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Condições ruins de vento contribuem para testes essenciais na Regata Internacional de Vela
As condições ruins de vento dificultam a programação da Regata Internacional de Vela, mas estão sendo essenciais para testar aspectos importantes na área de competição da modalidade. Nesta terça-feira (18.08), quarto dia de disputas na raia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, sete das 17 regatas previstas foram realizadas. A decisão sobre cada uma delas foi tomada com bastante cuidado.
“Deu pra fazer tudo que podia ser feito com o vento que entrou hoje. A comissão de regata fez a decisão correta de segurar os velejadores aqui (em terra) e aguardar, porque ficar boiando e esperando o vento é muito cansativo, especialmente neste sol. Acabou entrando uma brisa e fizemos algumas regatas. Uma parte está atrasada, mas na vela isso é normal. O importante é fazer as regatas boas. Foi um dia interessante para treinar para os Jogos, porque pode acontecer isso”, explicou Walter Boddener, gerente de competições de vela do Comitê Rio 2016.
Outro teste fundamental é o do sistema de resultados. “É uma questão nova toda a parte eletrônica de resultados que vai ser usada nos Jogos. É onde a gente está aprendendo muito e onde nós, brasileiros, temos que nos adaptar a essa nova realidade, com vários aparelhos e GPS. O maior aprendizado eu diria que é nessa parte de resultados”, disse. O sistema permite a disponibilidade praticamente imediata dos resultados online. As informações são passadas da área de competição para uma central e é distribuído inclusive para a imprensa.
Para o diretor de marketing da Federação Internacional de Vela (Isaf, na sigla em inglês), quanto mais desafiadores forem as condições, melhor para o teste, e isso inclui a água.
“Do que eu escutei dos atletas – que são as pessoas mais importantes – eles estão felizes com os progressos, especialmente com a questão de objetos flutuantes. Eles não tiveram problemas este ano e isso é uma ótima notícia. Claro que precisamos de condições mais duras para testar isso, não choveu nas últimas semanas, e seria ótimo se tivéssemos esse tipo de desafio. Hoje, por exemplo, tivemos pouco vento e é importante, pois testamos a organização, os equipamentos, o sistema de resultados, isso nos coloca sob pressão”, disse Malcolm Page.
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Giles Scott, britânico da classe Finn, elogiou a tomada de decisões da organização. “As regatas estão muito boas. As decisões corretas estão sendo tomadas em relação às regatas que devem ou não ser realizadas. E eles tiveram decisões difíceis para tomar nos últimos dias porque o tempo não está ajudando. Isso está indo bem”, disse. Das seis regatas previstas para a Finn até esta terça, apenas três ocorreram.
Jorge Zarif, brasileiro da mesma classe, concorda. “A organização das regatas em si está muito boa. Acho que o Rio 2016 encontrou uma fórmula boa de colocar nas comissões de regata um especialista da raia e um juiz internacional para trazer um pouco do que vêm sendo as regatas das Copas do Mundo e dos Campeonatos Mundiais e faz um mix legal e tem sido muito bom, apesar de os ventos não estarem ajudando muito”, disse.
Formação de oficias
A integração entre os 121 oficias nacionais e os 55 estrangeiros é uma das grandes apostas da organização. De acordo com Walter Boddener, há três anos, a formação dos oficiais locais é realizada em conjunto com a Isaf.
“O oficial técnico nacional é fundamental para fazer as regatas, ele conhece o local, então ele praticamente conduz a regata, ele é quem põe as marcas e eles são supervisionados pelos oficiais internacionais. Somente largada e chegada ficam a cargo dos oficiais internacionais, de acordo com requerimento do Comitê Olímpico Internacional. Sem os nacionais, na vela, a competição não sai. Esse é um trabalho em conjunto. A Federação Internacional apoia a formação dos nacionais e isso é um aprendizado e também um legado. A qualidade das regatas com certeza vai aumentar muito e poderemos trazer mais competições internacionais para o Brasil”, explicou.
Resultados do dia
Com um terceiro e um primeiro lugares nesta terça, Martine Grael e Kahena Kunze passaram a liderar a classificação geral da 49er FX. Na classe Laser, o bicampeã olímpico Robert Scheidt ficou em quarto na única regata realizada no dia e permanece em sexto no total. Fernanda Decnop ficou em quinto na disputa da Laser Radial e subiu para sétimo na classificação total.
“Não comecei a regata muito bem, mas por conhecer bem a Baía de Guanabara e saber o que ia acontecer, no segundo contravento da regata, que era um percurso por fora, consegui tomar a melhor decisão”, disse, explicando que cerca de um terço da flotilha a seguiu.
Na classe RS:X, Ricardo Winicki, o Bimba, se mantém na oitava colocação geral após mais duas regatas. Patrícia Freitas, no feminino, não foi bem na regata desta terça e caiu de sétimo para décimo terceiro. Não foram realizadas disputas das demais classes.
As regatas do Aquece Rio Regata Internacional de Vela prosseguem até o próximo sábado (22.08). Confira os resultados dos brasileiros, por classe, às 21h de terça (18.08)*:
» 470 masculino, após quatro regatas: Henrique Haddad e Bruno Bethlem – 11º
» 470 feminino, após quatro regatas: Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan – 11º
» 49er, após seis regatas: Marco Grael e Gabriel Borges – 11º
» 49er FX, após seis regatas: Martine Grael e Kahena Kunze – 1º
» Finn, após três regatas: Jorge Zarif – 11º
» Laser, após seis regatas: Robert Scheidt – 6º
» Laser radial, após seis regatas: Fernanda Decnop – 7º
» Nacra 17, após seis regatas: Samuel Albrecht e Isabel Swan – 16º
» RS: X masculino, após oito regatas: Ricardo Winicki – 8º
» RS: X feminino, após sete regatas: Patrícia Freitas – 13º
*Protestos de atletas podem mudar a classificação geral à medida que forem divulgadas as decisões da Comissão de Protestos
Carol Delmazo - brasil2016.gov.br