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Tenis de mesa

21/01/2016 10h18

Virada Olímpica

Como “desafiantes”, mesatenistas brasileiros chegam sem pressão ao Rio 2016

Embalada por um 2015 histórico, equipe é candidata a surpresa em casa num esporte dominado por asiáticos. Seleção iniciou a disputa do Circuito Mundial nesta semana

O ano olímpico mal começou e a seleção brasileira de tênis de mesa já tem compromisso no Circuito Mundial: até o próximo domingo (24.01), a equipe disputa a etapa da Hungria da série Major.  Três dias após esse torneio, é a vez do Aberto da Alemanha, da série Super, a mais importante do Circuito. São só os primeiros de vários compromissos do time até os Jogos Olímpicos Rio 2016.

“O período antes dos Jogos é bem movimentado, vamos ter várias competições fundamentais, como o Mundial por equipes, o Pré-Olímpico e a Copa Latina. Teremos também alguns abertos internacionais, como os da Hungria, Alemanha, Catar/Kuwait e Japão/Coreia. Então, até o fim de junho, os atletas vão jogar com os clubes deles e participar desses eventos. Em julho, vamos ter um período de quase um mês no Brasil para treinar e preparar para os Jogos”, explicou o francês Jean-René Mounie, técnico da equipe masculina.

A seleção chega a 2016 embalada por um 2015 histórico. No Circuito Mundial, a dupla formada por Gustavo Tsuboi e Hugo Calderano alcançou pelo menos as quartas de final em todas as etapas disputadas, com exceção do torneio no Kuwait, e foi prata no Catar, o melhor desempenho das Américas na história. Bruna Takahashi foi campeã cadete, o primeiro título mundial individual fora do eixo Ásia-Europa. Mas o grande destaque foi o sucesso nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.

Foram sete medalhas no Canadá, considerando o masculino e o feminino: dois ouros, três pratas e dois bronzes, incluindo aí feitos inéditos, como a primeira participação em uma final individual entre as mulheres, quando Lin Gui ficou com o segundo lugar. No masculino, o ouro individual de Hugo Calderano lhe garantiu a vaga nos Jogos Olímpicos.   

Hugo Calderano conquistou o ouro e a vaga olímpica no Pan de Toronto. Foto: ITTF

Por ser sede do megaevento, o Brasil já tem vaga por equipes e está garantido nas chaves de simples. No pré-olímpico do Chile, em abril, o país pode conseguir até duas vagas no individual de cada naipe. Caso o Brasil conquiste as duas no feminino e a outra vaga no masculino, a equipe será formada pelos atletas que faturarem as vagas, mais um (o terceiro mesatenista escolhido pela comissão técnica). Hugo Calderano é o único garantido até agora em função do resultado no Pan. Diferentemente da competição continental, para os Jogos Olímpicos a equipe anfitriã não trabalha com metas.

“Durante os Jogos Olímpicos seremos ‘desafiantes’, não temos interesse de colocar uma meta precisa, que bota mais pressão do que ajuda. Sabemos que podemos brigar e vencer os melhores, já comprovamos isso, e vamos fazer tudo para obter um desempenho especial”, explicou Jean-René.

O melhor resultado brasileiro em Olimpíadas foi em Atlanta 1996, quando Hugo Hoyama, atual técnico da seleção feminina, chegou às oitavas de final. Os resultados olímpicos são dominados pelos asiáticos e poucos países fora daquele continente conseguem ser medalhistas, como a Alemanha em Londres 2012 e Pequim 2008, ou a  Dinamarca em Atenas 2004. O Hugo “da vez”, o Calderano, teve o gostinho de subir ao pódio nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China, em 2014, tendo conquistado o bronze. Na competição de 2016, o mesatenista de 19 anos (completa 20 em junho) não teme a pressão de jogar em casa e quer superar expectativas.

“Acredito que tenho uma força mental e foco muito grandes, então jogar em casa não vai ser problema. Espero conseguir pegar a energia da torcida e usar ao meu favor. Vai ser uma experiência nova e legal. Apesar de minhas maiores esperanças serem os Jogos de 2020 e 2024, espero surpreender em 2016”, disse Calderano, que disputa a Liga Alemã pelo Liebherr Ochsenhausen.

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No feminino, Lin Gui fez história ao conseguir uma inédita prata individual no Pan de Toronto. Foto: CBTM

Investimentos

Desde 2010, o Ministério do Esporte celebrou seis convênios com a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) que, juntos, somam mais de R$ 12 milhões e contemplam as seleções olímpica e paralímpica. Os objetivos são variados: preparação de atletas no Brasil e no exterior; estruturação de centros de treinamento, com aquisição de diversos equipamentos, desde mesas de jogo a aparelhos de fisioterapia; contratação de comissão técnica, incluindo profissionais estrangeiros; e participação nas principais competições internacionais, com custeio de transporte aéreo e terrestre, alimentação e hospedagem.

Para o experiente Thiago Monteiro, estrutura e condições de crescimento hoje são bem mais favoráveis. Foto: ITTF

Thiago Monteiro, o atleta mais experiente da seleção, com 34 anos, é um dos mais que acompanharam a mudança de patamar e de oportunidade ocorrida na modalidade. “Na idade do Hugo Calderano (19 anos), ele já viajou quatro vezes mais do que eu quando tinha a mesma idade. Já jogou Mundial, Olimpíada juvenil. São momentos diferentes. Eles estão toda hora jogando Liga fora, torneio fora. Eu jogava uma ou duas vezes por ano. Hoje é completamente diferente”, disse.

“Acho que os investimentos são bem melhores do que no passado e que nossa estrutura esta evoluindo de um jeito regular. Com certeza, o fato de ter os jogos em casa ajuda, os meios são diferentes e a atenção de todos para nossa modalidade é bem maior”, avaliou Jean René, que está na oitava temporada na seleção brasileira.

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br