Judô
Virada olímpica
Um dos "carros-chefes", judô promete disputa interna acirrada até definir seleção
Modalidade que já rendeu 19 medalhas olímpicas ao Brasil, o judô brasileiro terá um fator a mais de tranquilidade rumo à classificação para o Rio de Janeiro. Por ser país-sede, o Brasil tem asseguradas sete vagas no feminino e sete no masculino – uma para cada categoria. O nome do atleta que ocupará cada posto, contudo, só será conhecido após o encerramento do período de qualificação pelo ranking mundial, em 30 de maio.
Depois dessa data, caberá à comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) a escolha de qual judoca representará o país em cada subdivisão de peso. A tendência é que fique com a vaga o atleta mais bem colocado na listagem internacional. Para isso, a disputa interna promete ser acirrada.
Até o momento, alguns brasileiros seguem bem próximos em suas categorias, como Felipe Kitadai (14º) e Eric Takabatake (16º), nos 60kg, e David Moura (12º) e Rafael Silva (14º), que está voltando de lesão, no peso-pesado. Entre as mulheres, as categorias mais disputadas são a -48kg, em que a campeã olímpica Sarah Menezes aparece em 14º e Nathalia Brigida, em 18º; e a +78kg, com Rochele Nunes em 15º e Maria Suelen Altheman em 22º.
Para os demais países, a zona de classificação no ranking engloba os 22 homens e as 14 mulheres mais bem colocados de cada categoria. Não é permitido ter mais de um judoca de uma mesma delegação em uma prova.
O garimpo de Érika
Por ainda não ter a definição da seleção brasileira, a CBJ não traçou a meta de medalhas para os Jogos. O triênio desde os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, permite bons prognósticos. O judô nacional conquistou seis medalhas no Mundial de 2013, no Rio de Janeiro, quatro pódios em Chelyabinsk, na Rússia, em 2014, e dois em Astana, no Cazaquistão, em 2015.
Dona de um bronze em Astana, a brasiliense Érika Miranda não titubeia em fazer projeções. “Minha meta é ouro, ouro, ouro! Já bati muito na trave”, brinca a judoca, hoje em segundo lugar no ranking mundial da categoria até 52kg, atrás apenas da romena Andreea Chitu.
“Sou uma pessoa que luta bem dentro de casa. Nos últimos mundiais, foram nove, 11 horas de fuso horário. Aqui a gente não tem fuso, a gente tem arroz com feijão, o clima, a melhor torcida. Está tudo a favor”, diz. Em seis competições de 2015, Érika subiu cinco vezes ao pódio: foi campeã no Pan de Toronto, no Grand Slam de Baku e no Campeonato Pan-Americano de Edmonton, além de vice do Grand Slam de Abu Dhabi e bronze no Mundial de Astana.
“Consegui ter um amadurecimento, crescer como atleta, e isso refletiu nos resultados, mas o importante é que estou evoluindo um pouquinho mais a cada ano desde 2013”, avalia. Com as conquistas, Érika foi eleita a melhor judoca do ano na premiação de dezembro do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Em busca do pódio olímpico, a atleta terá um primeiro semestre mais estratégico do que quantitativo. “É o ano do ápice. Vou continuar com a mesma preparação, corrigindo o que deve ser corrigido, dando ênfase à preparação psicológica. Não teremos muitas competições e nem todas serão fortes. Vou competir, mas não tanto como em 2015. Será uma média um pouco menor, mas estarei competindo e treinando sem parar”, explica.
O primeiro compromisso da seleção será entre os dias 6 e 16 de janeiro, no treinamento de campo de Pindamonhangaba (SP). Já a primeira competição prevista é o Grand Prix de Havana (Cuba), entre os dias 22 e 24 do mesmo mês. Nos dias 8 e 9 de março, a modalidade terá seu evento-teste para as Olimpíadas, na Arena Carioca 1, com a presença de mais de 100 atletas.
» Na estreia do ano olímpico, seleção é convocada para Grand Prix de Havana
ENTREVISTA: ÉRIKA MIRANDA
Melhor do ano
Faço parte de um esporte muito vitorioso dentro do Brasil e, com tantos atletas excepcionais, você conseguir ser a melhor do ano tem a ver com muito treino, dedicação. Se fosse outro companheiro, eu estaria feliz da mesma forma, mas sendo eu e sabendo de tudo o que tenho feito, fiquei muito feliz.
Planejamento
2016 é o ano do ápice. Vou continuar com a mesma preparação, corrigindo o que deve ser corrigido, dando ênfase à preparação psicológica. Não teremos muitas competições e nem todas serão fortes. Eu vou competir, mas não tanto como em 2015. Será uma média menor, mas estarei competindo e treinando sem parar.
Investimentos
Hoje os investimentos vêm do Comitê Olímpico do Brasil, do Ministério do Esporte, da Confederação Brasileira de Judô, da iniciativa privada. Essa é a chave principal. E não é só em viagens e treinamento. Os próprios profissionais da confederação estão se qualificando cada vez mais para trazer coisas novas aos atletas.
Jogos em casa
Minha meta é ouro, ouro, ouro! Já bati na trave muitas vezes. E eu sou uma pessoa que luta bem dentro de casa. Nos últimos mundiais, foram nove horas de fuso horário, 11 horas. Aqui a gente não tem fuso, a gente tem arroz com feijão, tem o clima, a melhor torcida do mundo. Está tudo a favor. Tem gente que fala: ‘Mas isso não vai ser pressão?’. Acho que não, porque atleta de alto rendimento já se pressiona automaticamente, e não há pressão maior que essa.
Ana Cláudia Felizola e Caroline Delmazo – brasil2016.gov.br