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Desporto Universitário
Universíade tem início em Taipei. Cerimônia de abertura foi marcada por protesto fora do estádio
Em uma cerimônia marcada por um protesto que impediu parte dos atletas de entrarem a tempo no Estádio Municipal de Taipei, foi aberta oficialmente, neste sábado (19.08), a 29ª edição da Universíade de Verão, em Taipei, capital de Taiwan. A Taipei Chinesa, como foi oficialmente apresentada a ilha ao norte do pacífico, nunca havia recebido um evento esportivo com tamanha magnitude. Assim, aproveitou o momento para apresentar a cultura local e o sentimento de nação, mostrando o orgulho de seu povo.
Do lado de fora do estádio centenas de pessoas protestavam contra uma suposta reforma previdenciária, não confirmada pelo governo local. Logo após a equipe brasileira entrar no estádio, as demais delegações foram impedidas de fazerem o mesmo e apenas as bandeiras dos países puderam desfilar. Os atletas preencheram as cadeiras momentos depois.
A cerimônia, que teve a paz como um dos temas, contou com discursos críticos ao protesto que, para o governo de Taipei, baseou-se em notícias falsas espalhadas pelo governo chinês, contrário à independência da ilha localizada no Pacífico, próxima à China e a sudoeste do Japão e ao norte das Filipinas. O governo local reivindica independência, mas é considerado pela China como parte de seu território.
"Está é uma oportunidade de realizar os Jogos com paz e diversidade. Estamos felizes em receber a Universíade com paixão e vitalidade. Nos próximos doze dias, espero que esses jovens atletas surpreendam a si mesmos. E eu digo para eles: continuem trabalhando para realizar os seus sonhos. Nunca desistam", discursou Ko Wen-je, prefeito da cidade de Taipei.
Para o presidente da Federação Internacional do Desporto Universitário (FISU, sigla em inglês), Oleg Matytsin, "ninguém pode bloquear os estudantes da Universíade". Ele fez um apelo: "que o público continue a torcer pelos atletas durante os Jogos".
O presidente do Comitê Olímpico Internacional também participou dos discursos, tendo enviado um vídeo para ser exibido na cerimônia. "Quando eu era um atleta estudante, a Universíade representava o futuro e a esperança", disse, acrescentando que ele acredita que "os atletas do evento deste ano irão ofertar momentos inesquecíveis e poéticos".
Com show de luzes, fogos de artifício, projeções, danças e até show de rock, a cerimônia também marcou a diversidade cultural da ilha. Foi o primeiro grande desafio, também, para a segurança dos Jogos e para os voluntários, que somam mais de 18 mil. "A experiência é muito boa, porque eu estou tendo a oportunidade de conhecer pessoas de culturas e países diferentes. Acho que esta é a maior chance de fazer com que o mundo conheça Taiwan, que conheça Taipei. É a nossa chance de nos mostrar para o mundo", disse o voluntário local Henry Chow, de 25 anos.
Adriana Najera, também voluntária, é de El Salvador, mas mora em Taiwan. Aos 23 anos, fala mandarim fluentemente e aproveitou a Universíade para ter contato com outras culturas. "É uma oportunidade muito interessante, porque sou de El Salvador, mas vivo em Taiwan, e a minha Universidade ofereceu este programa. Para mim fiquei com a delegação do Brasil e estou gostando muito. É uma oportunidade única para conhecer novas pessoas e outras culturas", disse Najera.
Para Lou Pi Yu, treinadora de tiro com arco da seleção de Taipei Chinesa, receber um evento grande como a Universíade é a oportunidade para mostrar o orgulho do povo de Taiwan. "Os Jogos são muito importantes para o meu povo. Todas as pessoas queriam receber a Universíade e todos ajudaram. Isso mostra o orgulho do povo taiwanês", afirmou Pi Yu.
Tal orgulho foi demonstrado no hasteamento da bandeira e na declaração de abertura dos Jogos. O chefe do Comitê Executivo da Universíade, Ko Wen Je, não citou Taipei Chinesa, mas Taiwan. O mesmo ato foi seguido pela presidente da ilha, Tsai Ing-wen, que deu as boas vindas a Taiwan. Apesar de ter sido erguida a de Taipei Chinesa, parte do público exibia a bandeira de Taiwan.
Delegação brasileira
O desfile brasileiro contou com a participação de parte das 300 pessoas que compõem a delegação, uma das mais ovacionadas pelo público local. Dos 183 atletas, 45% são bolsistas do Ministério do Esporte. Os brasileiros marcaram presença na cerimônia com atletas das 14 modalidades que representarão o país no evento: atletismo, badminton, esgrima, natação, saltos ornamentais, taekwondo, ginástica rítmica, wushu, judô, tênis, tênis de mesa, voleibol, futebol e levantamento de peso.
"Cada abertura é única. Todas as vezes eles tentam usar elementos do próprio país para fazer coisas diferentes. Não tem como não se emocionar cada vez que você participa. Apesar de ser o mesmo evento, é tudo totalmente novo. Emoção única, não dá pra explicar", afirmou Luiz Henrique Dias Júnior, atleta do badminton e estudante de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Para a viagem da delegação, o Ministério do Esporte empenhou mais de R$ 6,1 milhões, sendo que, desse total, R$ 2 milhões já foram repassados para a Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU). A verba contempla desde passagens e hospedagens dos atletas e da comissão técnica até custos como taxas de inscrição, seguro de viagem, alimentação e uniformes.
A Universíade segue até o dia 30 de agosto, com cerca de 7,7 mil alunos-atletas de 170 países, em competições de 21 modalidades. Além das 14 com participação brasileira, também há disputas de basquete, ginástica artística, polo aquático, tiro com arco, beisebol, golfe e patinação.
» Mais fotos da cerimônia de abertura
Conheça a localização de Taipei
Leonardo Dalla, de Taipei - rededoesporte.gov.br