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Jogos Paralímpicos
Brasil inicia sua busca pela ousada meta do top 5 paralímpico
A frieza dos números elenca 4.432 atletas, 20 instalações esportivas, 23 modalidades e 528 eventos com medalhas, com representantes de 159 países e dois atletas refugiados sob a bandeira do Movimento Paralímpico Internacional. A objetividade estatística indica que os Jogos Paralímpicos do Rio serão vistos por uma audiência acumulada de até 4 bilhões de espectadores mundo afora, em 154 países, um aumento de 3,8 milhões em relação a Londres (2012) e Pequim (2008).
Mas, para quem prefere transcender a matemática pura e simples, os Jogos são um manancial de histórias. Histórias que contemplam muito do que o ser humano é capaz de alcançar e produzir quando transforma limitações em expressão vazia, pronta para ser transmutada em conquista ou competitividade e a receita inclui persistência, engenhosidade, treinamento qualificado e desenvolvimento técnico.
Histórias que se contam, sim, com medalhas e pódios, porque os atletas são de altíssimo rendimento. Mas que nem por isso impedem exemplos de transcendência. Casos como do arqueiro Matt Stutzman, medalhista de prata pelos Estados Unidos nos Jogos Paralímpicos de Londres no tiro com arco. Isso atirando com a boca e os pés, já que não tem os dois braços. Ou do egípcio Ibrahim Hamadtou, que joga tênis de mesa com a raquete na boca, por não ter os braços, e sonha com pódio no Rio na Classe 6.
"Você não poderia estar num país mais apaixonado por esporte, mas você precisa conquistar o coração dos brasileiros. Eu acho que o aumento massivo na venda de ingressos mostra que brasileiros e cariocas estão prontos para os Jogos e querem muito ver a delegação brasileira alcançar grandes resultados"
Philip Craven
No plano da força, o iraniano Siamand Rahman chega à capital fluminense com oito recordes mundiais batidos nos últimos dois anos e a pretensão de levantar nada menos que 300kg no halterofilismo. Já na face geopolítica, o angolano Maurício Dumbo perdeu a visão em função do sarampo em meio à guerra civil em seu país. Numa janela de oportunidade, veio parar no Brasil, foi alfabetizado, naturalizado, se formou em direito e se fixou como um dos talentos nacionais no futebol de cinco. Talento a ponto de ter sido convocado na última hora para representar a equipe brasileira, atual tricampeã da modalidade e que estreia na sexta, contra o Marrocos, na busca pelo tetra em casa.
"Esses serão os jogos do povo. Você não poderia estar num país mais apaixonado por esporte, mas você precisa conquistar o coração dos brasileiros. Eu acho que o aumento massivo na venda de ingressos mostra que os brasileiros e os cariocas estão prontos para os Jogos e querem muito ver a delegação brasileira alcançar grandes resultados", afirmou Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional. Segundo eles, quase 1,7 milhão de entradas foram vendidas, o que vai superar a marca de Pequim (2008).
Ambição
Anfitriã dos Jogos, a delegação brasileira pretende conjugar boa parte desses ingredientes durante os 12 dias de competições a partir desta quarta-feira (08.09). Com a ambiciosa meta de chegar ao Top 5 no quadro de medalhas, o país chega com 289 atletas e representantes em todos os esportes. Até hoje, o melhor resultado obtido pelo Brasil foi o sétimo lugar nos Jogos de Londres, quatro anos atrás.
"Nós temos a maior e melhor delegação paralímpica de todos os tempos. O Brasil nunca esteve presente em todas as modalidades. E é importante dizer que em nenhuma o Brasil vai simplesmente participar. Somos competitivos nas 22. Isso é resultado de investimentos", afirmou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons.
"Nós temos a maior e melhor delegação paralímpica de todos os tempos. O Brasil nunca esteve presente em todas as modalidades. E é importante dizer que em nenhuma o Brasil vai simplesmente participar. Somos competitivos nas 22. Isso é resultado de investimentos"
Andrew Parsons
Durante o ciclo até 2016, a preparação das seleções paralímpicas permanentes contou com apoio financeiro do Ministério do Esporte. Desde 2010, houve 17 convênios entre o governo federal e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Os valores somam R$ 67,3 milhões. O investimento federal proporcionou o treinamento de atletas no Brasil e no exterior, além da participação em competições internacionais.
Uma das beneficiárias do investimento, Bruna Alexandre, do tênis de mesa, é uma das esperanças de medalha da delegação. Ela é uma das estreantes do país nesta quarta, a partir das 16h, diante da australiana Andrea McDonnell, no Pavilhão 3 do Riocentro.
"Minha classe são só dois grupos. A estreia é com a australiana e vai ser difícil. Espero conseguir encaixar tudo o que venho treinando e estou conseguindo colocar na mesa e manter o foco e a disciplina", disse a atleta, que também tem na chave a chinesa Qian Yang, prata nos Jogos de Londres no individual e ouro por equipes, além da croata Mirjana Lucic.
Recorde feminino
Bruna e suas adversárias representam um contingente de 1.621 mulheres inscritas nos Jogos. É a maior participação feminina na história da competição, 12% superior a Londres e mais do que o dobro das 790 mulheres que estiveram em Atlanta, há 20 anos, segundo Philip Craven, presidente do IPC.
Além do tênis de mesa, o Brasil estreia nesta quarta no atletismo, na natação, no goalball, no judô, no futebol de sete e no basquete em cadeira de rodas (veja lista completa abaixo).
A fase final de preparação de boa parte dos atletas foi realizada no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. O complexo na capital paulista é o maior do mundo em número de modalidades contempladas: são 15 no total. O equipamento, um dos principais da Rede Nacional de Treinamento, conta com 86 alojamentos, capazes de receber cerca de 280 pessoas. A unidade está dividida em 11 setores, que englobam áreas esportivas de treinamento, hotel, centro de convenções, laboratórios, condicionamento físico e fisioterapia.
O empreendimento recebeu investimento de R$ 305 milhões, sendo R$ 187 milhões em recursos federais. Do total do aporte do Ministério do Esporte, R$ 167 milhões foram investidos na construção e outros R$ 20 milhões em equipagem.
Confira a agenda do Brasil nesta quarta:
Goalball Masculino
9h - Brasil X Suécia
Local: Arena do Futuro (Parque Olímpico da Barra)
Natação
Local: Estádio Aquático Olímpico
Classificatórias - manhã
9h30 – 100m costas masculino S6 – Talisson Glock
9h46 – 400m livre masculino S8 – Caio Oliveira
10h01 – 400m livre feminino S8 – Cecília Jerônimo de Araújo
10h17 – 100m peito masculino SB9 – Ruan Felipe Lima de Souza e Lucas Lamente Mozela
10h42 – 100m livre feminino S3 – Maiara Regina Pereira Barreto
10h54 – 100m costas masculino S14 – Felipe Vila Real
11h10 – 100m borboleta masculino S13 – Thomaz Rocha Matera
11h31 – 200m livre masculino S5 – Daniel Dias
11h43 – 200m livre feminino S5 – Joana Maria Silva e Susana Schnarndorf Ribeiro
11h56 – 100m costas masculino S7 – Italo Pereira
Finais - tarde *caso se classifiquem
17h30 – 100m costas masculino S6 – Talisson Glock
17h44– 400m livre masculino S8 – Caio Oliveira
17h54 – 400m livre feminino S8 – Cecília Jerônimo de Araújo
18h05 – 100m peito masculino SB9 – Ruan Felipe Lima de Souza e Lucas Lamente Mozela
18h41 – 100m livre feminino S3 – Maiara Regina Pereira Barreto
19h04 – 100m costas masculino S14 – Felipe Vila Real
19h32 – 100m borboleta masculino S13 – Thomas Rocha Matera
19h59 – 200m livre masculino S5 – Daniel Dias
20h08 – 200m livre feminino S5 – Joana Maria Silva e Susana Schnarndorf Ribeiro
20h32 – 100m costas masculino S7 – Italo Pereira
Futebol de 7
10h - Brasil x Grã-Bretanha
Local: Estádio de Deodoro
Judô
Local: Arena Carioca 3 (Parque Olímpico da Barra)
A partir de 10h:
Até 48 kg (B3) – Quartas de final - Karla Cardoso (BRA) x Yuliya Halinska (UCR)
Até 52 kg (B2) – Quartas de final - Michele Ferreira (BRA) x Ramona Brussig (ALE)
Até 60 kg (B1) – Oitavas de final – Rayfran Mesquita (BRA) x Uugankhuu Bolormaa (MGL)
Até 66 kg (B2) – Oitavas de final - Halyson Bôto (BRA) x Miguel Vieira (POR)
Goalball Feminino
10h15 - Brasil x EUA
Local: Arena do Futuro (Parque Olímpico da Barra)
Atletismo
Local: Estádio Olímpico (Engenhão)
Manhã
10h – 5000m masculino T11 (final) – Odair Santos
10h25 – Salto em distância masculino F11 (final) – Ricardo Costa
10h35 – Arremesso de peso masculino F12 (final) – Caio Vinícius e Alessandro Rodrigo
10h22, 10h31, 10h40 e 10h49 – classificatórias da prova de 100m rasos feminino T11 – Terezinha Guilhermina, Jerusa Santos e Lorena Spoladore.
10h57, 11h05, 11h13 e 11h21 – classificatórias da prova de 100m rasos feminino T12 – Alice Correa
Tarde/Noite
17h33 – Arremesso de peso feminino F57 (final) – Roseane Santos
17h47 – Arremesso de peso masculino F41 (final) – Jonathan Souza
18h09 – Lançamento de disco masculino F37 (final) – João Victor
18h11 – Salto em distância feminino T47 (final) – Sheila Finder
17h30 e 17h37 – classificatórias da prova de 100m rasos feminino T36 – Tascitha Cruz
17h45 e 17h52 - classificatórias da prova de 100m rasos masculino T44 – Alan Fonteles e Renato Cruz
18h13 e 18h21 - classificatórias da prova de 400m rasos masculino T20 – Daniel Tavares
19h19 e 19h27 - classificatórias da prova de 100m rasos masculino T13 – Gustavo Henrique e Kesley Josué
20h05 e 20h12 - classificatórias da prova de 100m rasos feminino T38 – Verônica Hipólito e Jenifer Martins
Tênis de mesa
Local: Riocentro – Pavilhão 3
12h20 - 1ª fase Classe 5 – Claudiomiro Segatto (BRA) x Valentin Baus (ALE)
13h40 - 1ª fase Classe 4 – Joyce Oliveira (BRA) x Borislava Peric-Rankovic (SRB)
16h - 1ª fase Classe 1 – Aloisio Lima (BRA) x Chang Ho Lee (COR)
16h - 1ª fase Classe 10 – Bruna Alexandre (BRA) x Andrea McDonnel (AUS)
16h40 - 1ª fase Classe 10 – Carlos Carbinatti (BRA) x Jose Manuel (ESP)
18h - 1ª fase Classe 7 – Israel Pereira Stroh (BRA) x Will Bayley (GBR)
Basquete em CR Feminino
12h15 - Brasil x Argentina
Local: Arena Carioca 1 (Parque Olímpico da Barra)
Basquete em CR Masculino
15h15 - Brasil X EUA
Local: Arena Olímpica do Rio (Parque Olímpico da Barra)
Gustavo Cunha, brasil2016.gov.br