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Seleção de Futebol de 5 lida com favoritismo antes da estreia na Rio 2016
Se atuando fora de casa nas últimas três Paralimpíadas (Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012) a Seleção de Futebol de 5 já se apossou do lugar mais alto do pódio, imagine na Rio 2016? Impossível escapar do rótulo de time a ser batido, na busca pelo tetra. A equipe lida com os aspectos positivos e negativos deste favoritismo, ao mesmo tempo em que acertou os últimos detalhes, nesta quarta-feira (07.09) para a estreia contra Marrocos, na sexta-feira (09.08), a partir das 9h, no Parque Olímpico da Barra.
Além da hegemonia, o Brasil ainda chega como atual campeão mundial, após o título conquistado diante da Argentina em Tóquio, dois anos atrás. O brilho das medalhas traz também a força da experiência para muitos dos jogadores, que estiveram presentes em várias das conquistas do país na modalidade. Jefinho, eleito melhor jogador do mundo em 2010, encara o favoritismo com naturalidade e confiança.
“Favoritismo não nos atrapalha, pelo contrário, nos ajuda. A gente entra com mais tranquilidade. Os adversários sabem que a gente vem ganhando, então eles já entram pressionados. E a experiência que a gente tem é importante para saber o que fazer em momentos decisivos. Temos qualidade para botar nosso melhor futebol dentro de quadra”, disse o pivô.
Outro que avalia que todos vão respeitar o Brasil é o ala Ricardinho. Eleito melhor jogador do último mundial no Japão, ele sabe que esses títulos e medalhas simbolizam o porquê de todos enxergarem o time como o mais forte da competição logo de cara.
“Nós, atletas, temos que entender que só é cobrada a equipe que pode corresponder. Felizmente temos essa cobrança, ruim seria se a gente não tivesse. Temos que saber lidar com isso, e esse favoritismo fica fora de quadra, não ganha jogo. Já temos pensado assim há alguns anos e tem dado certo”, comentou.
No Grupo A, além de Marrocos, a Seleção terá pela frente ainda a Turquia (11.08) e o Irã (13.08) no caminho rumo às semifinais. No Grupo B estão Espanha, China, México e a cabeça de chave Argentina, que treinou logo antes do Brasil na manhã desta quarta-feira, na quadra 1 do Centro.
Salto alto
O favoritismo traz admiração dos adversários, mas também faz com que o Brasil seja o alvo de todos, mesmo em casa. O técnico da equipe, Fábio Vasconcelos, se preocupa com isso, e trabalha para que o status não atrapalhe a cabeça dos jogadores, de modo que evite o chamado “salto alto”.
“Tem gente que já fala em final, isso não existe. Primeiro tem o Marrocos, depois a Turquia e o Irã para ver se a gente se classifica para a semifinal. Temos que nos blindar de toda a euforia que vem do lado de fora”, afirmou o treinador, que explicou ainda como faz para trabalhar o fator psicológico.
“Muitas vezes eu chego no vestiário, antes do treino e a cada duas sessões de atividades, e converso com os atletas para mostrar que vai ter imprensa, a gente vai ter que dar entrevistas toda hora. Tem o "bam bam bam" de "já ganhou", gente falando em quatro ouros. A imprensa é importante para divulgar o esporte, é um legado que fica, mas a gente não pode levar ela para dentro de campo. Temos que estar preparados, focados e com mais vontade, pois os jogos vão ser decididos nos detalhes”, contou Fábio.
“A gente espera o melhor clima possível: casa cheia e apoio da torcida. Apesar de o jogo ser em silêncio, vamos sentir a presença deles, e essa energia positiva vai nos ajudar muito”
Jefinho
Rival conhecido
O treino desta quarta-feira (07.09) cuidou dos últimos detalhes com moderação: nem tão forte que arrisque lesões dos jogadores, nem tão fraco para calibrar a equipe no ritmo certo. A Seleção fez uma atividade com superioridade numérica (4 contra 3) já com foco em situações de jogo que devem surgir contra Marrocos, na quadra 1 do Centro Olímpico de Tênis.
A equipe africana já é conhecida do Brasil, e não passou muito tempo desde o último confronto. Pelo Desafio Internacional de Futebol de 5, no próprio Rio de Janeiro, a Seleção venceu num jogo complicado, por 2 a 0, em junho. Jefinho, autor dos gols, reconhece a dificuldade de enfrentar o Marrocos, apesar de não ser um dos times favoritos à medalha de ouro.
“Esperamos a mesma dificuldade no jogo da estreia, ainda mais por ser a estreia também, sempre bate aquela ansiedade, por mais que a gente tenha certa experiência. No início bate aquele friozinho na barriga típico, né?”, afirmou o craque.
Mesmo assim, o pivô já idealiza como será o primeiro contato com a torcida, num esporte em que a torcida conta, mas o silêncio é indispensável durante o jogo, para que os jogadores escutem o som dos guizos na bola. “A gente espera o melhor clima possível: casa cheia e apoio da torcida. Apesar de o jogo ser em silêncio, vamos sentir a presença deles, e essa energia positiva que eles vão mandar para a quadra que vai nos ajudar muito”, comentou Jefinho.
Rodrigo Vasconcelos, brasil2016.gov.br