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Geral

07/05/2016 23h24

Tour da Tocha

Tocha parte de ginásio, mobiliza ciclistas e reúne multidão em Uberlândia

Neste domingo, tour passará por Uberaba, Araxá, Serra do Salitre, Patrocínio e Patos de Minas

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População também se mobilizou nas ruas da mais próspera cidade do Triângulo Mineiro. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br/ME

O clima de arena dos ginásios poliesportivos que sediarão algumas das 306 competições dos Jogos Rio 2016, a partir de 5 de agosto, foi o cenário de partida da chama olímpica para as ruas de Uberlândia, neste sábado (07/05). A mais próspera cidade do Triângulo Mineiro foi a segunda a receber o símbolo em Minas Gerais, logo após Araguari, na mesma região. Em Goiás, a tocha já havia percorrido 14 municípios desde que deixou Brasília, em 3 de maio.

Apresentações de ginástica rítmica, caratê e judô prenderam a atenção do público junto com um grupo de atletas do halterofilismo paralímpico. O mais conhecido deles era o medalhista de bronze no Parapan de Toronto, no Canadá, em 2015, Luciano "Montanha" Bezerra.

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Montanha fez apresentação de halterofilismo paralímpico e acendeu a pira ao fim do revezamento. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br/ME

Aos 34 anos, 1,37 m e 57 kg, o atleta é capaz de levantar até 145 kg – quase três vezes o seu peso – em uma barra de ferro, o que o fez representar o Brasil em outras duas competições internacionais. No Mundial de Anões nos Estados Unidos, em 2013, conquistou a medalha de ouro na modalidade. "Ser um dos escolhidos para representar Uberlândia no revezamento é tudo. Uma felicidade imensa", disse ele, último condutor do revezamento e responsável por acender a pira olímpica de Uberlândia.

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Montanha, que há sete anos vive do esporte, desde que deixou a vida de caixa de supermercado, participou de uma campanha de incentivo à venda de ingressos dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. No vídeo O Treino que Muda Opiniões, ele aparece em uma academia de ginástica levantando pesos sem que ninguém soubesse se tratar de um atleta. A surpresa das pessoas ao verem a cena viralizou na internet e alcançou mais de 4,2 milhões de visualizações. Mas seu momento de brilhar, este ano, foi nas ruas empunhando a tocha. "Vou caminhar bem devagarinho para desfrutar de cada segundo, de cada centímetro dos meus passos com a tocha na mão", planejava ele, horas antes de sair para o ponto de condução.

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A primeira condutora em Uberlândia foi Karolina Cordeiro, mãe de Pedro, de 8 anos. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br/ME

Sabiazinho

Os uberlandenses que aguardavam o evento se depararam com uma vasta programação cultural espalhada por diversos bairros. Três importantes pontos do trajeto se converteram em arena para artistas e atletas locais. No Ginásio do Sabiazinho, na praça Tubal Vilela e nos arredores do Teatro Municipal de Uberlândia feiras, grupos de danças típicas, capoeira, orquestra de violeiros e atletas de diversas modalidades demonstraram suas habilidades. "Levamos para as ruas o congado, a capoeira, a viola, as fanfarras. Foi um incentivo do comitê organizador para reforçar a identidade local durante a passagem da tocha", afirmou Maura Rúbia Haddad, coordenadora da força-tarefa na cidade mineira.

Para despertar o clima olímpico na comunidade, a prefeitura criou uma comissão para visitar escolas, entidades e ONGs com condutores atletas e não atletas, que levavam uma réplica da tocha. A medida sensibilizou alunos e famílias. "Também somos sede de três seleções olímpicas e paralímpicas – Irlanda, Bélgica e Sérvia –, que vão treinar na cidade. Estamos nos preparando desde 2014", disse Maura Rúbia.

Depois de um pôr do sol memorável, o animador do ginásio despertou a euforia coletiva ao anunciar a esperada notícia: a tocha estava a poucos metros. A primeira pessoa a conduzi-la foi Karolina Cordeiro. Mãe de Pedro, de 8 anos – portador de uma síndrome raríssima, chamada AIicardi-Goutieres, que o impossibilita andar e falar –, ela empurrou o filho em um carrinho especial e foi ovacionada ao se posicionar no centro da quadra de esportes. Em coro, crianças e adultos gritavam os seus nomes, tendo como trilha sonora o Hino Nacional Brasileiro, executado no saxofone. Assim que recebeu a chama, ela seguiu para a área externa do ginásio, em direção ao Parque do Sabiá.

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Vários grupos de ciclistas se mobilizaram para acompanhar o tour e pedir mais atenção à mobilidade sustentável. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br/ME

Rodas sustentáveis

Perto da pista de atletismo, o triatleta Rafael Farnezi, 29 anos, aguardava para dar sequência ao ritual. Campeão mundial em Pequim, em 2011, Farnezi contabiliza quatro títulos brasileiros de triatlo olímpico, além de já ter faturado um Pan-Americano e algumas edições da Copa Brasil. "Vou gravar a lembrança da melhor forma possível, para o resto da minha vida", afirmou ao entregar a música de fundo de seus devaneios para o grande momento: Carruagens de Fogo, do compositor grego Vangelis.

A profecia sonora não se cumpriu, mas Farnezi teve como estímulo para seguir em seu percurso os gritos e assobios da multidão que o cercou. Poucos metros antes de se conduzir para o parque, o atleta atravessou um cordão feito por mais de uma centena de bicicletas que, de rodas apontadas para o alto, desenharam um corredor para a passagem da tocha.

Desde o fim da tarde, hordas de ciclistas se aglomeravam em um estacionamento do ginásio para participar do ato. A convocação foi feita por Frank Barroso, presidente da Associação dos Ciclistas Urbanos de Uberlândia. "Reivindicamos esse espaço para dar visibilidade à questão das bicicletas. É importante sob o ponto de vista do esporte, mas também da mobilidade sustentável", ressaltou. Poucos minutos antes do início do revezamento, Barroso estimava que mais de 15 grupos ciclísticos aderiram à iniciativa. "Muitos eu sequer conheço ", salientou.

Depois de entrar em território mineiro, onde já passou por Araguari e Uberlândia, a chama segue, neste domingo, para Uberaba, Araxá, Serra do Salitre, Patrocínio e encerra o dia em Patos de Minas.

Mariana Moreira e Hédio Ferreira Júnior, de Uberlândia (Minas Gerais)