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Uberlândia em festa: Rodrigo Parreira conquista a segunda medalha paralímpica
Goiano de nascimento, mineiro de coração. Na identidade, está lá: Rio Verde (GO), mas Rodrigo Parreira, 22 anos, está ansioso para chegar a Uberlândia (MG) e dividir com a cidade a alegria de sua segunda medalha paralímpica. Rodrigo, que havia ficado com o bronze nos 100m T36 (paralisados cerebrais) no último sábado, conquistou a prata no salto em distância na manhã desta segunda-feira (12.09), no Engenhão.
“Eu tenho que agradecer muito a Deus e a minha família. Eles estão lá em Uberlândia quase morrendo do coração. Eu não tenho nem ideia de como vou celebrar, estou bastante emocionado. A minha cidade ainda não tinha medalhista paralímpico e agora eu estou levando duas medalhas, uma de bronze e uma de prata. Quem sabe em Tóquio eu não possa conquistar o ouro? Vou trabalhar por isso”, avisou.
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A prata veio com recorde paralímpico. O atleta australiano foi o primeiro a quebrar a marca da competição: já na tentativa inicial, Brayden Davidson atingiu 5.62m, pulverizando os 5.23m obtidos pelo ucraniano Roman Pavlyk em Londres 2012, enquanto o brasileiro queimou o salto. Na segunda tentativa, Rodrigo igualou a marca de 5.62m de Davidson, aumentando a emoção da prova.
Desempataria a disputa quem fizesse um segundo melhor salto, e Rodrigo foi para a liderança da prova ao atingir 5.55m na terceira tentativa. O ouro ficou pouco tempo no peito do brasileiro: na quarta tentativa, o australiano saltou 5.57m e voltou à ponta. Os dois não melhoraram as marcas e o ouro foi para Brayden e a prata, para Rodrigo. O ucraniano Pavlyk, então campeão paralímpico, ficou com o bronze por um centímetro (5.61m), e por pouco não embolou ainda mais a disputa pelo primeiro lugar.
“Foi acirrado até o fim. Eu vim aqui para fazer o melhor. Bati o recorde paralímpico, fiquei com a prata e estou feliz demais. Eu poderia até ficar em último, batendo minha melhor marca no ano, eu já estaria feliz”, contou.
“Bem na foto”, Bordignon chega ao segundo pódio
Fábio Bordignon pode dizer que saiu bem na foto ao conquistar sua segunda medalha nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a prata nos 200m classe T35 (paralisados cerebrais). No sábado, ele já havia levado a prata nos 100m. Vaidoso, o velocista segue um ritual de beleza antes de competir e deu um tapa no visual ao ser apresentado para a torcida e as câmeras antes da prova.
“É uma marca minha. As pessoas costumam dizer que sou muito vaidoso, com barba, cabelo, dente. Eu sou, sim. Sou fã do Cristiano Rolando e tenho que pegar as características dele. Sempre tem que estar bonito, até porque tem imagem, tem vídeo. Não só fazer bela corrida, mas também estar bonito na chegada e no pódio para a foto. Quando eu olho para a minha imagem na TV me dá vontade até de me namorar”, brincou.
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Fábio confessou que acorda mais cedo para se arrumar. “Tem creme, hidratante, perfume, faço sobrancelha, luzes no cabelo, tem tudo. Cuido da pele colocando protetor solar, com fator 60. Tem que ter bastante cuidado com a pele, com a beleza”, contou o atleta de 24 anos, que tem sete tatuagens no corpo, incluindo um gladiador, um leão, o símbolo do Vasco, seu time de futebol, e o nome do filho, Adryan Gabriel, que estava nas arquibancadas ao lado da esposa de Fábio, Alice.
“Quando eu entrei no bloco, escutei a torcida gritar meu nome, e o juiz pediu silêncio. Por um momento eu pensei: ‘Estou num caldeirão’. A perna começou a tremer, mas graças a Deus o juiz mandou sair do bloco e a tremedeira passou”, contou o medalhista. “Estou muito feliz, minha primeira Paralimpíada pelo atletismo. Se Deus quiser, ainda tenho uma bela carreira pela frente. Não tem palavras que definam esse momento com duas medalhas. É de prata, mas tem gostinho de ouro”, completou o ex-jogador de futebol de sete.
Além da medalha, Fábio ganhou um boneco de pelúcia do mascote dos Jogos Paralímpicos, Tom, com os cabelos prateados, da cor da medalha conquistada. Ao ser perguntado sobre quem tinha mais estilo, Fábio não teve dúvidas. “Meu cabelo é mais estiloso. Vou dar uma arrumada no cabelo dele quando chegar em casa, deixar ele igual a mim, e vou botar a medalha no pescoço dele para ele ficar bem bonito!”.
Outros resultados desta manhã
Na decisão do arremesso de peso masculino T42 (amputados), Mauro Evaristo ficou em quarto, com a marca de 13.59m, recorde das Américas. O vencedor foi o britânico Aled Davies com 15.97m, novo recorde paralímpico. Nos 200m T36 feminino, Taschita Cruz avançou para a final com o quinto melhor tempo (31s39). Nos 100m T38 (paralisados cerebrais) masculino, Edson Pinheiro passou para a decisão com a quarta marca (11s32).
Nos 200m T11 (deficientes visuais), três brasileiras chegaram à semi: Terezinha Guilhermina fez o melhor tempo (25s07), Jhulia Carol obteve a oitava melhor marca entre as semifinalistas (26s59) e Jerusa Santos, a nona (26s60). “Estou aqui para fazer o que amo, para me divertir na minha casa, e ninguém vai me impedir”, disse Terezinha, que tem seis medalhas paralímpicas. As semifinais serão na noite desta segunda.
Nos 100m, ela foi desclassificada por, segundo os juízes, ter sido puxada pelo guia, o que incomodou bastante a atleta. “Eu corro há 16 anos, sempre da mesma forma, corri agora como corri os 100m e não fui desclassificada. Nunca tinha sido desclassificada em prova alguma. Impossível meu guia me puxar. Será que vou ter que mudar meu jeito de correr? Contra quem estou correndo? É surreal. Na prova, todas as atletas estavam com o guia na frente e eu fui a desclassificada. O guia da britânica que ganhou deu uma declaração dizendo que fica na frente mesmo, que não considera isso irregular. Mudaram as regras?”, questionou.
Carol Delmazo e Mateus Baeta, brasil2016.gov.br, com colaboração de João Paulo Machado