Brasil supera pressão mexicana, vence duelo por 2 x 0 e se garante nas quartas

Atualizada às 18h10

O "professor" Juan Carlos Osorio havia prometido: o México atacaria o Brasil com até com cinco jogadores e faria uma partida corajosa, ofensiva. O treinador prometeu e o time cumpriu. Os primeiros 25 minutos do duelo pelas oitavas de final da Copa do Mundo em Samara, na Rússia, foram de um sufoco a que a Seleção Brasileira não estava acostumada até então.

O México encurralou a Seleção Brasileira, impediu saídas de bola, atuou pelos flancos e criou pelo menos três boas chances de finalização, detidas pelos pés dos zagueiros brasileiros e por uma saída do goleiro Alisson. Com a defesa mantendo a consistência de sempre, devagarinho o meio e o ataque começaram a funcionar. Neymar, Coutinho, Paulinho, Willian e as chegadas dos laterais assustaram os mexicanos.

Gols, contudo, só no segundo tempo. O Brasil iniciou a segunda etapa pressionando com nova formação tática, encurralando o México em sua defesa e com atuação destacada de Willian. Aos seis minutos, Neymar fez bela jogada na entrada da área, levou a marcação de três adversários e deixou de calcanhar para Willian. O meia do Chelsea invadiu a área pela esquerda e chutou cruzado. Neymar, que havia acompanhado o lance, chegou na pequena área para conferir e vencer o ótimo goleiro Guillermo Ochoa.

Com o placar adverso, o México se abriu um pouco mais para tentar a igualdade, mas a zaga brasileira estava melhor postada. As melhores chances de gol foram para o Brasil ampliar, em finalizações de contra-ataque de Neymar, Paulinho e William, que pararam no goleiro Ochoa.

No fim, aos 43 minutos, Roberto Firmino, que havia entrado aos 40, aproveitou um belo contra-ataque armado por Fernandinho, que encontrou Neymar na entrada da área pelo lado esquerdo. Neymar avançou, ficou cara a cara com Ochoa e tocou de lado. A bola resvalou no bico da chuteira do goleiro e deu o tempo certinho para Firmino chegar e conferir o segundo gol.

"O que fica é que tem momentos da partida em que a gente tem de saber sofrer. Sabemos bem fazer isso. Foi difícil. Sabíamos da qualidade da outra equipe. Estamos há muitos jogos sem sofrer gols pela qualidade que temos lá atrás, pelos zagueiros e defensores que temos"

Neymar

"Fico muito feliz pela vitória, pela equipe. Estamos mostrando um futebol incrível, de garra, de luta", celebrou Firmino. "Foi um jogo de paciência, de concentração. Conseguimos segurar o ímpeto deles no primeiro tempo, tivemos ajustes no intervalo e acredito que fomos melhores e merecemos a vitória na segunda etapa", completou o meia Philippe Coutinho.

Rumo a Kazan

Com o resultado, o Brasil conquistou a vaga para as quartas de final da Copa do Mundo, entre os oito melhores das 32 equipes que iniciaram o Mundial. O Brasil encara a Bélgica, que venceu o Japão de virada, por 3 x 2. O jogo das quartas será em Kazan, a partir das 15h, na sexta-feira, 6 de julho. 

Para esse duelo, Tite terá uma baixa. O volante Casemiro tomou o segundo cartão amarelo e terá de cumprir a suspensão automática. O substituto natural dele é Fernandinho.

Em termos numéricos, a "Era Tite" passa a ter uma coleção de 20 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota em 25 jogos disputados. Um time que marcou 54 gols e sofreu apenas seis. Na Copa do Mundo, a pós o empate por 1 x 1 na estreia contra a Suíça, o time acumula três vitórias na sequência por 2 x 0 (Costa Rica, Sérvia e México).

"A equipe inteira está de parabéns. O que fica é que tem momentos da partida em que a gente tem de saber sofrer. Sabemos bem fazer isso. Foi muito difícil. Sabíamos da qualidade da outra equipe. Estamos há muitos jogos sem sofrer gols pela qualidade que temos lá atrás, pelos zagueiros e defensores que temos", disse Neymar, eleito pela sondagem da FIFA como o melhor em campo.

"Sem dúvida soubemos lutar durante os 90 minutos mais os acréscimos. O time brigou e soube jogar com a bola e sem a bola. Copa do Mundo é isso. Brigar até o final. Estou feliz pela minha atuação, mas mais feliz pela vitória da equipe, disse Willian.

O goleiro Ochoa tenta, com a ponta da chuteira, deter a finalização de Neymar, que encontraria em seguida Firmino, para anotar o segundo gol. Foto: Getty Images

Segue a sina das oitavas

No lado mexicano, o goleiro Ochoa, que acumulou mais de 20 defesas importantes na Copa, lamentou que o bom início de jogo realizado pelos mexicanos não tenha se transformado em gols. "No âmbito pessoal fico tranquilo por ter participado bem na Copa, mas não posso estar contente porque o México não foi adiante. Realmente em campo nos faltou precisão em alguns momentos em que poderíamos ter feito um gol. Mas futebol é assim mesmo", afirmou Ochoa.

Já o técnico do México, Juan Carlos Osorio, delegou à arbitragem parte da responsabilidade por sua equipe ter ficado pela sétima vez nas oitavas de final de uma Copa e não ter, até hoje, chegado ao grupo dos oito melhores. "Acho que tivemos um jogo com posse de bola de 53%, o que mostra que tivemos o controle. A perda da nossa veemência no segundo tempo tem a ver com a arbitragem em alguns lances em que os atletas deixaram de querer jogar para fazer simulações. Os jogadores estão se cansando disso. Não me parece um bom exemplo para o mundo do futebol", reclamou o treinador, sobre alguns lances em que Neymar teria, segundo ele, simulado faltas e ficado muito tempo em atendimento médico.

"De qualquer forma, quero agradecer aos torcedores e me desculpar por não termos conquistado nosso objetivo. Eles são, definitivamente, os melhores torcedores do mundo", afirmou Osorio. Na parte técnica, o treinador avaliou que faltou aos seus comandados a qualidade extra presente no time brasileiro. "Ser capaz de jogar nesse nível com um time como o Brasil mostra que o México tem um ótimo time. Nós só não tivemos aquela qualidade extra que os brasileiros tiveram na frente do gol. Foi um jogo equilibrado e isso fala muito sobre o nosso estilo", disse.

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