Atletismo
Virada Olímpica
Com vagas asseguradas, basquete em cadeira de rodas quer manter evolução
No basquete em cadeira de rodas, as equipes que buscarão uma medalha nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 terão um luxo que poucas modalidades desfrutarão. Com as 22 equipes (12 no masculino e 10 no feminino) definidas desde o fim de 2015, treinadores e jogadores terão meses para focar apenas na preparação e nos treinamentos, sem ter de se preocupar com seletivas e torneios qualificatórios.
Para o Brasil, a situação é ainda melhor, já que o fato de sediar os Jogos assegura a vaga tanto no masculino quanto no feminino. A tranquilidade, no entanto, é parcial, já que os atletas sabem que precisam evoluir para chegar ao nível dos maiores rivais. “Temos que treinar mais ainda, porque são as melhores equipes do mundo. Temos que mostrar aqui na nossa casa que o basquete tem um nível competitivo”, cobra Lia Maria, eleita a melhor atleta da modalidade no Prêmio Paralímpicos 2015.
A única definição que falta é quem serão os 12 de cada seleção que representarão o país nos Jogos em casa. “O time ainda não está formado. Vai começar tudo de novo, com convocações e fases de treinamento. Vai depender de quem se sobressair. São 12 vagas e ninguém sabe quem vai ficar com elas ainda”, explica Lia, que busca a terceira participação nos Jogos.
A atleta esteve em quadra em Pequim 2008 e Londres 2012 e fez parte da evolução da equipe feminina. Desde a primeira participação das mulheres do Brasil nos Jogos Paralímpicos, a equipe vem mostrando evolução constante. No Parapan de Toronto, em 2015, a equipe conquistou o bronze. Em 2016, o objetivo é chegar entre as melhores. “Dá para chegar entre os cinco primeiros. A gente vem numa crescente de uns tempos para cá. Se bobearem e deixarem brecha, a gente consegue ir mais além ainda”, diz a veterana da seleção.
O time feminino estreou nos Jogos Paralímpicos em Atlanta 1996. Naquela edição, foram quatro derrotas em quatro jogos, 64 pontos a favor e 274 contra. Após o fraco desempenho, o time ficou fora das duas edições seguintes, e retornou em Pequim 2008. Novamente as brasileiras ficaram na última posição, com cinco derrotas em cinco jogos. Desta vez, a equipe marcou 173 pontos e sofreu 311.
O salto maior veio em Londres 2012. Mesmo com a eliminação na primeira fase, com quatro derrotas em quatro partidas, o Brasil fez um jogo duro contra a Austrália, vencido pela seleção da Oceania por 52 x 50. As australianas avançaram até a final, ficando com a medalha de prata, ao perder a decisão para a Alemanha. Já o Brasil disputou o 9º lugar contra a França e conquistou a primeira vitória na história do evento: 59 x 35.
Em busca do top 8
Assim como a equipe feminina, a seleção masculina vai para a quarta participação nos Jogos Paralímpicos. O time passou por reformulação tanto de atletas quanto de mentalidade após o quarto lugar nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015 e espera dar um salto no Rio 2016.
Para Thiago Frank, técnico da equipe desde de setembro de 2015, a equipe já demonstrou que tem potencial para fazer jogos equilibrados com a elite da modalidade. No ano passado, a seleção renovada enfrentou a Austrália, atual campeã mundial e medalha de prata nos Jogos de Londres 2012, em uma série de três amistosos e saiu de quadra com duas vitórias e uma derrota.
“Começamos a perceber nuances de uma seleção que tem potencial. Nossa meta é colocar o Brasil entre as oito melhores do mundo no Rio 2016”, projeta o treinador. “Fazer esses amistosos nos permitiu perceber esse potencial e trabalhar a confiança deles em resultados positivos”, acrescenta.
De janeiro até os Jogos Paralímpicos, tanto a seleção masculina quanto a feminina se reunirão para fases de treinamento, a maioria delas em Niterói, na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef), tradicional centro de treinamento das equipes. “Conheci a Andef no ano passado e tem uma estrutura condizente, que facilita o trabalho ao permitir que os atletas permaneçam no local de treinamento. Como o tempo é curto, os treinos são intensos. Procuramos tirar o máximo de proveito”, explica.
A intenção, no entanto, é aproveitar também o Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Para Frank, a nova casa do esporte paralímpico do país poderá desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento do basquete em cadeira de rodas.
“Me parece uma estrutura de primeiro mundo, com todo recurso e aparato tecnológico para o alto rendimento. Acredito que vai surgir para que a gente busque a excelência e as condições para nos equipararmos aos melhores em termos de trabalho técnico, tático e mental”, aposta o treinador.
EQUIPES CLASSIFICADAS PARA O RIO 2016
Feminino
Brasil, Alemanha, Holanda, Grã-Bretanha, França, China, Canadá, Argélia, Argentina e Estados Unidos
Masculino
Brasil, Grã-Bretanha, Turquia, Alemanha, Holanda, Espanha, Austrália, Canadá, Irã, Japão, Estados Unidos e Argélia
Vagner Vargas, brasil2016.gov.br