Taekwondo
Virada Olímpica
Com equipe recorde, taekwondo faz planos de participação histórica no Rio
Os primeiros 48 dias de 2016 são de grande expectativa para 19 atletas brasileiros do taekwondo. Desse grupo sairão os três lutadores que se juntarão à já classificada Iris Tang Sing na equipe que defenderá o país nos Jogos Olímpicos de 2016. A missão da maior delegação brasileira para a modalidade em uma Olimpíada não é modesta. A meta da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) é triplicar o número de medalhas olímpicas do país.
No taekwondo, cada nação pode classificar no máximo um atleta para cada uma das oito categorias olímpicas – quatro masculinas e quatro femininas. Por ser país-sede, o Brasil tem quatro vagas garantidas para os Jogos do Rio e priorizou aquelas em que tinha maior potencial. Como Iris já carimbou o passaporte pelo ranking olímpico na categoria 49kg, restaram três vagas, a serem definidas em fevereiro.
O processo interno organizado pela CBTKD tem duas fases e será aberto a atletas de quatro categorias. Na primeira seletiva, em 17 de janeiro, a disputa feminina terá sete atletas na categoria 57kg. Duas lutadoras da categoria 49kg competirão para definir quem será a reserva de Iris. A seletiva masculina reunirá seis atletas na categoria 58kg e outros seis na categoria acima de 80kg.
Os três melhores de cada categoria (excluindo a 49kg feminina) disputarão a segunda seletiva, em 14 de fevereiro, quando os vencedores celebrarão a classificação para os Jogos Olímpicos. A partir daí, terá início o intenso processo de preparação montado pela CBTKD.
“Nossa ideia foi fazer as seletivas logo no início do ano para fechar o mais rápido possível a delegação e poder iniciar a preparação”, explicou Alexandre Lima, diretor técnico da confederação. Segundo ele, já existe um plano preparado, apenas aguardando a definição dos classificados. Após uma etapa de avaliações físicas, haverá cinco blocos de treinos até os Jogos.
Assim, os atletas passarão longas temporadas no Rio neste primeiro semestre, mas não vão morar na cidade em tempo integral. “A gente vai progressivamente trazê-los. Em março, teremos uns 12 dias. Depois, mês a mês, haverá intervalos de 12, 15 ou até 20 dias. Encerrando cada bloco de treinamento, eles voltam para suas cidades e continuam os trabalhos com seus técnicos”, disse o diretor técnico da CBTKD.
Há ainda duas competições fora do país previstas, que serão definidas de acordo com o calendário internacional. Além disso, a CBTKD planeja um intercâmbio com atletas estrangeiros para fortalecer o nível técnico da preparação e aposta que o evento-teste, em 20 e 21 de fevereiro, será estratégico. Serão 16 atletas em cada uma das categorias, e o Brasil pode ter mais de um representante por peso. “Já sabemos que México, Estados Unidos e França terão aqui as equipes principais. E a França fará um camping no Rio com a gente logo depois do evento-teste”.
A participação dos atletas olímpicos nas competições do primeiro semestre não será voltada para a conquista de pódios. “Vamos priorizar o treinamento e a manutenção do atleta em ritmo, além de adequá-los psicologicamente para os Jogos Olímpicos. Também estamos planejando, no quarto bloco de treinamento, em maio ou junho, trazer três equipes de fora para um camping conjunto no Brasil”, disse Alexandre.
No Rio, serão usadas para treinos três instalações, duas delas em instituições militares que receberam investimentos federais para a qualificação de estrutura e de equipamentos. “A Seleção poderá trabalhar no CCefex (Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca), no Cefan (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes, na Penha) e na estrutura do Time Brasil, no Maria Lenk (na Barra da Tijuca)”, explicou o dirigente.
Medalhas
Levando-se em conta o histórico de outras modalidades em Jogos Olímpicos, o taekwondo é um esporte recente. A estreia foi na edição de Sydney, 2000, e oito anos depois o Brasil chegou ao pódio, em Pequim 2008.
Na China, o país participou com sua maior delegação até hoje. Três atletas defenderam o Brasil – Natália Falavigna, Márcio Wenceslau e Débora Nunes – e Natália fez história ao faturar a medalha de bronze, a única da modalidade até aqui. Mas os planos da CBTKD são triplicar esse número. “Dentro do nosso planejamento, a gente está trabalhando com a possibilidade de duas medalhas olímpicas”, afirmou Alexandre Lima.
Nascida em Itaboraí, no Rio de Janeiro, Iris Tang Sing completará 26 anos em 21 de agosto de 2016, coincidentemente na mesma data de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio. Quando esse dia chegar, ela espera já ter realizado o grande sonho de sua vida. “Se Deus quiser, esse é o objetivo. Eu nem sabia que o meu aniversário ia cair no encerramento das Olimpíadas. Vai ser inesquecível, com certeza”, declarou a lutadora.
Para ela, a conquista antecipada da vaga olímpica traz alívio e simboliza a recompensa por um ano intenso. “Foi um ano difícil, de sacrifício e muitas viagens. Fui para quatro países seguidos para lutar em outubro (Argentina, México, Cazaquistão e Israel), sempre controlando o peso, mas tudo deu certo”, afirmou.
Para ela, o Brasil tem total capacidade de cumprir a meta de pódios estabelecida pela CBTKD para os Jogos Olímpicos. “Eu sinto que temos condições. Ainda não sei quem vai conquistar as outras vagas, mas creio que vamos ter bastante chance de medalhas”.
Apoio psicológico
Quando pensa que irá competir em sua primeira Olimpíada justamente em casa e diante da família, dos amigos e de milhares de outros brasileiros, Iris Sing não esconde que sente um frio na barriga. “Creio que vai ser mais complicado e que vou ficar mais nervosa por estar dentro de casa e diante a torcida toda”, confessou. “Mas outros atletas que já lutaram no Pan (em 2007, no Rio de Janeiro) me disseram que em casa vai tudo a favor do atleta do país e que a torcida empurra bastante”, ressaltou.
Seja como for, ela adiantou que precisará de ajuda extra nos próximos meses. “Ainda não faço trabalho psicológico, mas vou procurar para chegar tranquila e lidar melhor com a ansiedade”.
O CAMINHO DO TAEKWONDO
Vagas garantidas
Cada nação pode levar no máximo 8 atletas para os Jogos Olímpicos – 4 no masculino e 4 no feminino. Por ser país-sede, o Brasil tem quatro vagas garantidas, das quais uma já tem dono: Iris Tang Sing, da categoria até 49kg.
Torneios classificatórios
A definição das outras três vagas será feita por meio de duas seletivas internas organizadas pela Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD). Participarão atletas das categorias 49kg (para definir a reserva de Iris Sing) e 57kg, no feminino; e 58kg e acima de 80kg, no masculino.
» 1ª Seletiva – Santos (SP) – 17 de janeiro
Os três melhores das categorias 57kg, no feminino; e 58kg e acima de 80kg, no masculino, avançam para a segunda seletiva.
» 2ª Seletiva – Rio de Janeiro – 14 de fevereiro
Só o melhor em cada categoria carimba o passaporte para os Jogos Olímpicos.
Estrutura de treinos
» CCefex (Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca)
» Cefan (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes, na Penha)
» CT do Time Brasil, no Maria Lenk (na Barra da Tijuca)
Melhor resultado em Jogos Olímpicos
Em Pequim 2008, Natália Falavigna conquistou o bronze, único pódio da modalidade até aqui.
Metas para os Jogos Rio 2016
A CBTKD tem como objetivo conquistar duas medalhas na capital fluminense.
Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br