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Natação

24/07/2019 13h55

Coreia do Sul

Felipe Lima e João Gomes Junior fazem história no Mundial de Gwangju

Prata e bronze nos 50m peito, eles se tornaram os primeiros brasileiros a protagonizar uma dobradinha no pódio em mundiais de natação em piscina longa

Mundial de Desportos Aquáticos

Foi uma cena histórica e, até então, jamais vista em campeonatos mundiais de natação de piscina longa: duas bandeiras do Brasil hasteadas simultaneamente em uma mesma cerimônia de premiação. A exemplo do que fizeram Ana Marcela Cunha, nas maratonas aquáticas, e Nicholas Santos, nos 50m borboleta, os brasileiros Felipe Lima e João Gomes Junior escreveram um capítulo inédito para a natação brasileira na disputa dos 50m peito no Mundial de Desportos Aquáticos de Gwangju.

Felipe Lima e João Gomes Junior: inédita dobradinha brasileira em um mundial da natação. Foto: Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br
“É uma sensação inexplicável, incrível. Estar no pódio com dois brasileiros em uma prova tão forte como essa, os 50m peito, é magnífico"
Felipe Lima, nadador

Nesta quarta-feira (24.0) à noite na Coreia do Sul, manhã de quarta-feira no Brasil, Felipe e João, que treinam juntos no Pinheiros e dividem o quarto na vila dos atletas no Mundial em Gwangju, conquistaram as medalhas de prata e bronze na prova. Com isso, se tornaram os primeiros nadadores do país a protagonizar uma dobradinha em Mundiais em piscina olímpica (50 metros).

Em mundiais de piscina curta (25m), não olímpica, o Brasil já havia conquistado dobradinhas com Gustavo Borges e Fernando Scherer, o Xuxa, em 1993 e 1995, nos 100m livre. Nas maratonas aquáticas, Poliana Okimoto foi ouro nos 10km e Ana Marcela Cunha foi prata no Mundial de 2013, em Barcelona. No mesmo mundial, as duas também conquistaram a prata e o bronze nos 5km.

Em uma chegada emocionante, o fenomenal britânico Adam Peaty – recordista mundial da prova e único atleta em todos os tempos a fechar a distância nesse estilo na casa dos 25 segundos, com 25s95, tempo cravado no Mundial de Budapeste, em 2017 – levou o ouro, dessa vez com 26s06. Felipe terminou a prova em 26s66, três centésimos à frente de João, que cravou 26s69.

"Ver uma dupla bandeira do Brasil (na premiação) é uma parada surreal, A gente batalha muito para almejar esse resultado"
João Gomes Junior, nadador

“É uma sensação inexplicável, incrível”, resumiu Felipe, ao comentar o que sentiu durante a premiação. “Estar no pódio com dois brasileiros em uma prova tão forte como essa, os 50m peito, é magnífico. E nós só estamos atrás do recordista mundial. Estou feliz com o resultado. Essas medalhas vêm para fazer história e espero que sirva de incentivo para essa garotada que está vindo nessa caminhada com a gente. Que as crianças nos vejam como referência”, continuou o nadador, de 33 anos, que chegou ao segundo pódio em Mundiais de piscina longa, depois do bronze nos 100m peito em Barcelona 2013.

“É um momento indescritível. A gente batalha muito para almejar esse resultado. Ver uma dupla bandeira do Brasil é uma parada surreal”, emendou João Gomes, beneficiado com a Bolsa Pódio do Governo Federal, e que no Mundial de Budapeste, em 2017, foi medalha de prata nos 50m peito.

Trintões fazem bonito

Na Coreia, os nadadores brasileiros provaram que, mesmo em uma competição marcada por uma nova geração de enorme talento em várias provas, nadadores com mais de 30 anos podem ser competitivos na disputa com atletas mais jovens.

Nicholas Santos, com os medalhistas dos 50m borboleta em Gwangju: 39 anos e no pódio do mundial. Foto: Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br

Todos os três medalhistas do Brasil na natação em Gwangju têm mais de 30 anos: Nicholas Santos lidera com incríveis 39. Bronze nos 50m borboleta, ele é, disparado, o mais velho a subir ao pódio em mundiais, superando o que ele mesmo já havia feito em Budapeste, em 2017, quando aos 37 anos conquistou a prata nos 50m borboleta. Agora, João chega ao bronze com 34 anos, quase a mesma idade de Felipe, 33.

 “A cada ano venho me surpreendendo mais com minha força de vontade, com a minha garra, minha determinação em busca de resultados. Disputei minha primeira Olímpiada com 30 anos, fui quase medalhista, mas Deus sabe o que faz. Logo em seguida veio um Mundial com medalha de prata (Budapeste 2017), e, depois, outro Mundial, agora com um feito inédito para o Brasil. Isso só alimenta mais a nossa vontade, não só a minha como a do Felipe, de continuar lutando”, ressaltou João Gomes, que no Rio 2016 terminou em quinto a disputa do 100m peito e teve o melhor resultado individual da natação brasileira nas Olimpíadas do Brasil.

“Isso só nos dá mais gás para treinar mais forte ainda. Agora é pensar nos Jogos Pan-Americanos para que a gente possa conquistar mais medalhas para o Brasil”, avisou Felipe Lima,

Phelps tem recorde pulverizado

Antes dos 50m peito, a final dos 200m borboleta contou com o brasileiro Leonardo de Deus, que terminou na sétima colocação, com 1min55s96. A prova teve um momento histórico e talvez o mais significativo deste Mundial na Coreia até aqui, quando o húngaro Kristof Milak, de 19 anos, quebrou com muita folga o recorde mundial da prova, que pertencia à lenda Michael Phelps e que havia sido estabelecido no Mundial de Roma, em 2009, quando o norte-americano nadou para 1min51s51. Em Roma, Phelps e os outros vestiram os super maiôs, trajes especiais que fizeram com que vários recordes caíssem e que foram banidos no fim de 2009.

Kristof Milak chegou ao ouro com o incrível tempo de 1min50s73. A prata ficou com o japonês Seto Dayla (1min53s86) e o bronze foi para o sul-africano Chad le Clos, com 1min54s15. Esse pódio, inclusive, teve uma participação brasileira, já que um dos treinadores que trabalham com le Clos, na Turquia, é o brasileiro Dellano Silva.

Marcelo Chierighini e Breno Correia: Brasil em dose dupla na final dos 100m livre. Foto: Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br
“Tinha dez anos que o Brasil não classificava dois atletas para a final dos 100m livre masculino. A última vez tinha sido com o Cielo, que foi campeão em 2009, e como Nicolas Oliveira"
Breno Correia, nadador

Mais três avançam às finais

Além das finais nos 50m peito e nos 200m borboleta masculinos, o Brasil disputou três semifinais na noite desta quarta-feira em Gwangju: 100m livre, com Marcelo Chierighini e Breno Correia; 50m costas, com Etiene Medeiros; e 200m medley, com Leonardo Santos. Marcelo e Breno foram os primeiros a nadar. Eles disputaram a segunda série da semifinal e largaram lado a lado, nas raia 5 e 6, ao lado do fenômeno norte-americano Caeleb Dressel, na raia 4.

Dressel, 22 anos, é dono de dois ouros no Rio 2016 nos revezamentos 4 x 100m livre e 4 x 100m medley e de outros sete ouros em Mundiais, conquistados em Budapeste 2017. É o atual campeão mundial dos 50m e 100m livres. Marcelo cravou 47s76 e Breno terminou a prova com 48s33. Com isso, o Brasil terá os dois atletas na final dos 100m livre, que serão disputadas na noite desta quinta-feira (25.07) em Gwangju, manhã de quinta-feira no Brasil.

Chierighini avançou com o terceiro melhor tempo e Breno, com a oitava marca. Vale ressaltar que as eliminatórias começaram com 123 nadadores em busca das oito vagas para a final. Cotado ao pódio, Marcelo tem mostrado regularidade e disputa na Coreia a quinta final seguida em grandes eventos – foi finalista nos mundiais de 2013, 2015, no Rio 2016 e no mundial de 2017.

“Estou conseguindo me manter em um nível bom, fico contente, mas ainda não peguei medalha individual”, disse o nadador, prata no mundial de Budapeste em 2017 no revezamento 4 x 100m livre. “Acho que está faltando uma medalha individual aí”, ressaltou.

Etiene: em busca do bicampeonato. Foto: Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br
“Acho que na final vai ter surpresa. Agora é outra prova. Estou feliz e grata por estar em mais uma final”
Etiene Medeiros, nadadora

“Tinha dez anos que o Brasil não classificava dois atletas para a final dos 100m livre masculino. A última vez tinha sido com o Cielo, que foi campeão em 2009, e o Nicolas Oliveira (oitavo colocado) e agora vêm eu e o Marcelinho. O Marcelo já é um cara que faz a quinta final e eu, graças a Deus, vou nadar a primeira. Espero que a primeira de muitas. Estou satisfeito de estar com ele”, frisou Breno, que foi sexto colocado no revezamento 4 x 100m livre no Mundial da Coreia, juntamente com Marcelo Chierighini, Pedro Spajari e Bruno Fratus.

A semifinal seguinte, nos 50m peito, prova não olímpica, teve a pernambucana Etiene Medeiros em ação. Ela é a atual campeã mundial da distância no estilo e nadou a primeira série com o tempo de 27s69. Avançou à final com o segundo melhor desempenho. A final de Etiene também será disputada nesta quinta à noite na Coreia, manhã de quinta no Brasil.

Natação - Mundial de Desportos Aquáticos Gwangju 2019

A prova de Etiene foi marcada por uma surpresa: a chinesa Yuanhui Fu, campeã mundial dos 50m costas em Kazan 2015, bronze no Rio 2016 nos 100m costas e dona de outras três medalhas em mundiais, não se classificou para a final após cravar apenas o nono tempo das semifinais. “Acho que na final vai ter surpresa. Não podemos pegar como referência os 100 metros que nadamos hoje (50 nas eliminatórias e 50 nas semifinais) porque é outra prova. Estou feliz e grata por estar em mais uma final”, comemorou Etiene.

Por último, Leonardo Santos, nos 200m medley, fechou a participação dos brasileiros nas semifinais desta quarta na Coreia. Ele completou a segunda série com o tempo de 1min58s99 e não se classificou para a final.

Investimento

Dos 21 atletas que nadarão no Mundial de Gwangju, 15 são beneficiados pelo Bolsa Atleta do Governo Federal. São eles: Bruno Fratus, Pedro Spajari, Luiz Altamir Melo, Fernando Scheffer, Breno Correia, Guilherme Guido, João Gomes Júnior, Leonardo Santos, Caio Pumputis, Brandonn Almeida, Diogo Villarinho, Guilherme Costa, André Calvelo, Etiene Medeiros e Viviane Jungblut. O investimento nesses atletas é de R$ 1,2 milhão por ano.

Desses 15 nadadores, dez recebem a Bolsa Pódio, a mais alta categoria do programa, voltada para atletas com chances de medalha em Tóquio 2020. São eles: Brandonn Almeida, Bruno Fratus, Diogo Villarinho, Fernando Scheffer, Guilherme Costa, Guilherme Guido, João Lucas Gomes, Luiz Altamir Melo, Pedro Spajari e Viviane Jungblut. O investimento anual nesses atletas é de R$ 1 milhão.

No total, 263 nadadores de todo o país são bolsistas, fruto de um investimento de R$ 3 milhões por ano.

Mundial de Desportos Aquáticos

Programação e resultados do Brasil
Horários de Brasília 

20.07 – Sábado
Eliminatórias – Resultados do Brasil
400m livre masculino – Luiz Altamir (3min48s87) - não avançou às semifinais
50m borboleta masculino – Nicholas Santos (23s48) - avançou às semifinais
50m borboleta masculino – Vinicius Lanza (23s91) - não avançou às semifinais
100m peito masculino – João Gomes (59s25) – avançou às semifinais
100m peito masculino – Felipe Lima (1min00s00) – não avançou às semifinais
Revezamento 4 x 100m livre masculino – Marcelo Chierighini, Pedro Spajari, Breno Correia e André Calvelo (3min12s97) – avançaram à final e conquistaram a vaga para Tóquio 2020

21.07 – Domingo
Semifinal dos 50m borboleta masculino – Nicholas Santos (22s77) se classificou para a final
Semifinal dos 100m peito masculino – João Gomes Júnior (59s32) não avançou à final
Final do revezamento 4 x 100m masculino – Brasil terminou na sexta colocação, com Marcelo Chierighini, Pedro Spajari, Bruno Fratus e Breno Correia

Eliminatórias
100m costas masculino – Guilherme Guido (52s95 – novo recorde sul-americano) se classificou para as semifinais
200m livre masculino – Breno Correia (1min47s26) não se classificou para as semifinais
200m livre masculino – Fernando Scheffer (1min45s51) se classificou para as semifinais
Semifinal dos 100m peito feminino
1500m livre feminino – Viviane Jungblut (16min36s25) não se classificou para a final

22.07 – Segunda-feira
Final dos 50m borboleta masculino – Bronze para Nicholas Santos (22s79)
Semifinal dos 100m costas masculino - Guilherme Guido (53s23) classificado para a final
Semifinal 200m livre masculino - Fernando Scheffer (1min45s83) não se classificou para a final

Eliminatórias
50m peito masculino - João Gomes (26s73) e Felipe Lima (26s73) estão classificados para a semifinal
200m borboleta masculino - Leonardo de Deus (1min56s05) e Luiz Altamir (1min57s08) estão classificados para a final
800m livre masculino - Guilherme Costa (7min58s67) não se classificou para a final

23.07 – Terça-feira
Semifinal dos 50m peito masculino – João Gomes Junior (26s84) e Felipe Lima (26s62) se classificaram para a final
Final dos 100m costas masculino – Guilherme Guido (53s26) terminou em 7º lugar
Semifinal dos 200m livre feminino
Semifinal dos 200m borboleta masculino – Leonardo de Deus (1min55s71) se classificou para a final e Luiz Altamir (1min57s43) não conseguiu a vaga para a final e terminou na 13ª posição geral

Eliminatórias
50m costas feminino – Etiene Medeiros (27s85) se classificou para a semifinal
100m livre masculino – Marcelo Chierighini (47s95) e Breno Correia (48s39) se classificaram para as semifinais
200m medley masculino – Leonardo Santos (1min59s37) se classificou para a semifinal e Caio Pumputis (2min01s06) não se classificou para a semifinal

24.07 – Quarta-feira
Final dos 50m peito masculino – Felipe Lima (26s66), medalha de prata, e João Gomes Junior (26s69), medalha de bronze
Final dos 200m borboleta masculino – Leonardo de Deus (1min50s73) ficou em 7º
Semifinal dos 100m livre masculino – Marcelo Chierighini (47s76) e Breno Correia (48s33) classificados para a final
Semifinal dos 50m costas feminino – Etiene Medeiros (27s69) classificada para a final
Semifinal dos 200m medley – Leonardo Santos (1min58s99) não se classificou para a final

22h – Eliminatórias
100m livre feminino
200m costas masculino - Leonardo de Deus
200m peito masculino - Caio Pumputis
200m peito feminino
Revezamento 4 x 200m feminino

25.07 – Quinta-feira
8h
Final dos 200m borboleta feminino
Semifinal dos 100m livre feminino
Final dos 100m livre masculino
Final dos 50m costas feminino
Semifinal dos 200m peito masculino
Final dos 200m medley masculino
Semifinal dos 200m peito feminino
Semifinal dos 200m costas masculinos
Final do revezamento 4 x 200m livre feminino

22h – Eliminatórias
100m borboleta masculino – com Vinicius Lanza
200m costas feminino
50m livre masculino – com Bruno Fratus e Marcelo Chierighini
50m borboleta feminino
Revezamento 4 x 200m masculino – com equipe brasileira
800m livre feminino - Viviane Jungblut

26.07 – Sexta-feira
8h
Final dos 100m livre feminino
Semifinal dos 100m borboleta masculino
Semifinal dos 200m costas feminino
Semifinal dos 50m livre masculino
Final dos 200m peito feminino
Final dos 200m costas masculino
Semifinal dos 50m borboleta feminino
Final dos 200m peito masculino
Final do revezamento 4 x 200m livre masculino

22h – Eliminatórias
50m livre feminino – com Etiene Medeiros
50m costas masculino – com Guilherme Guido
50m peito feminino
Revezamento 4 x 100m livre misto
1500m livre masculino – com Guilherme Costa e Diogo Villarinho

27.07 – Sábado
8h
Final dos 50m borboleta feminino
Final dos 50m livre masculino
Semifinal dos 50m livre feminino
Semifinal dos 50m peito feminino
Final dos 100m borboleta masculino
Final dos 200m costas feminino
Semifinal dos 50m costas masculino
Final dos 800m livre feminino
Final do 4x100m livre misto

22h – Eliminatórias
400m medley feminino
400m medley masculino - Brandonn Almeida
Revezamento 4 x 100m medley feminino
Revezamento 4 x100m medley masculino - equipe brasileira

27.07 – Sábado
8h
Final dos 1500m masculino
Final dos 50m peito feminino
Final dos 50m livre feminino
Final dos 50m costas masculino
Final dos 400m medley feminino
Final dos 400m medley masculino
Revezamento 4 x 100m medley feminino
Revezamento 4 x 100m medley masculino

Luiz Roberto Magalhães, de Gwangju, na Coreia do Sul - rededoesporte.gov.br