olimpíada. Eu sinto até pelas mensagens a ansiedade de todo mundo aumentando", conta, animado.
"É um momento muito gostoso, de ver todo mundo se abraçando em prol de um objetivo e eu sei que vou ser o representante de tudo isso. É chegar lá e fazer tudo que eu treinei minha vida toda. Passa um filmezinho na cabeça, pensando o quanto a gente suou, por quantas coisas a gente passou", comenta o judoca de 26 anos. "Bastante gente já mandou mensagem falando que comprou ingresso e que vai estar lá, desejando sorte, mandando boa energia e fazendo barulho. Tenho certeza de que tem uma galera bem animada que torce por mim. O pessoal vai fazer um barulho lá", diverte-se.
Uma das pessoas que já está com seu lugar garantido nas arquibancadas da Arena Carioca 2 no próximo dia 9 é Carlos Lapa, o Lapinha, professor do atleta quando Penalber tinha por volta de seus 11 anos, ainda na extinta Universidade Gama Filho. "O Victor sempre foi um garoto dedicado. O pai dele sempre incentivou, não deixava ele faltar treino. Eu me lembro que na época de férias eu ficava lá e, em sextas-feiras de janeiro, o Victor era o único garoto que não faltava", conta, rindo e rasgando elogios para o pupilo. "Sempre bom aluno, bom filho, um garoto educado, estudioso, inteligente."
Hoje atleta do polo de Jacarepaguá do Instituto Reação, onde treina com o sensei Geraldo Bernardes e a companheira Rafaela Silva, Victor Penalber colocará toda preparação à prova na próxima semana. O judô tem um bloco inicial de lutas sempre a partir das 10h. Os atletas que avançarem na disputa voltam ao tatame na parte da tarde, a partir das 15h30.
Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br