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Tenis de mesa

10/03/2018 11h55

Tênis de Mesa

Calderano atropela fenômeno japonês e chega à semifinal no Qatar

Com uma mistura de agressividade e precisão incomuns, brasileiro faz 4 x 0 no número 12 do mundo e está entre os quatro melhores, ao lado de três chineses

Tomokazu Harimoto é famoso no circuito mundial do tênis de mesa por dois fatores: o primeiro é a sua técnica e velocidade impressionantes, que fizeram com que ele chegasse, aos 15 anos, ao top 12 do ranking mundial. O segundo é o seu jeito característico de celebrar cada ponto, com gritos e braços ao alto, que muitos adversários consideram no limite do desrespeitoso.

Brasileiro Hugo Calderano: grandes chances de se aproximar do top ten do ranking mundial. Foto: ITTF

Neste sábado, nas quartas de final do Aberto do Qatar, contudo, Harimoto não foi Harimoto. Pouco pôde gritar e muitas vezes foi para o fundo da área de jogo buscar bolinhas que Calderano atacava e contra-atacava com uma potência e regularidade impressionantes.

O brasileiro, que iniciou a competição em Doha na décima quinta posição do mundo, jogou como se aquele fosse um duelo entre um profissional contra um amador. Foi soberano. Aplicou 4 sets a 0 com uma combinação de recepções precisas, forehands incrivelmente rápidos, saques bem articulados e uma capacidade de antever as jogadas do adversário que minava as ações de Harimoto.

"Eu acho que joguei muito bem desde o início, e assim não dei muitas chances. Eu estava focado e agressivo. Já tinha perdido dele duas vezes, então foi muito bom vencer essa terceira"
Hugo Calderano

O placar final diz muito sobre essa consistência: 11/5, 11/6, 11/6 e 11/7, ou 44 pontos contra 24 do adversário, algo muito difícil de ocorrer no circuito mundial entre adversários do mesmo nível. E a diferença só não foi ainda maior porque Calderano teve um breve lapso de concentração quando o jogo estava 10/3 no quarto set. Com sete match points na mão, o brasileiro relaxou o suficiente para ver Harimoto fazer quatro pontos em sequência. Foi o momento de pedir tempo, respirar, voltar para a mesa e fechar o jogo.

"Eu acho que joguei muito bem desde o início, e assim não dei muitas chances. Eu estava focado e agressivo e ficou difícil para ele poder jogar o melhor que pode. Eu já tinha perdido dele duas vezes, então foi muito bom vencer essa terceira", afirmou Calderano. 

Os dois atletas fizeram um duelo extremamente equilibrado em agosto do ano passado, na semifinal do Aberto da República Tcheca. Na ocasião, Calderano teve cinco match points na sétima e última parcial, mas Harimoto resistiu e fechou o set em 16/14 e o jogo em 4 a 3. A outra oportunidade em que jogaram foi na semifinal do Torneio Sub-21 do Aberto do Japão, em 2016. Harimoto venceu por 3 a 0. "Acho que meu nível subiu muito desde os últimos confrontos. Claro, ele também melhorou, mas acho que estou jogando bem neste torneio", disse Calderano.

Confira os melhores momentos do jogo:

 

No Aberto do Qatar, Calderano já havia conquistado um feito impressionante na sexta-feira, ao bater o número 1 do ranking mundial, o alemão Timo Boll, por 4 sets a 1. Agora, ele está na semifinal do torneio que faz parte do que seria o "Grand Slam" do tênis de mesa, ao lado de três atletas da China, país hegemônico na modalidade.

Calderano disputará a vaga na decisão ainda neste sábado, a partir das 14h30 (de Brasília), diante de Lin Gaoyuan, atual número quatro do mundo. O chinês também teve uma partida à beira da perfeição nas quartas de final. Diante de Wong Chun Ting, de Hong Kong, aplicou um 4 x 0 inconstestável (11/7,11/4, 11/7 e 11/7). A outra semifinal, entre os dois outros chineses, terá frente a frente o número 2 do mundo, Fan Zhendong, e o número 5, Xu Xin.

Qualquer que seja o resultado da semifinal, o brasileiro já repete o resultado do Aberto da Hungria. Em Budapeste, Calderano também ficou entre os quatro melhores. Ele confirma, assim, o segundo pódio na segunda competição do Circuito Mundial em 2018.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br