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Volei de praia

03/09/2015 12h58

HISTÓRIAS OLÍMPICAS

Voluntário inglês apaixonado pelo vôlei de praia mira quinta olimpíada

De Sydney 2000 a Londres 2012, Ray Capewell fez amigos para a vida toda, tirou foto com a rainha da Espanha e encontrou a nora dos sonhos

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Nas areias da praia de Copacabana, durante o Rio Open, evento-teste de vôlei de praia para os Jogos Olímpicos, Ray Capewell recebe "good morning" e devolve com "tudo bom". São as primeiras palavras aprendidas em português pelo voluntário inglês de 75 anos, da cidade de Leicester, que deixou a festa de casamento do filho na última quinta para dirigir cinco horas e meia até Londres e, dali, pegar um voo direto para o Rio de Janeiro. No torneio que vai até domingo (06.09), Ray está dando apoio na organização para a Federação Internacional de Voleibol (FIVB), mas o sonho maior é voltar ao Brasil no ano que vem para participar de mais uma edição de Jogos Olímpicos.

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Foto: Gabriel Heusi/brasil2016.gov.br

Ray dedicou mais de 30 anos de sua vida à arbitragem do vôlei. O esporte que ama o levou a colecionar histórias e experiências olímpicas de diversas formas. Elas começaram no ano 2000, quando vendeu a empresa do ramo de impressão para dar uma volta ao mundo. O início foi nos Estados Unidos e, quando chegou à Austrália, decidiu envolver-se com os Jogos de Sydney. E não parou mais. As primeiras experiências foram como voluntário.

"Estavam procurando pessoas para ajudar nos Jogos de Sydney e eu aceitei. Trabalhei ajudando as pessoas com seus assentos. Eu estava nervoso, nunca tinha feito parecido, era uma grande torcida, mas eu adorei. Fiz amigos para a vida toda", recorda.

Em Atenas 2004, a oportunidade apareceu em outro esporte, Ray aceitou o novo desafio e ainda levou pra casa uma recordação especial. "Foi difícil, eu trabalhei com vela. Eu não conhecia as pessoas, os atletas. Não sabia nada sobre o esporte. Mas foi ótima a experiência e ainda tirei uma foto com a rainha da Espanha na cerimônia de entrega de medalhas. Eu fazia parte da equipe de segurança, como voluntário. Foi legal ver como um esporte diferente funciona, comparando com o meu esporte, o vôlei de praia", conta.

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Foto: Gabriel Heusi/brasil2016.gov.br
Ray não conseguiu uma vaga como voluntário em Pequim 2008: o fato de não falar chinês pesou na seleção final. Mas ele participou dos Jogos como torcedor, experiência igualmente interessante para o inglês.

Já para Londres 2012, a missão foi mais formal e as dificuldades começaram na entrevista para o trabalho. "Eu fui contratado para organizar a equipe de juízes de linha. Eu achei que não ia conseguir o trabalho, porque a primeira coisa que o cara que me entrevistou fez foi apontar a minha data de nascimento. Eu disse a ele: 'não olha para a minha idade, converse comigo'. Quatorze dias depois, eu consegui", recorda.

Ray foi o responsável por uma equipe de 28 pessoas. "Eu decidia quem fazia o quê considerando as capacidades, e o desafio era ser justo e dar chances para que todos pudessem estar na quadra principal. Os juízes principais tinham que confiar nessas pessoas. Cada posição tem uma responsabilidade e eu tinha que organizar isso. Em teoria, deveríamos terminar de trabalhar à meia-noite, mas nunca terminamos antes de duas da manhã, para começar às 6h. Não vi um só jogo em Londres", diz.

A recompensa veio ao final dos Jogos, com uma bela homenagem. "O momento mais especial foi quando eu fui apresentado em uma quadra de vôlei de praia para todos os oficiais pela FIVB", relembra. E o dia ainda prometia mais.  "O segundo momento mais inesquecível foi quando apitei um jogo de Kerri Walsh com alguns dos voluntários logo depois do ouro dela em Londres. Eu tenho uma foto apitando o jogo com Kerri Walsh", diz, orgulhoso.

Legado familiar

Londres 2012 também deixou um legado na família Capewell. "As pessoas falam muito sobre legado. O meu legado foi: eu apresentei a moça que trabalhou comigo durante três anos até os Jogos de Londres para o meu filho. Foi com ela que ele se casou. E ela é minha grande amiga", diz.

No Rio Open, segundo Ray, a função é "garantir que tudo funcione bem para a FIVB". Para voltar em 2016, ele conta que topa qualquer função como voluntário.

"O prazer que tenho em vivenciar os Jogos não tem nada a ver com dinheiro. Eu fui pago na edição de Londres, mas eu teria feito de graça. Eu posso até cuidar dos banheiros se eu puder estar entre os voluntários de 2016", garante.

Se conseguir, Ray fará de tudo para que todos os voluntários, especialmente os brasileiros, aproveitem cada momento. Ele só deixa um pedido para a organização, em especial para o DJ, um dos que estão sob observação no evento-teste desta semana. "Gostaria de ouvir mais música brasileira na quadra principal, ainda mais nesta linda praia de Copacabana", diz.

Carol Delmazo - brasil2016.gov.br