Irmãos Farias reatam dupla no badminton em busca do título continental e de Tóquio 2020

No quintal de casa, linhas feitas com giz delimitavam a quadra. A rede era armada com o varal de roupas. Foi nesse ambiente que Francielton, com 12 anos de idade, deu as primeiras raquetadas com o irmão Fabrício, quatro anos mais novo, em Teresina. Uma brincadeira que aos poucos virou coisa séria, e os irmãos passaram a jogar separados, cada um em sua categoria. Nove anos depois, além de dividir o quarto, os irmãos voltam a compartilhar as quadras, agora com a camisa da Seleção Brasileira. Os dois representam o Brasil nas duplas masculinas durante o Pan-Americano por equipes, em disputa até domingo (17.02) em Lima, no Peru.

Francielton e Fabrício: demorou, mas perceberam que rendiam mais juntos, em dupla. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Os jogadores integram a safra de jovens atletas revelados no Piauí. As técnicas foram lapidadas no polo de alto rendimento Joca Claudino, um dos clubes mais fortes do país. As primeiras tentativas de formação da dupla familiar não deram certo, por conta do temperamento dos irmãos, como explica Fabrício, 18 anos.

"Brigávamos muito em quadra. Com o tempo, paramos para pensar e percebemos que os resultados importantes vieram juntos. Hoje, vejo que é mais legal a formação assim. Temos grande entrosamento"

Fabrício Farias

"Brigávamos muito em quadra. Antes, eu era da categoria júnior e ele jogava no adulto. Com o tempo, paramos para pensar e percebemos que os resultados importantes da nossa carreira foram conquistados juntos. Hoje, vejo que é mais legal a formação assim, porque temos grande entrosamento", afirma Fabrício.

Francielton, 22 anos, foi o primeiro a optar pelos jogos de duplas. Experimentou diferentes formações, mas não encontrou a mesma química e entrosamento que alcança ao lado do irmão. A temporada de 2019 marca a estreia de Fabrício na seleção principal. No último torneio na categoria júnior, o piauiense representou o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude 2018, em Buenos Aires, na Argentina.

Observando os resultados nas últimas competições, os Farias optaram em reativar a dupla que começou no quintal de casa. Francielton conta que sempre estimulou o caçula a jogar juntos, mesmo com algum histórico de brigas "fraternas". "Eu puxava ele para jogar comigo. No fim do ano passado participei de alguns torneios internacionais em dupla e foi onde me encontrei. Eu jogava com outras parcerias, mas não tinha resultados expressivos. Foi com meu irmão que consegui o meu principal título internacional", recorda. Eles levaram o ouro na dupla masculina no torneio internacional do México, em 2018.

Em Lima, os irmãos integram a Seleção Brasileira que conta com outros 11 jogadores que buscam pontos no ranking internacional. Todos eles são integrantes do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Na última edição do Pan-Americano por equipes, o Brasil ficou em segundo lugar no geral.

O Pan por equipes será a primeira competição de Fabrício na categoria adulta. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

O badminton é disputado em três estilos: individual, duplas e duplas mistas. Como as partidas são intensas e o elevado número de confrontos desgasta os jogadores, é natural que o atleta escolha se especializar entre duplas ou no individual. Foi assim que Fabrício decidiu pelas duplas após subir de categoria.

"A minha meta é competir nas duplas. Quero ir longe com meu irmão e com a Jaqueline, que é da dupla mista. Meu desejo é conseguir bons resultados para conseguir a classificação para os Jogos Pan-Americanos 2019. Quem sabe, no ano que vem, a gente garanta a vaga em Tóquio 2020", projetou Fabrício. Jaqueline esteve com Fabrício nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires e trouxe para casa um bronze na disputa por equipes que reunia atletas de vários países. 

Segundo Francielton, a meta é lutar para garantir a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, ainda que saiba que o caminho das duplas é ainda mais difícil que no individual, pelo número limitado de vagas. "É importante fazer um circuito internacional forte para ganhar experiência e ritmo de jogo", disse.

"Made in Teresina"

Teresina é considerada a capital da raquete e da peteca no Brasil. Com seis quadras públicas exclusivas para o esporte, a cidade é um dos principais centros formadores de jogadores, que acumulam títulos nacionais e internacionais. A terra de Francielton e Fabrício conta também com o Centro de Excelência de Badminton, o mais moderno CT da modalidade do país, dentro da Universidade Federal do Piauí.

Foi lá que a seleção se juntou no último mês para a fase final de preparação para o Pan-Americano por equipes, ao lado do técnico português Marco Paulo Pereira Vasconcelos. Os treinamentos foram os primeiros de Fabrício na seleção principal. Segundo o atleta, a estrutura na universidade é um estímulo para continuar na trajetória do esporte. "Comecei a praticar o badminton em quadras adaptadas aqui em Teresina. Antes, a gente não tinha nem de perto essa estrutura. Temos tudo para crescer muito com os treinamentos aqui no CT", projetou.

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Investimento

O Governo Federal investiu R$ 4,9 milhões na instalação esportiva do Centro de Excelência, um dos legados dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. O ginásio conta com seis quadras nas dimensões oficiais, arquibancada para 500 pessoas, academia, departamento médico, alojamento, refeitório, cabines para imprensa e espaço administrativo.

Breno Barros, de Teresina (PI) - rededoesporte.gov.br