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Toronto 2015

26/07/2015 22h35

Toronto 2015

Balanço: desempenho no Pan credencia Brasil para brigar pelo Top 10 em 2016

Segundo dirigentes, mesmo com 70% de estreantes na delegação, resultado obtido cumpre meta de terminar entre os três melhores, deixa Cuba para trás pela primeira vez em 48 anos, amplia o leque de modalidades em que o país é competitivo e indica que investimentos e incentivos estão alcançando o rumo pretendido

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Durante 18 dias (entre 9 e 26 de julho), a cidade de Toronto e 16 municípios da região de Ontário viveram um período de intensa movimentação. Mais de 6.100 atletas, de 41 nações, competiram em 365 provas de 36 esportes nos Jogos Pan-Americanos e foram acompanhados de perto por uma multidão de torcedores, já que 1,05 milhão dos 1,3 milhão de ingressos disponíveis foram vendidos. Com esses números, o Pan de Toronto fica marcado como a maior competição multiesportiva da história do Canadá, superando em números as Olimpíadas de Inverno de Vancouver de 2010.

O Brasil volta para casa tendo assegurado o terceiro lugar no quadro de medalhas e cumprido o objetivo de terminar entre os top 3. Os Estados Unidos lideraram, com 265 medalhas (103 ouros, 81 pratas e 81 bronzes), seguidos do Canadá, com 217  (78 ouros, 69 pratas e 70 bronzes).

A delegação nacional faturou 141 medalhas, coincidentemente o mesmo número da edição de 2011 dos Jogos Pan-Americanos, disputados em Guadalajara. No México, há quatro anos, foram 48 ouros, 35 pratas e 58 bronzes. Desta vez a delegação do país volta para casa com 41 ouros, 40 pratas e 60 bronzes.

» Confira a lista de todas as medalhas brasileiras em Toronto 

 

Para Marcus Vinícius Freire, diretor-executivo de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil, apesar da redução no número de ouros, o Brasil conseguiu no Canadá um feito importante: pela primeira vez em 48 anos o país termina com vantagem sobre Cuba e amplia o leque de modalidades no pódio. Os caribenhos deixam Toronto com a quarta melhor campanha da competição, com 97 medalhas (36 de ouro, 27 de prata e 34 de bronze). Em Guadalajara, Cuba foi o segundo colocado, com 136 pódios (58 ouros, 35 pratas e 43 bronzes).

"Ficamos à frente de Cuba com uma margem boa, e cada vez com mais modalidades envolvidas, mais caras novas. Então, o balanço geral é de que foi completamente dentro do planejado no nosso mapa estratégico, em conjunto com o Ministério do Esporte, confederações e com patrocinadores", disse Freire. 

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O ministro do Esporte, George Hilton, considera que o resultado é também um espelho de uma política de investimentos que injetou mais de R$ 500 milhões desde 2010 nas modalidades que foram disputadas no Pan, entre recursos para atletas, compras de equipamentos, estruturação de centros de treinamento e contratação de profissionais.

"Independentemente de qualquer coisa, avalio a participação como extremamente positiva. Em primeiro lugar porque mais de 70% dos atletas que foram competir lá são bolsistas do Ministério do Esporte, ou seja, pagamos uma bolsa mensal para que eles treinem, financiamos viagens para treinamentos, inclusive fora do país. Em segundo lugar, porque muitas histórias de bolsistas são verdadeiras lições de vida. Temos o Davi Albino, bronze na luta greco-romana, que era flanelinha, perdeu a casa para o tráfico de drogas, e que graças ao Bolsa-Atleta mudou de vida. Hoje recebe a Bolsa Pódio, que tem os valores mais altos pagos por nós", disse o ministro.


Marcus Vinícius Freire sustenta, também, que os Jogos no Canadá tiveram caráter diferenciado para o Brasil em relação a outras edições. "Daqui a um ano teremos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e, como serão em casa, não temos necessidade de classificação em todas as modalidades. Em função disso, trouxemos uma delegação mista, com alguns atletas com muita bagagem, como Robert Scheidt, Arthur Zanetti, Rodrigo Pessoa, mas tínhamos muita juventude, com 70% da delegação estreando em Jogos Pan-Americanos. Mais de 80% tinham entre 15 e 25 anos, ou seja, é uma delegação olhando para frente", afirmou.

Na opinião do dirigente, o Pan foi um degrau importante para o país chegar à meta de ficar entre os 10 melhores em 2016. Meta que passa, segundo Vinícius, por uma decisão de dar consistência aos investimentos. "Nesse quadriênio tivemos um alinhamento importante dos investimentos: Ministério do Esporte, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Defesa e o COB sentaram juntos e botaram os recursos na mesma direção. Escolhemos algumas modalidades como foco, não deixamos nenhuma de lado, então todos os atletas estão tendo a melhor preparação possível, mas focados em algumas que têm mais chances de ganhar medalhas, que vão nos ajudar a chegar ao Top 10", disse.

A presidenta Dilma Rousseff saudou a participação dos atletas e reforçou o empenho do governo federal em dar suporte as conquistas da delegação nacional. "Mais de 70% da delegação brasileira em Toronto é formada por bolsistas do Ministério do Esporte. Tenho certeza de que vamos colher ainda mais frutos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem", afirmou a presidenta.

O canoísta Isaquías, a seleção de handebol, o mesatenista Hugo Calderano e o lutador Davi Albino: estrutura e pódio

Exemplos simbólicos

» Isaquias e o Segundo Tempo
Nascido em Ubaitaba, na Bahia, e revelado pelo Projeto Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, Isaquias Queiroz voltou de Toronto com duas medalhas de ouro e uma prata, com direito a tempos que lhe dariam o pódio nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Leia reportagem completa

» Albino e a Bolsa-Atleta
Ex-menino de rua que diz ter encontrado na luta olímpica um caminho e na Bolsa-Atleta um aliado, Davi Albino foi bronze na categoria 98kg da luta greco-romana. “Quando passei a receber a Bolsa-Atleta, não tinha nada, e foi quando parei de tomar conta de carro. Porque aí pensava: ‘Já tenho R$ 750 todo mês’. E pensava: ‘Se me esforçar e ganhar uma medalha lá fora, posso passar a ganhar R$ 1.850 de bolsa’. Fui passando de fase em fase”, afirmou Albino, que hoje recebe a Bolsa Pódio do governo federal. Leia a reportagem completa

» Handebol caça-talentos
Ouro no masculino e no feminino no Pan, o Handebol brasileiro vive um período de conquistas, pautado em investimentos federais e gestão diferenciada. Segundo o técnico da Seleção Brasileira masculina, o espanhol Jordi Ribera, ações para buscar novos atletas em mais de 20 estados permitem aprimoramento técnico e ampliam as chances de renovação qualificada. 

» Sete de oito pódios no tênis de mesa
Com uma campanha histórica em Jogos Pan-Americanos, o tênis de mesa brasileiro esteve em todas as finais da competição, conquistou dois ouros, três pratas e ainda saiu de Toronto com dois bronzes. Retrato, segundo atletas e dirigentes, de uma era de investimentos em intercâmbios, em técnicos estrangeiros, em material de primeira linha e na consolidação de centros de treinamento

» Judô fecha o Pan com 13 pódios em 14 possíveis

» Natação soma 26 medalhas e Thiago Pereira se torna, de fato, o Mr. Pan

» Vela sempre competitiva e Robert Scheidt se despede com prata

» Ouros no basquete masculino e no futebol feminino

» Arthur Zanetti conquista o último ouro que faltava em sua lista

Cerimônia de encerramento do Pan: canadenses consideraram o evento um sucesso de público e de repercussão. Foto: Getty Images

Canadenses satisfeitos e ensaio para 2016

“Eu sempre soube que os Jogos Toronto 2015 seriam fenomenais”, declarou Saäd Rafi, diretor-executivo da competição. “Mas eles excederam minhas expectativas. O resultado foi incrível. Os atletas nos emocionaram, os canadenses abraçaram os Jogos e nossas comunidades foram calorosas com atletas e visitantes. Todas as pessoas, não apenas em Toronto, mas em toda a região, devem estar orgulhosas do que alcançamos juntos”, disse.

Aos cerca de 2 mil profissionais de imprensa que desembarcaram em Toronto para o evento, somaram-se aproximadamente 23 mil voluntários. Entre eles estava a brasiliense Renata Reis Almeida, que diz ter ficado maravilhada com a oportunidade de trabalhar no Pan.

Ela desembarcou no Canadá há um ano e dois meses para fazer uma pós-graduação em comunicação e foi uma das voluntárias do Pan. “Eu estendi a minha estada no Canadá só para viver essa experiência e foi espetacular”. Para ela, o próximo passo é tentar atuar nos Jogos do Rio 2016. “Uma das coisas que me motivou para fazer esse trabalho voluntário é que quero muito trabalhar nas Olimpíadas. Tenho certeza de que os Jogos no Rio serão lindos e adoraria fazer parte e contribuir com o que puder”, continuou.

Entre os atletas, ficou a sensação de terem disputado uma grande competição no Canadá, o que só aumenta a expectativa para o que muitos sonham viver no ano que vem, no Rio de Janeiro.

Esses são os sentimentos que a colombiana Doris Esmid Patiño, que disputou o Pan no taekwondo, experimentou. Ela elogiou a competição canadense e, agora, diz que focará todas as atenções para 2016. “Falta só um ano para os Jogos do Rio. Tenho certeza de que será um evento incrível e estou me preparando forte para competir lá”, adiantou.

Para o prefeito de Toronto, John Tory, o Pan viverá por muito tempo na memória dos canadenses. “Os Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 foram um grande sucesso e os inesquecíveis atos dos atletas, juntamente com toda a celebração cultural em toda a cidade, viverão por gerações. O legado ultrapassou o esporte com o desenvolvimento de novas vizinhanças como a West Don Lans, que foi a casa da Vila Pan-Americana, e o Union-Person Express para o aeroporto (ligação que foi feita entre o Aeroporto de Pearson e a estação Union, no centro da cidade). Esse incrível momento dos Jogos Pan-Americanos certamente vai continuar com os Jogos Parapan-Americanos,  que começam em poucas semanas”, declarou Tory.

O Parapan, entre 7 e 15 de agosto, reunirá 1.608 atletas, de 28 países, que voltarão a empolgar os canadenses e os visitantes. Eles disputarão 460 provas com medalhas em 16 modalidades que valem vaga para os Jogos Paralímpicos Rio 2016. 

Luiz Roberto Magalhães, de Toronto – brasil2016.gov.br