Atletismo
Virada Olímpica
“Vai ter que ser gênio para ganhar da gente”, diz presidente da Confederação de Vela
Dezessete medalhas olímpicas dizem muito sobre a força da vela brasileira. E a equipe que tem a missão de aumentar ainda mais o número de pódios da modalidade no Rio 2016 está otimista. Para atletas e dirigentes, os 15 representantes do Brasil nas disputas na Baía de Guanabara - e que foram apresentados oficialmente em dezembro de 2015 - formam um dos grupos mais fortes de todos os tempos.
“Tenho a convicção de que tenho o melhor time. Não sei quantas medalhas vamos ganhar, se zero ou dez, mas temos condição de ganhar as dez. Alguém vai ter que ser muito melhor do que a gente para ganhar da equipe brasileira, porque vamos com muita vontade. O cara vai ter que ser um gênio para ganhar da gente, mas existem gênios por aí. Só que vocês vão ver garra, garra e garra desta equipe”, disse o presidente da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), Marco Aurélio de Sá.
O otimismo é baseado em resultados. Coordenador técnico da confederação, o cinco vezes medalhista olímpico Torben Grael, avalia que não só o ano pré-olímpico, mas todo o atual ciclo foi positivo. “O ano de 2015 foi bom, com bons resultados em mundiais. Mas digo mais: o ciclo foi muito bom. A gente ganhou três mundiais, foram três segundos lugares, e não me lembro de ter um ciclo tão bom antes. Nada é garantia de nada, mas é uma boa indicação”, disse Torben.
De acordo com ele, a equipe participará das principais competições antes dos Jogos. Diversos treinamentos estão previstos na Baía de Guanabara. “A gente tem muitos treinos no local de competição, nas raias olímpicas, mas é preciso manter também as competições, então vamos para as principais semanas de vela, as principais etapas de Copa do Mundo, que são Miami (EUA), Palma (Espanha) e Hyères (França), e tem também os Mundiais de cada classe”, explicou.
Esefex e simulado
A casa da equipe olímpica de vela para os Jogos Olímpicos já foi definida: será a Escola de Educação Física do Exército (Esefex), na Urca. O grupo se reunirá em junho para uma espécie de simulado dos Jogos Olímpicos. “Eles vão ficar ali num período igual ao da Olimpíada confinados, para treinar juntos, para ver como se comportam, para ver o que precisamos melhorar para eles em termos de estrutura”, explicou Sá.
Juventude e experiência
A equipe brasileira mescla medalhistas olímpicos e jovens que já tiveram bons resultados. Entre os experientes está Robert Scheidt, com cinco pódios, incluindo dois ouros, e duas velejadoras fizeram história: Fernanda Oliveira e Isabel Swan, as primeiras mulheres brasileiras a obter uma medalha na vela olímpica, com o bronze em Pequim 2008 na classe 470. Em 2016, Fernanda – em sua quinta Olimpíada - terá como dupla Ana Barbachan nas disputas da classe 470, enquanto Isabel Swan vai encarar a única classe mista dos Jogos, a Nacra 17, com Samuel Albrecht.
“Eu e a Fernanda Oliveira fizemos um trabalho sério. A medalha vem com isso, trabalho e treino. E tem que ter estratégia, tem que treinar com esperteza. Fizemos uma grande campanha, que abriu portas para que viessem novas gerações de mulheres na vela. O clima tem que ser de buscar até o fim, independentemente de qualquer coisa. Está é a nossa casa e a gente tem que defender a nossa casa muito bem”, disse Isabel Swan.
Representante da nova geração, a dupla Martine Grael e Kahena Kunze vai estrear nos Jogos na classe 49er FX. Campeãs mundiais em 2014 e medalhistas em várias etapas de Copa do Mundo nos três últimos anos, elas chegam como um dos times favoritos. Até a Olimpíada, elas querem ficar sempre perto das principais concorrentes.
“Nosso objetivo é sempre estar competindo, porque a gente ganha experiência nas competições. Em 2016, a gente vai fazer algumas Copas do Mundo, um europeu e depois vai depender dos resultados. Competir e estar junto com as outras meninas é essencial para ganhar experiência”, disse Kahena Kunze.
Pressão
Quando questionada sobre a pressão em disputar a primeira Olimpíada, sobretudo em casa, Martine Grael afirma que a preparação começou desde que elas começaram a velejar. Para o experiente Robert Scheidt, saber lidar com isso é parte do caminho rumo ao pódio.
“O jogo é o mesmo, independentemente da competição. Em um campeonato estadual ou em uma Olimpíada, a maneira certa de jogar todo mundo sabe. A cobrança e o excesso de ansiedade podem fazer com que o atleta não desempenhe o seu máximo. Quem vai representar o Brasil vai sofrer a pressão e vai ter que administrar essa ansiedade, faz parte”, enfatizou.
Se a pressão já existe por estar em casa, uma modalidade vencedora como a vela chega com responsabilidade ainda maior, mas isso não é problema, segundo o coordenador técnico da vela. “A consciência de ter feito tudo que está ao nosso alcance é o que importa na Hora H. É normal (a pressão), as pessoas estão conscientes disso, sabem o porquê disso, e isso de certa forma traz confiança”, disse Torben Grael.
Equipe brasileira de vela para o Rio 2016
Laser: Robert Scheidt
Laser Radial: Fernanda Decnop
49er: Marco Grael e Gabriel Borges
49erFX: Martine Grael e Kahena Kunze
Finn: Jorge Zarif
470 feminina: Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan
470 masculina: Henrique Haddad e Bruno Bethlem
Nacra 17: Samuel Albrecht e Isabel Swan
RS:X feminina: Patricia Freitas
RS:X masculina: Ricardo Winicki, o Bimba
Carol Delmazo, brasil2016.gov.br