Vitória heroica em São Petersburgo leva Argentina às oitavas

Podem dizer que a Argentina está longe de jogar um futebol vistoso. Podem afirmar que não existe esquema tático consistente. Podem argumentar que Di María, Higuaín e Mascherano não são sombra dos jogadores que já foram. Podem criticar o técnico Jorge Sampaoli e dizer que não tem comando. Mas ninguém pode negar que a equipe sul-americana tem espírito. Vocação para a grandeza. E para redenções impressionantes.

"Eu tinha dito para o Otamendi e o Banega que ia fazer um gol. Os jogadores merecem mais do que ninguém. Essa Copa está recomeçando agora"

Rojo, autor do gol da vitória argentina

Diante da Nigéria, a Argentina viu a eliminação rondar seu horizonte. O empate em 1 x 1 se estendeu até os 41 minutos do segundo tempo, quando Mercado fez um cruzamento da direita do ataque que encontrou o lateral esquerdo Marcos Rojo livre, perto da marca do pênalti. De perna direita, ele pegou com precisão para conferir o gol da vitória, com um chute forte no canto esquerdo do goleiro Uzoho. Foi a senha para que grande parte dos 64.468 torcedores presentes à Arena de São Petersburgo transformassem o estádio numa sucursal dos campos argentinos, com cânticos e festa.

"Eu tinha dito para o Otamendi e o Banega que ia fazer um gol. É para minha família, meu irmão, minha mulher e minhas filhas. As coisas não estavam saindo. Os jogadores merecem mais do que ninguém. Essa Copa está recomeçando agora", afirmou Rojo. 

A classificação ficou garantida com a vitória da Croácia sobre a Islândia por 2 x 1 no outro jogo simultâneo do Grupo D, disputado em Rostov. Com o resultado, a Croácia consolidou uma campanha 100% na primeira fase, com três vitórias, e confirmou a liderança da chave, com nove pontos. Vai pegar a segunda colocada no Grupo C, a Dinamarca, nas oitavas de final. O duelo está marcado para domingo, 01.07, a partir das 15h, em Novgorod.

"Nosso objetivo foi conquistado. Ficamos no topo do grupo e estamos prontos para competir na segunda fase da Copa do Mundo. Agora vamos nos concentrar na preparação para a fase de mata-mata, passo a passo no torneio", afirmou o meia croata Milan Badelj, autor do gol que abriu o placar, responsável pela assistência para o atacante Perisic definir o jogo, aos 45 minutos do segundo tempo, e eleito pela FIFA o melhor em campo.

Os argentinos, por sua vez, chegaram a quatro pontos, na segunda colocação do grupo. A Nigéria ficou com três e a Islândia, com apenas um. Classificados em segundo lugar, os hermanos terão um duelo envolvendo três títulos mundiais em campo. Encaram a França, a partir das 11h deste sábado (30.06), em Kazan, por uma vaga nas quartas de final.

Messi chuta forte, de direita, para marcar o primeiro gol contra a Nigéria. Foto: Getty Images

O jogo

O duelo em São Petersburgo teve início do jeito que a equipe argentina buscava. Logo aos 14 minutos, o meia Banega acertou um lindo lançamento de 40 metros que entrou Lionel Messi entrando em velocidade na entrada da área. O craque dominou e ajeitou com sua perna esquerda e chutou forte, de direita, na saída do goleiro Uzoho. Foi o centésimo gol anotado na Copa da Rússia e teve, ainda, a importância de levar Messi ao patamar de Diego Maradona e Gabriel Batistuta como os únicos jogadores argentinos a marcar gols em três edições de Copas do Mundo. Mais do que o simbolismo estatístico, contudo, o gol deu à equipe sul-americana a possibilidade de ditar o ritmo, que seguiu morno até o fim da primeira etapa.

No início do segundo tempo, no entanto, um agarra-agarra envolvendo o zagueiro Mascherano e o defensor nigeriano Balogun durante cobrança de um escanteio deu origem a um pênalti marcado pelo árbitro turco Cuneyt Cakir e confirmado pelos responsáveis pela conferência de vídeo. O atacante Moses, aos seis minutos, cobrou e igualou. O resultado classificava a Nigéria e eliminava a Argentina.

"Temos um time bem jovem que ainda precisa de um pouco de experiência, mas daqui a quatro anos seremos muito fortes"

Gernot Rohr, técnico da Nigéria 

Desorganizada da mesma forma que se apresentou contra a Croácia, a equipe sul-americana tentou da forma que pôde chegar ao gol da vitória e da classificação, mas quem esteve perto, em duas ocasiões, foi a Nigéria. Assim como ocorreu no confronto entre Suécia e Alemanha, porém, faltou aos africanos a força de resolver. E sobrou espaço para os argentinos, na base da raça, chegarem ao gol de Rojo e à classificação.

Rojo, aliás, fez o gol da vitória sobre a Nigéria pela segunda vez seguida em Copas do Mundo. O lateral havia marcado também o gol da vitória dos hermanos no confronto entre as seleções no Mundial do Brasil, em 2014. Naquela ocasião, a argentina venceu por 3 x 2.

"Nós temos um time bem jovem que ainda precisa de um pouco de experiência, mas daqui a quatro anos seremos muito fortes. Quero agradecer a todos os torcedores que fizeram uma longa viagem para estar aqui. Ainda que em muitos jogos parecesse que estávamos fora de casa, o que importa não é a quantidade de torcedores, mas a qualidade. E temos os melhores", disse o treinador da Nigéria, o alemão Gernot Rohr. 

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