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Tenis de mesa

06/08/2019 04h28

LIMA 2019

Gustavo Tsuboi e Bruna Takahashi são prata nas duplas mistas do tênis de mesa

Brasileiros foram superados por canadenses na final. Bruna e Jéssica Yamada ficaram com o bronze nas duplas. Tsuboi e Calderano disputam nesta terça a final da dupla masculina

Jogos Pan-Americanos Lima 2019

O primeiro dia de finais do tênis de mesa nos Jogos Pan-Americanos de Lima não terminou como Gustavo Tsuboi e Bruna Takahashi gostariam. A história ideal contaria a conquista da medalha de ouro para o Brasil na categoria de duplas mistas desta segunda-feira (05.08). Sem conseguir impor o jogo em cima dos canadenses Eugene Wang e Mo Zhang, no entanto, os brasileiros foram derrotados por 4 x 1 (12/10, 15/13, 6/11, 11/7, 12/10) e, em meio às lágrimas, receberam a medalha de prata.

“Logo após terminar o jogo, é um pouco complicado expressar felicidade. Claro que estamos bem satisfeitos com a prata, todos brigam para estar no pódio, mas a gente veio com sede de ganhar o ouro”, admitiu Tsuboi. “Nós dois estamos um pouco frustrados no momento, mas acho que, quando a poeira baixar, vamos reconhecer que foi um bom trabalho”, acrescentou, ainda abalado, o experiente atleta de 34 anos, em sua quinta edição do Pan.

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Tsuboi e Bruna tiveram pouco tempo após as semifinais para entrar na decisão. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

A parceria brasileira foi a primeira a marcar ponto na decisão. Tsuboi e Bruna tiveram a chance de fechar o primeiro set, mas viram os canadenses empatarem em 10/10 para virar o placar e fechar a parcial em 12/10. Já no segundo set, as duplas passaram grande parte do tempo empatadas, disputando ponto a ponto, até que Wang e Zhang, ambos chineses naturalizados canadenses, levassem a melhor por 15/13.

A terceira parcial foi a única favorável ao Brasil. Mesmo com falhas, a dupla conseguiu abrir uma vantagem maior e administrar até o final, fechando em 11/6. Mais uma vez os canadenses reagiram. O quarto set vinha empatado em 6/6, quando eles dispararam, conseguiram cinco pontos a mais e fecharam em 11/7.

Bruna e Tsuboi chegaram ao quinto set sem poder perder mais nada, e lutaram até o fim, com o placar sempre apertado. Conseguiram chegar a 10/10, mas os canadenses fizeram os dois últimos pontos e fecharam o jogo em 4 x 1. “A gente teve chance nos dois primeiros sets. Foi uma pena que não conseguimos aproveitar muito bem”, comentou Bruna, de 19 anos, ainda segurando as lágrimas após a premiação.

Para chegar à final, Bruna e Tsuboi venceram duplas da Venezuela (4 x 2), do México (4 x 1) e de Porto Rico (4 x 1). Chegaram com a vantagem de ele ser hoje o número 32 do ranking mundial, enquanto Eugene Wang é apenas o 237o. O brasileiro tem ainda três ouros e duas pratas em edições anteriores dos Jogos Pan-Americanos. Já Bruna ocupa a posição de número 69 na listagem, enquanto Mo Zhang é a 27ª, além de dona de um ouro, uma prata e um bronze no megaevento continental.

O que pesou para os brasileiros, no entanto, foi a sequência de jogos. Tsuboi tinha acabado de disputar a semifinal de duplas masculinas com Hugo Calderano e precisou emendar na final mista. Uma partida antes, Bruna também havia disputado a semifinal de duplas femininas, ao lado de Jéssica Yamada. 

“Eu acho que poderia ter feito melhor. Faltou estar um pouco mais lúcido. Eu tinha acabado de jogar a semifinal de dupla masculina, e já ir direto para uma final, sem preparar para o jogo, sem ter o descanso necessário... acho que a logística aqui, a programação pecou um pouco em relação a isso”, criticou Tsuboi. “Eu podia ter rendido um pouco mais”, acrescentou.

Nova decisão

Ao lado de Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi ainda disputa mais uma final para o Brasil nesta terça-feira (6). A dupla venceu Brian Afanador e Daniel Gonzalez, de Porto Rico, pela semifinal das duplas masculinas, por 4 x 2 (11/6, 11/6, 9/11, 9/11, 11/6, 14/12). A partida, que parecia caminhar tranquilamente a favor dos brasileiros, foi ganhando ares de desafio no terceiro set.

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Calderano e Tsuboi começaram na frente, mas encontraram resistência nos adversários. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Depois de vencer as duas primeiras parciais sem dificuldades, Calderano e Tsuboi abriram 8/1. A parceria de Porto Rico, no entanto, começou a reagir e, aproveitando erros dos brasileiros, conseguiu fazer 10 pontos para virar o placar e fechar o set em 11/9. A situação ficou ainda mais complicada quando os rivais impuseram força também na parcial seguinte para registrar novamente um 11/9 e empatar o jogo em 2 x 2. 

“No final do terceiro set, as nossas bolas não estavam entrando muito, e a gente ainda perdeu o outro set também. Mas a gente sabia que, se continuássemos jogando o nosso jogo, com a cabeça fria, tínhamos grandes chances de voltar porque o domínio ainda estava nas nossas mãos”, contou Calderano.

O quinto set iniciou mais uma vez apertado, e as duplas seguiram disputando ponto a ponto até empatarem em 6/6. Dali para a frente, no entanto, Calderano e Tsuboi dispararam, fizeram cinco pontos na sequência e fecharam em 11/6 para passar à frente no placar. Dispostos a encerrar a disputa no set seguinte, os brasileiros não encontraram vida fácil, com os rivais sempre na cola. A partida empatou em 10/10, 11/11 e em 12/12, antes que Calderano e Tsuboi conseguissem confirmar a árdua vitória em 14/12, e a partida em 4 x 2.

Nesta terça-feira (6), os brasileiros encaram os argentinos Gaston Alto e Horacio Cifuentes na briga pela medalha de ouro, às 22h (horário de Brasília). “Os argentinos são uma dupla muito forte. A gente nunca jogou contra eles em duplas, mas conhecemos individualmente. Vamos esperar um jogo muito difícil”, adiantou Calderano, que, ao lado de Tsuboi, já ocupou o top 3 mundial da categoria. Os brasileiros só jogaram juntos uma vez este ano, no Aberto do Catar, quando foram eliminados na estreia. Antes disso, não jogavam desde 2018. 

Número seis do ranking mundial no individual, o carioca acredita que disputar também em duplas nos Jogos Pan-Americanos pode ajudá-lo nos próximos dias. “De certa forma, me ajuda a me adaptar mais ao ginásio, às condições de jogo para o individual também. Mas o mais importante é brigar pelo título e trazer mais medalhas para o Brasil”, afirmou Calderano. Além da decisão em dupla, ele enfrenta nesta terça Juan Lamadrid, do Chile, pelas oitavas de final no individual. Já Tsuboi encara Jiaji Wu, da República Dominicana. Se vencerem, ainda jogam as quartas de final no mesmo dia.

Dupla de bronze

Bruna Takahashi ainda precisou amargar outra derrota nesta segunda-feira.  Ao lado de Jéssica Yamada na semifinal das duplas femininas, elas não conseguiram superar as irmãs Adriana e Melanie Diaz, de Porto Rico, e foram derrotadas por 4 x 2 (7/11, 11/6, 12/10, 8/11, 3/11, 6/11), terminando com a medalha de bronze. 

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Com a derrota na semifinal, Bruna e Jéssica levaram o bronze. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

“Fica um gosto bem amargo na boca porque a gente tinha condições de vencer essa partida. Lógico que estamos felizes pela medalha de bronze, mas a gente queria mais e sabíamos que tínhamos potencial para isso”, lamentou Jéssica. Com erros sucessivos das brasileiras, as rivais conseguiam sair sempre na frente no placar, tornando mais complicado o desafio de Bruna e Jéssica.

“O que matou foi o jogo ter chegado tão longe. Se a gente tivesse conseguido fazer um 3 x 1, ter começado um pouco melhor, talvez a gente pudesse ter ganhado”, avaliou Jéssica Yamada. “Elas conseguiram se adaptar mais rápido que a gente. Chegou um momento do jogo em que elas conseguiram ler o que a gente ia fazer, e a gente não conseguia achar solução para a resposta delas. Foi mérito delas, jogaram muito bem”, completou.

Amanhã, no individual, a atleta enfrenta a norte-americana Yue Wu, enquanto Bruna encara Yasiris Ortiz, da República Dominicana, pelas oitavas de final. “Com certeza quero ganhar o ouro. Sei que vai ser difícil. Tenho que me preparar, dormir bem. Amanhã tenho jogo cedo e vou dar meu máximo para conseguir essa medalha de ouro”, assegurou Bruna. O título individual, no masculino e no feminino, assegura uma vaga direta para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Investimentos

Cinco dos seis atletas da delegação brasileira no tênis de mesa são integrantes do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Hugo Calderano faz parte da categoria pódio, a mais alta, enquanto Bruna Takahashi, Caroline Kumahara e Gustavo Tsuboi integram a categoria olímpica, e Eric Jouti, a Internacional. O investimento federal no quinteto é de R$ 230 mil anuais.

No tênis de mesa como um todo, atualmente há 126 atletas incluídos entre os bolsistas federais, num investimento anual de R$ 1,74 milhão. A ampla maioria é da faixa Nacional (92). 

Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br