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Atletismo

04/01/2016 16h13

Virada Olímpica

Atletismo planeja entre 11 e 14 ouros nos Jogos Paralímpicos

Desempenho na modalidade será fundamental para ajudar o Brasil a chegar ao top 5 na classificação geral. Plano prevê entre 35 e 40 pódios

Em se tratando de Jogos Paralímpicos, o Brasil vive uma ascensão contínua no quadro de medalhas nas últimas edições da competição. Até os Jogos de Sydney, em 2000, o país jamais havia se classificado entre os 20 melhores. Depois disso, impulsionados por recursos da Lei Agnelo-Piva, sancionada em 16 de julho de 2001, e beneficiados com outros programas como Bolsa Atleta, Lei de Incentivo ao Esporte, e, mais recentemente, Plano Brasil Medalhas e Bolsa Pódio, os esportes paralímpicos se profissionalizaram e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) aperfeiçoou a estrutura.

Com isso, o Brasil saltou do 24º lugar geral em Sydney 2000 para o 7º na classificação dos Jogos de Londres 2012. E muito do sucesso se deve a contribuição do atletismo nas últimas edições dos Jogos Paralímpicos. Para 2016, o desempenho da delegação na capital fluminense será determinante para que o país possa alcançar a meta de terminar as Paralimpíadas no top 5. Para turbinar as chances de pódio, o CPB planeja contar com uma delegação recorde.

“Até hoje, nossa maior delegação de atletismo foi na edição de Pequim, em 2008, quando competimos com 42 atletas”, afirmou Ciro Winckler, coordenador técnico de atletismo do CPB. “Em Londres 2012, competimos com 35 atletas. Para os Jogos do Rio, planejamos uma delegação com algo entre 50 e 60 atletas. Será a nossa maior delegação da história no atletismo em Paralimpíadas”, disse.

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Silvânia Costa salta para o ouro e o recorde no Mundial de Doha: 5,04m. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

Sem vagas garantidas

Assim como no atletismo olímpico, no atletismo paralímpico o Brasil, por ser país-sede, não é beneficiado com vagas. Quem quiser se classificar tem de atingir o índice exigido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês) para cada uma das 29 provas (15 no masculino e 14 no feminino) em disputa nos Jogos Paralímpicos. Vale ressaltar que o número de medalhas em jogo vai além das 29 provas, uma vez que uma mesma prova pode distribuir várias medalhas, devido às diferentes classes que separam os atletas de acordo com suas deficiências.

Em função da qualidade dos atletas no país, o CPB vai se deparar com uma situação que hoje já é normal para o atletismo paralímpico em grandes competições internacionais. “No nosso caso, só ter o índice não garante que um atleta irá disputar os Jogos. Como cada país tem uma cota máxima, com certeza vamos ter um número muito maior de atletas no Brasil com índice do que a nossa cota de vagas”, ressaltou.

Com isso, o CPB levará em conta não apenas o índice, mas o potencial de pódio de cada um antes de decidir quem defenderá o Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio, disputados entre 7 e 18 de setembro. “No Mundial em Doha, no Catar (disputado em outubro), tivemos um número maior de atletas com índice do que tínhamos de vagas. Tivemos que criar um critério que não levava em conta só o índice. O atleta tinha que ter chance real de medalha e para os Jogos Paralímpicos vai ser assim de novo. No Mundial, todos os que foram estavam entre os quatro melhores do mundo”, recordou Ciro Winckler.

A data limite para a conquista dos índices é 16 de junho. E, segundo Winckler, o CPB pretende divulgar no dia seguinte o nome de todos os atletas que competirão no atletismo nos Jogos Paralímpicos do Rio.

Metas audaciosas

Para 2016, o CPB planeja dar um novo salto no quadro de medalhas e levar o Brasil ao quinto lugar na classificação geral. E o atletismo terá um papel fundamental para que esse objetivo seja atingido. “Se a gente resgatar historicamente o desempenho do atletismo brasileiro nos Jogos Paralímpicos, vamos ver que ele foi protagonista. Em Atenas 2004, o Brasil ficou na 14ª colocação geral e em 15º na classificação do atletismo. Em 2008, quando o Brasil ficou em 9º lugar em Pequim, o atletismo ficou em 10º. E em Londres 2012, nosso país terminou em sétimo e o atletismo também foi sétimo”, detalhou Winckler.

Para ajudar o Brasil a chegar ao top 5, o dirigente já tem em mente quantas medalhas o país precisará faturar no atletismo. “Vamos ter que trabalhar com uma média entre 11 e 14 ouros, sem contar as pratas e bronzes. No total, vamos ter que brigar por algo entre 35 e 40 medalhas”, adiantou.

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Planejamento do CPB prevê treinos específicos e competições no exterior para lançadores, como Raíssa Machado. Foto: CPB/Mpix

Calendário movimentado

Diferentemente do atletismo olímpico, no qual a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) interfere o mínimo possível no planejamento de treinos e competições dos atletas de elite (que fazem essa programação com treinadores e clubes), no atletismo paralímpico o papel do CPB é mais enfático.

“O CPB centraliza as ações para potencializar resultados”, explicou Ciro Winckler. “Primeiro, a gente define o calendário de treinamentos e competições nas quais os atletas vão ter suporte do Comitê Paralímpico, que envia suas equipes multidisciplinares”, continuou. Segundo ele, o planejamento para o primeiro semestre está quase todo fechado.

“Na preparação para os Jogos Paralímpicos, vamos trabalhar por áreas. Os fundistas têm as provas específicas e os treinamentos em altitude; os velocistas vão ter os campings de treinamento nos Estados Unidos e competições no Brasil e nos Estados Unidos; e os lançadores vão ter treinos específicos e competições no exterior”, detalhou.

Outro ponto importante na preparação será o evento-teste, entre 18 e 21 de maio, organizado pelo CPB. “Vamos ter uns 400 atletas em uma competição de nível internacional”, adiantou Winckler. “Vamos convidar vários estrangeiros e vamos trazer alguns rivais para que nossos atletas possam se preparar da melhor maneira possível. Esse evento-teste será excelente e nos dará um ótimo parâmetro”, encerrou o dirigente.

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Terezinha Guilhermina soma seis pódios paralímpicos, com três ouros. Foto: CPB/Mpix

Retorno do investimento

Dona de seis medalhas em Jogos Paralímpicos, três delas de ouro – nos 200m em Pequim 2008 e nos 100m e 200m em Londres 2012 na classe T11 (para quem tem comprometimento de visão) –, a mineira Terezinha Guilhermina compartilha a confiança de Ciro Winckler e afirma que o atletismo brasileiro fará uma campanha histórica nos Jogos Paralímpicos do Rio.

“Eu considero realmente palpável dizer que teremos a melhor participação do Brasil no atletismo”, declarou a velocista. “Hoje, temos mais de 35 atletas entre os três primeiros do mundo e ainda mais uns 20 que estão entre o quarto e quinto lugares e que podem buscar medalhas”, lembrou Terezinha.

Para ela, todo o apoio recebido desde os Jogos de Londres 2012 permitiu que o atletismo paralímpico se tornasse ainda mais forte. “Os investimentos do Ministério do Esporte e todo o trabalho que o CPB tem feito nos deu uma base forte. No que depender do atletismo, acredito que temos matéria-prima para conquistar medalhas e ajudar o Brasil a chegar no top 5”.

A opinião é a mesma do velocista Yohansson do Nascimento. O alagoano já tem quatro medalhas nos Jogos Paralímpicos no currículo, entre elas um ouro, nos 200m em Londres 2012 na classe T45 (para amputados). Para ele, os pódios conquistados na capital fluminense serão a confirmação de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos ciclos.

“Eu tenho 10 anos no esporte. Iniciei em 2005 e vi esse salto acontecendo em todas as modalidades”, disse o corredor. “Em 2008, em Pequim, já foi um sucesso, e em Londres foi do mesmo jeito. Não vai ser diferente em 2016, principalmente porque é aqui em casa. Estamos fazendo uma festa, preparando tudo, e as medalhas vão ser a cereja do bolo. O atletismo hoje tem excelentes representantes que se eu fosse citar ficaria meia hora só falando nomes. Então, é claro que o atletismo tem condições de atingir a meta de medalhas que o CPB traçou para os Jogos de 2016”, finalizou o velocista.

Yohansson Nascimento (E) conquistou um ouro e uma prata no Mundial de Doha. Foto: CPB/MPIX

O CAMINHO DO ATLETISMO PARALÍMPICO

Vagas
O Brasil não é beneficiado por ser país-sede. Cada atleta tem de conquistar o índice para sua prova exigido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês)

Critério de classificação
Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o número de atletas com índices no Brasil será maior do que o número de vagas que o país terá no atletismo. Assim, haverá um critério interno de classificação, que levará em conta a posição no ranking e a chance de medalha. O CPB espera divulgar a lista final para os Jogos no dia 17 de julho.

A estrutura da Seleção
Por enquanto, os atletas treinam em seus clubes, com seus técnicos. Mas, em breve, a Seleção Brasileira terá à disposição o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. O local terá capacidade para receber até 282 atletas simultaneamente e estrutura para treinamentos e competições de 15 modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e vôlei sentado.

Resultados em Jogos Olímpicos
O Brasil contabiliza 109 medalhas no atletismo em Jogos Paralímpicos, das quais 32 são de ouro, 47 são de prata e 30 são de bronze.

Metas para os Jogos 2016
O objetivo é conquistar entre 35 e 40 medalhas no total. Dessas, entre 11 e 14 ouros.

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br