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Atletismo

10/09/2016 01h45

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Fábio Bordignon faz da frustração no futebol a prata nos 100m

Velocista que disputou a Paralimpíada de Londres nos gramados e perdeu espaço na seleção chegou ao vice na prova de pista

A paixão pelo futebol está impressa de forma definitiva em Fábio Bordignon. No tornozelo direito, uma tatuagem da Cruz de Malta denota o carinho pelo Vasco. No antebraço esquerdo, a logomarca dos Jogos de Londres simboliza o início do currículo paralímpico do carioca de Duque de Caxias nos gramados sintéticos, com a presença no time do futebol de sete na Inglaterra.

Ironicamente, foi de uma frustração no futebol que surgiu a chance para ele celebrar, nesta sexta-feira, uma prata em casa, nos 100m rasos do atletismo na Classe T35, para atletas com paralisia cerebral, com o tempo de 12s66. A prova terminou com a vitória do ucraniano Ihor Svietov (12s31), recordista mundial da distância, e o bronze ficou com o argentino Hernan Barreto (12s85)

Fábio comemora a prata no pódio do Engenhão. Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB

"A transição foi dolorosa. Foi uma barreira tremenda a superar. Eu amava e amo o futebol de sete. Tive de fazer essa escolha por querer representar o Brasil", disse o atleta. Após o quarto lugar em Londres, houve reformulação na Seleção Brasileira e Fábio deixou de fazer parte das convocações.

"A transição foi dolorosa. Foi uma barreira tremenda por destruir porque eu amava e amo o futebol de sete. Tive de fazer essa escolha por querer representar o Brasil"

Nos times, ele sempre se destacou pela velocidade, pela capacidade de deixar para trás os adversários. E foi da porta semi-cerrada no futebol que surgiu o convite para experimentar as provas de pista. No início, houve receio. "Eu pensava: poxa, atletismo...". Com o tempo, no entanto, Fábio se ajustou e abriu espaço para a nova relação afetiva. "Agora amo o atletismo. É uma paixão pareada com o futebol. Acho que fiz a escolha certa", afirmou, com uma relação de "paternidade" com o próprio feito. "A sensação é das melhores. Estava falando aqui que é como receber a notícia de ser pai. É como se fosse um filho para mim agora", comparou.

Um filho que, segundo Fábio, veio com ares de perfeição. "Tenho certeza de que dei o melhor, tanto que fiz a marca mais expressiva da minha vida. Vou até conversar com o técnico para ver os detalhes, mas não acho que houve qualquer erro grave", avaliou. No domingo, o atleta ainda volta ao Engenhão para os 200m. "Minha melhor prova é os 100m, mas estou aprendendo a correr os 200m também. Quem sabe não busco outra medalha", disse.

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A marca de Izabela para conquistar o bronze no lançamento de disco foi a melhor já atingida pela atleta: 32m60. Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB

Bronze

A mineira Izabela Campos procurou o esporte com o foco em perder peso. Encontrou no atletismo uma alternativa para melhorar a qualidade de vida e a relação com a balança. Experimentou provas de fundo, como 800m, 1.500m e 5.000m. Chegou até a flertar com os 400m. "Eu emagreci muito correndo, mas sempre tive um biotipo pesado. Minha corrida era sofrida", afirmou a atleta.

Da pista, migrou para as provas de campo. Experimentou o peso, o disco, o dardo. E ali descobriu o lugar onde o mundo fazia mais sentido. Nesta sexta, no Engenhão, a recompensa veio com a versão de cabelo bronzeado do mascote Tom: Izabela foi a terceira no arremesso de disco da categoria F11, para deficientes visuais, com 32m60. O ouro e a prata foram uma dobradinha chinesa, com Liangmin Zhang (36m65) e Hongxia Tang (35m01).

"Toda a técnica que treinei entrou direitinho e consegui essa conquista". O arremesso foi o melhor da carreira de Izabela, que avaliou a presença do público no Engenhão como uma forma de dar visibilidade à modalidade. "No Brasil falam mais de futebol. Agora sinto que estão nos vendo com carinho. Estão vendo o que a gente faz e que não é brincadeira, é coisa séria", disse.

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Terezinha Guilhermina não conseguiu o pódio na categoria T11. Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB

Outros resultados

Além dos brasileiros que subiram ao pódio, outros bateram na trave. Seis vezes medalhista paralímpica, Terezinha Guilhermina terminou em quarto nos 100m da categoria T11, para deficientes visuais. A atleta acabou ainda desclassificada pela direção de prova. O ouro ficou com a britânica Libby Clegg (11s96), seguida pelas chinesas Guohua Zhou (11s98) e Dengpu Jia (12s07).

"Já apaguei isso. Fui no banheiro e dei descarga. Vocês verão outra Terezinha nas próximas provas"
Terezinha Guilhermina

"Eu ainda não sei que regra usaram para me desclassificar. Eu tenho dúvidas sobre as regras desses Jogos, porque me parecem diferentes de todas as outras competições de que participei antes. De qualquer forma, já apaguei isso. Fui ao banheiro e dei descarga. Vocês verão outra Terezinha nas próximas provas", disse.

A jovem Alice Correa, que fez a final nos 100m T12, terminou em quarto, mas promete brigar por medalha nas próximas, os 200m e 4 x 100m. "No 4 x 100m tenho certeza que vem um ouro e um recorde mundial", afirmou a atleta. "E nos 200m vou brigar para chegar à final", disse a atleta.

Com apenas 20 anos, Alice participa pela segunda vez de uma edição paralímpica. A primeira foi em Londres 2012, quando conquistou um sexto lugar. "Em Londres, terminei na sexta colocação. Agora consegui chegar à final e competindo na minha casa, com meus amigos na arquibancada e com toda a torcida ao meu favor. É uma experiência incrível", disse a carioca.

Quem também chegou muito perto do pódio foi Ariosvaldo Fernandes, o Parré, que terminou em quarto lugar os 100m na classe T53 masculino. A próxima prova do atleta será neste sábado nos 400m T53. Jenifer Santos acabou em oitavo no 100m rasos feminino T38. Edevaldo Silva, no lançamento de dardo F44, ficou em sétimo, enquanto Flávio Reitz, do salto em altura T42, deixou o Estádio na nona colocação.

Gustavo Cunha, com colaboração de Michelle Abílio, brasil2016.gov.br