Atletismo
ESGRIMA
Em dia de despedida de lenda italiana, Rússia brilha na Arena Carioca 3 e conquista o título mundial no florete por equipe feminino
Pelo terceiro dia desde o último fim de semana, quando foram disputadas, no sábado (23.4) e domingo (24.4), as etapas feminina e masculina do Grand Prix de Espada, a Arena Carioca 3, no Parque Olímpico da Barra, recebeu atletas de diversos países para mais uma competição de esgrima no Evento-Teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016.
Nesta terça-feira (26.4), times femininos do florete – uma das três armas da esgrima, juntamente com a espada e o sabre – disputaram o Campeonato Mundial por Equipes e, com isso, travaram equilibrados duelos nas cinco pistas montadas no inovador formato de ‘X” no ginásio. A competição foi ainda mais especial por um motivo marcante: a despedida de uma das lendas da esgrima, a italiana Valentina Vezzali, dona de seis medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e 16 vezes campeã mundial.
A equipe italiana, com Valentina em ação, se classificou para o final do Mundial, mas acabou superada pela Rússia, que conquistou a medalha de ouro após vencer as rivais por 45 x 39. A medalha de bronze foi para a França, que superou sem problemas a Coreia do Sul por 45 x 18.
Na segunda-feira (25.4), quando o evento-teste não foi aberto à imprensa, 13 equipes disputaram a fase classificatória do Mundial por Equipes de Florete Feminino , entre elas o time do Brasil, com um grupo formado por Tais Rochel, Gabriela Cecchini, Ana Beatriz Bulcão e Mariana Pistoia. Além das anfitriãs, participaram das eliminatórias os times da Alemanha, Canadá, China, Colômbia, Coreia do Sul, França, Hungria, Itália, Japão, Polônia, Rússia e Estados Unidos.
As brasileiras estrearam com vitória sobre a Colômbia, mas, na sequência, foram derrotadas pelas francesas. Assim, não conseguiram vaga entre os oito melhores times que disputaram a fase final nesta terça-feira.
Também na segunda-feira foi realizada a fase classificatória do Campeonato Mundial de Sabre por Equipe masculino. E o Brasil, que competiu com Renzo Agresta, Tywilliam Guzenski e Willian Zeytounlian, a exemplo das mulheres, não conseguiu avançar à fase final, que será disputada nesta quarta-feira (27.4).
Valentina Vezzali: O adeus de uma lenda do florete
Os brasileiros enfrentaram a Geórgia no primeiro duelo e não conseguiram superar os rivais. Ainda participaram das eliminatórias os times dos Estados Unidos, Japão, Canadá, Irã, França, Hungria, Espanha, Grã-Bretanha, Chile, Alemanha, Rússia, Bielorússia, Coreia do Sul, Romênia, China, Hong Kong, Argentina e Itália.
Vale ressaltar que as disputas por equipe no florete feminino e no sabre masculino não fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Pelas regras do Comitê Olímpico Internacional (COI), o número máximo de pódios para a esgrima em Jogos Olímpicos são 10 premiações (ou seja, 30 medalhas, somando ouro, prata e bronze).
Como a modalidade tem 12 categorias em disputa (espada, sabre e florete individual masculino e feminino e as equipes das três armas nos dois gêneros), há um rodízio a cada Olimpíada nas equipes que participam dos Jogos. Para a competição no Brasil ficaram de fora o time feminino do florete e o masculino do sabre. É por isso que apenas essas duas armas tiveram seus Campeonatos Mundiais por Equipe disputados neste evento-teste no Rio de Janeiro.
Com isso, Valentina Vezzari, que não se classificou para a disputa no individual para os Jogos Olímpicos Rio 2016, viu suas chances de disputar as Olimpíadas no Brasil serem sepultadas, já que a competição por equipes em sua especialidade, o florete, não fará parte das Olimpíadas no Brasil.
“Eu me sinto bem. Não ganhamos o ouro, ficamos com a prata, mas para mim foi como se fosse uma vitória. Eu e minhas companheiras demos o máximo e elas me apoiaram bastante. Então foi importante para mim encerrar a minha carreira aqui”, declarou Valentina Vezzari.
Brasil nas Olimpíadas
O Brasil terá uma participação recorde na modalidade nos Jogos Olímpicos Rio 2016. No total, o país terá 13 vagas, como explica Gerly dos Santos, presidente da Confederação Brasileira de Esgrima.
“O Brasil vai se fazer representar nos Jogos Olímpicos com 13 atletas, em três provas por equipe e todas as provas individuais. Vamos com 90% de representação nas modalidades possíveis. Dessas 13 vagas, nós temos oito que adquirimos por seremos o país-sede. Isso foi uma briga grande na Federação Internacional, pois os países mais tradicionais queriam reduzir esse número. Isso foi inclusive colocado em votação no nosso congresso da Federação Internacional e conseguimos manter essas oito vagas destinadas ao nosso país”, comemorou Gerly.
“Essas oito vagas pertencem ao país-sede. Então, nós fazemos a distribuição de acordo com o que achamos que é o melhor. Posso inscrever só por equipe, só individual e posso mesclar prova individual e por equipe. E é isso que estamos fazendo: escolhendo as armas que, dentro das nossas prioridades, são as mais importantes”, continuou o dirigente.
“Atualmente temos garantidos pelo ranking da FIE (sigla em inglês da Federação Internacional de Esgrima) o Renzo Agresta, que conquistou a vaga dele no sabre; a Nathalie (Nathalie Moellhausen, italiana naturalizada brasileira), que conquistou a vaga na espada; e o florete masculino, que conquistou a vaga por equipe (no Mundial, em 2015), o que foi um feito histórico dentro da nossa modalidade. Com isso, temos cinco vagas já definidas: três da equipe de florete e as duas individuais. Com as nossas oito vagas como país-sede, teremos 13 atletas nas Olimpíadas, o que é um recorde para o Brasil”, prosseguiu.
De acordo com Gerly, à exceção de Renzo e Nathalie, a definição dos outros representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016 só será feita dentro de quinze dias, após o Torneio Cidade de Curitiba, que funcionará como a última seletiva interna para os esgrimistas brasileiros. “Aí, sim, vamos nominar de quem são essas vagas e apresentar para a imprensa a composição final da equipe de esgrima do Brasil para as Olimpíadas”, encerrou o dirigente.
Pistas em X
Durante o evento-teste da esgrima no Rio de Janeiro, um dos pontos mais elogiados foi a inovadora configuração das pistas, que na Arena Carioca 3 foram montadas em formato de “X”, ao contrário da tradicional montagem em retângulo, comum nas competições internacionais.
Segundo a britânica Hilary Philbin, chefe de protocolo da Federação Internacional de Esgrima e que atuou como gerente de competição nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, essa nova disposição permite que o público possa acompanhar os duelos de qualquer ponto da Arena Carioca 3.
“Nos Jogos de Londres nós tínhamos arquibancadas apenas em dois lados das pistas (na frente das áreas de competição, que ficavam paralelas aos assentos). Aqui, nós temos cadeiras ao redor de todo o ginásio. Por isso, se usássemos a configuração tradicional (com quatro pistas formando um retângulo e com a quinta pista posicionada no centro), quem estivesse sentado nas laterais não teria uma boa visão dos combates do lado oposto. Com essa nova posição todos conseguem ver todos os combates”, explicou a dirigente.
Para a húngara Fanni Kreiss, atleta do florete, a posição das pistas foi uma novidade bem interessante. “Eu acho que esse novo formato é muito bom. É melhor do que a formação normal das competições. Creio que foi uma boa ideia, pois permite uma visão melhor de mais lugares para o público”, elogiou.
Do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br