Atletismo
Nápoles
Universíade 2019: entre o taekwondo e os estudos, Bárbara Dias quer medalha para colocar ao lado do diploma
Conciliar estudo e esporte não é tarefa fácil, ainda mais se o estudo em questão é uma faculdade de biotecnologia na Universidade de Brasília (UnB) e o esporte é o circuito mundial de taekwondo. Mas a brasileira Bárbara Dias pode dizer que conseguiu completar as duas missões com louvor. Ela integra a seleção brasileira de taekwondo que estreia nesta terça-feira (09.07) na Universíade Nápoles 2019 e, quando voltar para o Brasil, já está com a colação de grau marcada.
"Essa sempre foi a maior indecisão da minha vida: seguir para o esporte ou para os estudos? Mas eu fui conseguindo aliar os dois e, sei lá, tive sucesso, estou conseguindo. Eu sempre gostei muito da parte de genética, biologia, sempre fui meio nerd. Agora estou me formando e vou me despedir da universidade competindo na Universíade", comemora.
Bárbara vai lutar na quinta-feira (11.07), no Palazzetto dello Sport, em Casoria, província de Nápoles, na Itália, e sua meta é conquistar uma medalha, que será tão marcante para a atleta como o diploma de biotecnologia é para a estudante. "Não foi fácil chegar até aqui. Eu pegava sempre matéria em horário oposto ao dos treinos. Atrasei minha graduação, mas nunca reprovei nenhuma matéria, e eu acho que é um ponto muito importante para o atleta mesmo, porque a gente não sabe se vai poder viver disso para sempre", conta.
A trajetória no taekwondo também não foi fácil. Ela começou na modalidade aos 7 anos, por influência do irmão mais velho, Guilherme. "Meu irmão era hiperativo e batia na minha prima. A minha mãe colocou os dois no taekwondo e depois eu acabei entrando. Eles foram para campeonatos, mas eu nunca me destaquei tanto no infantil, sempre apanhava. No juvenil até parei um tempo, mas quando voltei, aos 16 anos, no Campeonato Brasileiro de 2011, ganhei da menina da seleção e acabei sendo prata. A partir daí falei: vou treinar de verdade".
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Para seguir na carreira esportiva, contou com o incentivo de sempre de seu mestre, Washington Azevedo, com quem treina há 16 anos, desde que começou no esporte. "É uma relação muito forte. É até diferente quando eu entro com ele para a luta. Agora ele não vai comigo, mas também é algo que tenho que saber lidar".
Além disso, ela conta com o apoio de do programa olímpico da Marinha e do Programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. "Esse apoio é muito importante. Hoje é o que eu consigo pagar minhas viagens. Viajei para os opens com esse apoio. É muito difícil viajar para fora". O Bolsa Atleta também foi crucial para que ela conseguisse conciliar estudos e esporte. "Recebo o Bolsa Atleta desde que eu era juvenil. Eu, como universitária, falo que, se não tivesse apoio de Bolsa Atleta, eu não iria conseguir as duas coisas, não iria conseguir me formar. E não iria ter como treinar".
No ano passado, ela conquistou um bronze no Mundial Militar de Taekwondo. Em abril deste ano, também garantiu um bronze no Aberto do Marrocos. Agora, espera ficar com o ouro. "Para a Universíade, me preparei para ser campeã. Estou focada no ouro. Eu estou na minha categoria, até 62kg, não tive que perder peso, então estou confortável. São as mesmas adversárias que eu enfrento em open, no Mundial Militar do ano passado. Acho que minha chave vai sair boa, porque estou bem ranqueada", projeta.
Tradição de medalhas
O taekwondo é uma modalidade que costuma trazer medalhas para o Brasil na Universíade. Natália Falavigna, por exemplo, foi ouro em Belgrado, na Sérvia, em 2009. Diogo Silva também levou o ouro em Belgrado 2009. Já Maicon Andrade foi bronze em Gwangju, na Coreia do Sul, em 2015. Para manter a tradição, o Brasil trouxe oito atletas para Nápoles 2019: Camila Bezerra (-49kg), Carolina Araújo (-53kg), Bárbara Dias (-62kg) e Júlia Oliveira (-67kg), no feminino; e Leonardo Teixeira (-58kg), Mateus Glatz (-74kg), Lucas Ostapiv (-80kg) e Leandro Abner (-87kg). Lucas vai ser o primeiro a entrar no tatame. Ele luta na madrugada desta terça (09.07).
Mateus Baeta, de Nápoles, na Itália - rededoesporte.gov.br