Judô
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O caminho para o pódio: definidas as chaves do judô nos Jogos Olímpicos
Nenhuma luta nos Jogos Olímpicos é fácil. Isso é o que os técnicos e dirigentes da seleção brasileira de judô mais fazem questão de enfatizar e repetir. Contudo, nesta quinta-feira (4.8), véspera da cerimônia de abertura do megaevento, foi desenhada a trilha que cada atleta terá de percorrer na disputa por uma medalha nos tatames da Arena Carioca 2. E a maior pedra no sapato caiu para Charles Chibana (-66kg), que logo na estreia enfrentará o japonês tricampeão mundial Masashi Ebinuma.
“É uma luta bem dura, mas ele está bem preparado e confiante. Vai ser uma luta bonita, franca e não dá para definir quem será vencedor”, pondera Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), acrescentando que a seleção anfitriã está pronta para enfrentar qualquer adversário. “A gente já esperava que seria um sorteio difícil. O que a gente trabalha com os atletas é para estarem bem treinados”, afirma o técnico Luiz Shinohara, contando ainda que os judocas do masculino, sem acesso à internet, só serão informados sobre o resultado das chaves amanhã (5).
O primeiro brasileiro a entrar em ação, já no sábado (6), será Felipe Kitadai (-60kg). Medalhista de bronze em Londres-2012, o atleta é cabeça de chave e, por isso, aguarda o campeão do confronto entre Simon Yacoub, da Palestina, e o francês Walide Khyar, classificado para os Jogos em 18º lugar do ranking mundial. “O Khyar é um atleta jovem, forte, mas tenho certeza de que o Kitadai tem condições de ultrapassá-lo”, avalia Ney Wilson.
Alex Pombo (-73kg) fará sua estreia nos Jogos Olímpicos contra o chinês Saiyinjirigala, enquanto Victor Penalber (-81kg), também cabeça de chave, encara Marlon Acacio, de Moçambique. Se passar, o carioca terá uma luta mais dura, contra Sergiu Toma, dos Emirados Árabes (10º do ranking) ou o alemão Sven Maresch (22º). Já o veterano Tiago Camilo (-90kg), em sua quarta participação olímpica, terá um duelo inicial com o sul-africano Zack Piontek (23º). Na categoria -100kg, Rafael Buzacarini enfrenta o uruguaio Pablo Aprahamian (100º). Na segunda rodada, pode encontrar o japonês campeão mundial Ryunosuke Haga (7º).
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Desafio para os pesados
Tanto no masculino quanto no feminino, os peso pesados brasileiros enfrentarão uma situação parecida: um duelo com os maiores rivais nas quartas de final. Rafael Silva, o Baby, estreia na competição contra Ramon Pileta (69º). Na segunda rodada já pode ter uma luta bem dura contra o russo Renat Saidov (13º). Se vencer, fará o terceiro confronto contra o temido francês Teddy Riner, líder do ranking mundial, atual campeão olímpico e oito vezes campeão mundial. “Isso já estava previsto. Não é uma chave fácil, mas a gente se preparou para enfrentar os mais difíceis”, assegura Ney Wilson.
Do lado das mulheres, Maria Suelen Altheman (+78kg) foi a que ficou com a situação mais complicada. A brasileira estreia contra a sul-coreana Minjeong Kim, décima do ranking de classificação olímpica. Se passar pelas duas primeiras rodadas, a peso pesado enfrentará a atual campeã olímpica e bicampeã mundial Idalys Ortiz, de Cuba, nas quartas de final.
Promessas a pagar
As demais atletas da seleção feminina terão estreias que, a princípio, podem ser mais fáceis. “Gostei do sorteio, tenho que pagar um monte de promessas”, brinca a técnica Rosicléia Campos, mas sem amenizar o tamanho da tarefa que as brasileiras terão pela frente. “O fato de ter caído num lugar menos ‘heavy metal’ não pode deixá-las numa zona de conforto. Tem sempre que encarar cada adversária como se fosse a última”, avisa.
A campeã olímpica Sarah Menezes, cabeça de chave na categoria -48kg, aguardará a romena Monica Ungureanu ou a belga Charline Van Snick, a mesma com quem disputou a semifinal em Londres. “Ela já conhece as duas e nós treinamos muito taticamente para lutar principalmente contra a belga”, conta Rosicleia. “A belga tem um estilo parecido com o boxe. Ela se pendura, coloca a perna na barriga, e a gente treinou isso. Já a romena é alta e passa a mão por cima. Nós usamos uma atleta mais alta para treinar isso com a Sarah. Estaremos preparadas para a que vier”, afirma a treinadora.
Érika Miranda (-52kg), também cabeça de chave, pode ter um caminho mais suave em busca de sua primeira medalha olímpica para consagrar o bom momento que vive, com medalhas em todos os mundiais do ciclo. A estreia será contra Hela Ayari, da Tunísia. Já Rafaela Silva (-57kg) terá um embate inicial com a alemã Miryam Roper. Se vencer, terá um desafio logo na segunda rodada contra a sul-coreana Jandi Kim, que aparece como vice-líder da categoria na listagem de classificação para os Jogos Olímpicos.
A primeira luta de Mariana Silva (-63kg) será contra Szandra Szogedi, de Gana. Em seguida, a brasileira enfrenta a alemã Martina Trajdos. Já Maria Portela (-70kg) luta contra Assmaa Niang, do Marrocos, antes de encarar Bernadette Graf, da Áustria, classificada para o Rio 2016 como a quarta melhor da categoria. Bronze em Londres-2012, Mayra Aguiar estreia contra a australiana Miranda Giambelli e, graças à alteração da atleta convocada pela Holanda, a brasileira agora só poderá encontrar a algoz norte-americana Kayla Harrison na final olímpica.
Número recorde
Segundo informações concedidas pela Federação Internacional de Judô (IJF, na sigla em inglês) durante o sorteio das chaves, esta será a edição olímpica com o maior número de atletas da modalidade na história dos Jogos Olímpicos. São 390 judocas, sendo 237 homens e 153 mulheres, de 136 países. As disputas terão início no próximo sábado (6), às 10h, na Arena Carioca 2.
Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br