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31/08/2016 17h52

Jogos Paralímpicos

Em clima de carnaval, parte da delegação paralímpica brasileira chega ao Rio e experimenta o VLT

Com direito a batucada no Santos Dumont, 54 atletas são recebidos com festa, testam o novo modal e demonstram otimismo com a meta de fechar os Jogos Paralímpicos no Top 5

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Esgrimista Jovane Guissone cai no samba em pleno saguão do aeroporto Santos Dumont. Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX

A chegada da primeira parte da delegação brasileira que vai competir nos Jogos Paralímpicos ao Rio de Janeiro não poderia ter sido mais carioca. O saguão do Aeroporto Santos Dumont teve seu dia de Marquês de Sapucaí para recepcionar os primeiros 54 atletas. Até o próximo domingo (4.9), todos os 287 esportistas que compõem a equipe estarão na cidade para o evento que começa em 7 de setembro, com a Cerimônia de Abertura, no Maracanã.

Recebidos pela batucada da escola União da Ilha do Governador, os atletas de canoagem, halterofilismo, remo, vôlei sentado, tênis de mesa e tiro com arco desembarcaram em clima de festa. De lá, a delegação embarcou no VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), legado dos Jogos Rio 2016 para a cidade, e partiu para a Praça Mauá, coração do Boulevard Olímpico, uma das principais atrações da cidade durante os Jogos Olímpicos e que também estará ativa nos Jogos Paralímpicos.

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Antes de seguir para a Vila, atletas passaram na Praça Mauá para conhecer o coração do Boulevard Olímpico. Foto: Fernando Maia/CPB/MPIX

“Quando a gente estava pousando, uma amiga minha que estava lá fora esperando me disse que estava muita festa. Fiquei admirada mesmo. Estou emocionada para caramba”, comentou Márcia Menezes, do halterofilismo. “A gente já está no clima dos Jogos, a emoção e a expectativa começam a aflorar dia a dia. Essa recepção toda é maravilhosa. Nos dá mais força para cumprir nosso objetivo”, agradeceu.

Companheiro de Márcia na seleção de halterofilismo, Bruno Carra também se emocionou. “Foi excelente. A energia que a gente sente é algo único. Nunca tinha sentido isso. Já estive nos Jogos de Londres, no Parapan, mas nada como aqui. Ainda mais estando em casa”, disse o halterofilista.

Vídeo: acompanhe a recepção aos atletas no aeroporto Santos Dumont:

Release - Chegada Atletas Paralímpicos no Rio de Janeiro from MPIX on Vimeo.

“Foi uma recepção maravilhosa. A gente cantou, a gente se divertiu... O brasileiro é demais”, elogiou Jane Karla, do tiro com arco. “Com escola de samba já chegamos no embalo”, acrescentou Jovane Guissone, campeão paralímpico da esgrima em Londres 2012. “É Brasil, né? Isso faz com que a gente se energize ainda mais para dar nosso melhor. É um pouco do que a gente vai sentir nas arquibancadas”, comparou Luís Carlos Cardoso, da canoagem.

Viagem aprovada

Para se deslocar do aeroporto até o Boulevard Olímpico, na Região Portuária do Rio de Janeiro, os atletas experimentaram o VLT. A viagem de cerca de dez minutos foi elogiada por todos, tanto pelo conforto quanto pela acessibilidade.

“Passou no teste”, resumiu Jovane Guissone, que compete na esgrima em cadeira de rodas. “O ar condicionado é muito bom, o espaço entre o VLT e a parada é muito justinho, então não tem perigo de cair. O local para a cadeira está certinho. Acessibilidade show de bola”, opinou o esgrimista, apoiado pelos companheiros de delegação.

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Atletas aprovaram a acessibilidade e o conforto do VLT do Rio de Janeiro. Foto: Vagner Vargas/Brasil2016.gov.br

“O VLT é maravilhoso. Adaptado, a gente vai bem devagarzinho, tudo tranquilo”, afirmou Jane Karla. “Já tinha ouvido falar muito do VLT e hoje a gente pôde experimentar. A acessibilidade está incrível”, disse Luís Carlos.

Energia para chegar à meta

O samba continuou na Praça Mauá. Entre músicas, fotos e cumprimentos ao público, os atletas e o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, demonstraram otimismo com a possibilidade de ficar entre os cinco primeiros do quadro de medalhas, a meta estabelecida para o Rio 2016.

“Não são 22 times separados em modalidades, é uma equipe muito coesa chamada Brasil em busca desse quinto lugar. A gente sai da aclimatação de um lugar que é nosso (o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo) com uma energia muito positiva. É um resultado agressivo, ambicioso, mas a gente chega animado para brigar por isso”, disse Parsons.

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Além dos tradicionais carros-chefe dos pódios brasileiros, como judô, natação, atletismo e futebol de 5, o presidente do CPB vê perspectivas de medalhas em várias outras modalidades. “Pelos mundiais que a gente teve no último ciclo, temos o ciclismo, a canoagem, que é uma modalidade nova, o remo, o próprio tiro com arco pode surpreender e podemos ter uma medalha inédita no halterofilismo. No vôlei sentado masculino vamos brigar diretamente pelo ouro, o feminino vem com chance de beliscar medalha, e tem uma expectativa boa de que o futebol de sete volte ao pódio”, enumerou.

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Atletas fazem festa na Praça Mauá: meta para o Rio 2016 é ficar no top 5. Foto: Fernando Maia/CPB/MPIX

Levi Gomes, capitão da seleção masculina de vôlei sentado, não enxerga outra possibilidade além do pódio. “O vôlei não pode pensar em nada abaixo de medalha. Pegamos uma fase pesada de treino, foram dez dias agora (no CT Paralímpico), mas antes tivemos mais quatro fases de dez dias de treino junto e pesado. Estamos chegando bem. É matar um leão por dia para a gente chegar lá”, comentou.

Jane Karla, que vivenciou 14 anos de tênis de mesa e desde 2015 está no tiro com arco, acredita que pode ser uma das surpresas no Rio 2016, sobretudo por estar em casa. “Joguei contra uma chinesa em Pequim 2008, vi o apoio para ela e pensei: ‘um dia vou viver isso’. Não será no tênis de mesa, mas vou ter essa oportunidade agora. É um esporte novo pra mim, mas os brasileiros podem ter certeza de que vou fazer o máximo do que eu aprendi”, afirmou.

Muito além da meta

Luis Carlos Cardoso é aposta brasileira na canoagem, modalidade estreante em Jogos Paralímpicos. Ele conta que já venceu os principais rivais em Mundiais e isso lhe dá ainda mais confiança para chegar ao pódio. Mas o principal ganho, para o atleta, não será medido em medalhas.

“O maior legado que a Paralimpíada pode deixar é mudar a noção do que é uma pessoa com deficiência. Muita gente olha e acha que são coitadinhos, que não conseguem se virar sozinhos. Acho que após os Jogos eles vão ver que não, que temos deficiência sim, mas que transformamos essa deficiência em algo eficiente”, disse.

Carol Delmazo e Vagner Vargas, brasil2016.gov.br