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Atletismo

09/08/2015 15h43

Toronto 2015

Dominante no tênis de mesa paralímpico continental, Brasil busca fórmula para revelar talentos

Parceria com associações que tratam de crianças com deficiência é um dos caminhos para garantir que novas gerações pratiquem a modalidade

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Hegemônico no continente americano, com 12 medalhas de ouro conquistadas no último Parapan, em Guadalajara, e com pelo menos nove pódios já garantidos em Toronto (dois ouros confirmados), o tênis de mesa brasileiro procura, ao mesmo tempo em que se prepara para os Jogos Rio 2016, encontrar uma receita para garantir a detecção e formação de novos talentos.

Segundo o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, os próprios técnicos da equipe aproveitaram viagens ao exterior com a delegação nacional para investigar modelos adotados em outros países. E, na verdade, não encontraram uma fórmula. “Não encontramos um movimento estruturado, definido. E vivemos um pouco uma condição em que os atletas surgem meio que do nada. Não havia uma maneira mais profissional pensada para a formação de novos atletas”, disse.

Estrutura montada na AACD: ideia é tornar mais profissional a busca por novos valores paralímpicos. Foto: CBTM/Divulgação

O início do caminho, de acordo com o dirigente, está sendo estruturado agora em uma parceria com a Associação de Assistência à Criança Deficiente de São Paulo (AACD), que já tinha um trabalho informal com o tênis de mesa.

“Eles tinham um espaço bom, mas com mesas velhas. Doamos dez mesas, cinco importadas e cinco nacionais, investimos em iluminação, piso de competição e contratamos dois professores. A expectativa é de que o trabalho tenha início oficialmente em setembro”, disse o dirigente.

Campeã Parapan-Americana em Guadalajara e nona colocada no ranking mundial na Classe 4, para cadeirantes, Joyce Fernanda de Oliveira hoje treina em Brasília com a seleção, mas ainda é atleta da AACD. “Eu comecei muito por acaso. Quando tive o acidente, a cadeira do basquete me incomodava e eu tinha uma certa vergonha de usar maiô para a natação. Fui parar no tênis de mesa na AACD mais como reabilitação”, disse a atleta, que ficou paraplégica em função de um acidente. Quando tinha 12 anos, a cobertura de um ponto de ônibus desabou e atingiu a região da coluna.

“Lá já tinha muita gente que buscava a associação por indicação médica, mas geralmente para a natação. E a natação ficava cheia. Oferecendo o tênis de mesa, damos uma nova opção. Antes eles tinham 13 atletas. Hoje já são 30 e há uma expectativa de até mais 70 nos próximos meses”, disse Alaor Azevedo.

Joyce Oliveira no Parapan: nona no ranking mundial, ela foi parar no tênis de mesa mais por um acaso. Dirigentes querem ampliar acesso. Foto: CBTM

Migração em fases para o CT Paralímpico

Em outra frente, a do alto rendimento, a tendência é que a Seleção Brasileira migre para o Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo, que já superou os 97% de conclusão, de forma gradativa. A modalidade terá um espaço de 1.400 metros quadrados no complexo que vai receber 15 esportes paralímpicos.

“Depois da Rio 2016, a ideia é que lá vire nossa casa. Até lá, devemos fazer alguns períodos de treinamento de uma semana ou 15 dias com a seleção toda reunida”, afirmou José Ricardo Vale, técnico da seleção brasileira de cadeirantes. “É uma mudança muito drástica para ser feita de uma hora para outra”, justificou Alaor Azevedo.

Investimentos

Um convênio entre o Ministério do Esporte e a CBTM propiciou R$ 2,37 milhões em investimentos no tênis de mesa paralímpico. Os valores foram utilizados para equipar os CTs de Brasília (cadeirantes) e Piracicaba (andantes), e abrangem ajuda de custo e contratação de comissão técnica e consultor estrangeiro para preparação de 15 atletas, além da compra de equipamentos específicos. Há ainda um outro convênio, de cerca de R$ 1,49 milhão, para viagens. Além disso, os seis mesatenistas da equipe paralímpica permanente de Brasília recebem Bolsa-Atleta ou Bolsa-Pódio do Governo Federal.

Gustavo Cunha, de Toronto - Brasil2016.gov.br