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Judô

29/08/2019 05h41

Mundial de Judô 2019

Líder do ranking, Mayra chega a Tóquio com seis pódios em oito torneios recentes

Bicampeã, brasileira é cotada como uma das favoritas à medalha na categoria dos meio-pesados, nesta sexta. No masculino, país terá Leonardo Gonçalves e Rafael Buzacarini

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Ela é a número um do ranking mundial. Cabeça de chave número 1 no Mundial de Judô de Tóquio. Chegou a seis finais em oito competições que disputou em 2019. Venceu quatro. Tem dois títulos, uma prata e dois bronze em mundiais no currículo, além de medalhas de bronze nas duas últimas Olimpíadas. Aos 28 anos, Mayra Aguiar é uma das principais referências na categoria meio-pesado, que entra em cena nesta sexta-feira (30.08), na Arena Nippon Budokan, na capital japonesa.

Mayra descontraída durante a fase de aclimatação em Hamamatsu: temporada inspira confiança. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br
"Tenho como padrão estar preparada para tudo. Seja o local, o tatame, a regra, a chave. Quero estar sempre preparada para qualquer tipo de desafio"
Mayra Aguiar

"Este ano está sendo muito bom para mim. Fiz oito competições e consegui seis medalhas. Estou feliz com a forma que estou lutando, competindo, e principalmente por conseguir ter uma sequência boa", afirmou a brasileira, que vem da conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. "Claro que o Mundial é uma competição complicada. A mais dura que existe. Em nível técnico, chega a ser mais alto algumas vezes que uma Olimpíada, porque tem mais gente, mais adversárias, e todo mundo vai muito preparado", completou a atleta.

A categoria de Mayra, a -78kg, reúne 40 atletas. A brasileira estreia contra a portuguesa Yahima Ramirez, de 39 anos. É a 29ª do ranking mundial e tem como principais resultados em 2019 chegar às quartas de final das etapas do Grand Prix em Antalya, Marrakech e Tel Aviv. "Eu tenho como padrão estar preparada para tudo. Seja o local, o tatame, a regra, a chave como saiu. Quero sempre estar preparada para qualquer tipo de desafio", afirmou Mayra.

Campeã mundial nas edições de 2014 e 2017 e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e Londres 2012, Mayra tem como uma das principais antagonistas na categoria a japonesa Shoria Hamada, atual campeã mundial e número três do ranking. A atleta da casa, de 28 anos, foi a campeã do Grand Prix de Montreal, em julho, e terceira colocada no Grand Slam de Baku, em maio.

Para Mayra, mais do que o desafio potencial de encarar uma atleta da casa nas fases mais avançadas da competição, pesa como motivação lutar no país em que o judô foi criado e desenvolvido. "Fazia tempo que não vinha ao Japão. Só de estar aqui já me sinto feliz. Independentemente do resultado, estou vivendo uma experiência bacana. A energia desse tipo de lugar já mexe bastante com a gente. O povo daqui gosta muito de judô. Em qualquer ginásio você sente a energia, o pessoal vibrando. Há um sabor de lutar aqui. Ainda mais nesse local tão falado", comentou, sobre a Arena Budokan. Criada para os Jogos Olímpicos de 1964, o ginásio tem a fachada inspirada em um templo da cidade de Nara e formato interno de um octógono. Será usada também nos Jogos Olímpicos de 2020.

Leonardo Gonçalves tem no currículo uma prata no Mundial Júnior. Aos 23 anos, estreia em mundiais adultos. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br
"Quando estou ali no tatame e a gente se cumprimenta, olho para o cara e penso: ele não quer mais do que eu. Eu treinei dez vezes mais. Nem que tenhamos treinado o mesmo, mas na minha cabeça treinei dez vezes mais e ele nunca vai ganhar. Eu me defino pela vontade"
Leonardo Gonçalves

Dupla na categoria -100kg

Além de Mayra Aguiar, o Brasil terá outros dois representantes no tatame entre os meio-pesados. Leonardo Gonçalves e Rafael Buzacarini estão entre os 20 melhores do ranking internacional, mas nunca disputaram Mundial. Talento da nova geração, o paulista Leonardo Gonçalves tem 23 anos e chega ao Mundial como o número 17 do mundo. Na temporada, ficou entre os cinco melhores em quatro ocasiões, com direito a uma prata no Campeonato Pan-Americano de Lima e um bronze no Grand Prix de Montreal, no Canadá.

Uma lesão no cotovelo direito, contudo, exigiu do paulista de Iguape um trabalho acelerado de fisioterapia e recuperação. Ficou de fora dos Jogos Pan-Americanos, também em Lima, mas afirma que chega 100% para dar trabalho aos melhores em Tóquio. "Perdi uma competição, mas fiz uma ótima preparação. Tenho uma perspectiva boa. Claro que é o primeiro Mundial, uma competição grande, mas já mostrei que consigo ganhar de todos os fortes", disse Leonardo, que já foi vice-campeão mundial na categoria júnior.

Mais do que a estatura de 1,90m e o apuro técnico que procura desenvolver nos treinos, o atleta preza pela vontade. "Eu me definiria assim. Claro que sei fazer judô, mas minha vontade sobressai à de qualquer um. Quando estou ali no tatame e a gente se cumprimenta, olho para o cara e penso: ele não quer mais do que eu. Nunca. Eu treinei dez vezes mais. Nem que tenhamos treinado o mesmo, mas na minha cabeça treinei dez vezes mais e ele nunca vai ganhar. Eu me defino por aí", disse o brasileiro.

Buzacarini, de 27 anos, também traz para o tatame de Tóquio um bom retrospecto na temporada, com duas finais em etapas de Grand Prix, em Antalya e Tbilisi, em março e abril de 2019, além de ter chegado às quartas de final em Montreal.

"No alto rendimento não tem como viver sem a Bolsa. A gente gasta demais com suplementação, com alimentação. Pagar uma pizza na esquina é fácil, mas alimentação saudável, regrada, custa dinheiro. A gente tem de manter peso"
Leonardo Gonçalves

Trio no Bolsa Atleta

Mayra, Buzacarini e Leonardo são integrantes do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Buzacarini na categoria Olímpica, e Mayra e Leonardo na categoria Pódio, a mais alta do programa, com repasses mensais de R$ 5 mil a R$ 15 mil. Na delegação em Tóquio como um todo, 17 dos 18 judocas inscritos na chave individual são contemplados pelo incentivo federal, num investimento anual de R$ 1,67 milhão.

"Eu já passei por várias etapas do Bolsa Atleta. Fui do Nacional, do Internacional e agora da categoria Pódio. Quem recebe sabe que é surreal de importante para um atleta. Desde os 16 anos recebo. Foi a diferença entre continuar treinando e ter de fazer 'correria' para ajudar em casa. Se você tem patrocínio do pai, beleza. No meu caso, não tinha. A Bolsa sempre ajudou demais", disse Leonardo.

"No alto rendimento não tem como viver sem. A gente gasta demais com suplementação, com alimentação boa. Pagar uma pizza na esquina é fácil, mas alimentação boa, saudável, regrada, custa dinheiro. A gente tem de manter peso", completou Leonardo, que também recebe o apoio das Forças Armadas (ele e outros 10 do time) e o auxílio do clube em que treina, a Sogipa.

Infográfico - Mundial de Judô 2019

Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br