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Ciclismo mbt

12/10/2015 01h13
por luizinho — última modificação 12/10/2015 01h51 por luizinho — última modificação 12/10/2015 01h46

Aquece Rio

Suíça e Itália levam a melhor no teste do mountain bike. Circuito recebe elogios

Nino Schurter e Eva Lechner foram os mais rápidos em Deodoro. Atletas definiram a pista como rápida, técnica e que demanda precisão tática

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Pódios masculino e feminino. Fotos: Miriam Jeske/Heusi Action/Brasil2016.gov.br

O Rio de Janeiro transformou-se na capital mundial do mountain bike neste domingo (11.10). Oito das dez melhores ranqueadas na União Ciclística Mundial no feminino e sete dos melhores no masculino mediram forças, pedalada a pedalada, no Desafio Internacional de Mountain Bike, evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016. A prova foi disputada no Parque Olímpico de Mountain Bike, no Complexo Esportivo de Deodoro.

Mesmo com atletas de altíssimo nível, o destaque do evento foi o percurso construído para os Jogos. Os competidores elogiaram a montagem da pista, a velocidade e a diversão que o trajeto proporcionou. A alta temperatura – que passou dos 35 graus durante o início da tarde – fez com que os organizadores reduzissem em uma volta tanto a prova masculina como a feminina. 

Quem melhor se adaptou ao trajeto e ao sol escaldante foi o suíço Nino Schurter, atual campeão mundial e vice-campeão olímpico. Em uma sensacional disputa com o francês Maxime Marotte, Schurter completou as seis voltas no trajeto de 4,9 quilômetros em primeiro, com 1h20min26s, apenas dois segundos à frente do adversário. A medalha de bronze foi para o italiano Andrea Tiberi, após mais uma emocionante briga metro a metro com o francês Julien Absalon (bicampeão olímpico e cinco vezes campeão mundial) e o brasileiro Henrique Avancini, que conquistou uma surpreendente quinta colocação.

Entre as mulheres, foram cinco voltas. A vencedora foi a italiana Eva Lechner. Ela abriu 42s de vantagem em relação à polonesa Maja Wloszczowska e terminou a prova com 1h20min13s. A mais empolgada com o resultado foi a medalhista de bronze Jenny Rissveds, da Suécia. Com 21 anos, é a ciclista mais jovem no Top 20 do ranking mundial. A melhor brasileira na prova foi Raiza Henrique-Goulão, que terminou em 11º lugar.

Assista um vídeo da primeira volta filmado com câmara instalada na bicicleta do francês Julien Absalon, primeiro do ranking mundial de mountain bike:

Unanimidade

Entre os competidores que estiveram no Rio de Janeiro neste fim de semana, os elogios ao circuito foram unânimes. 

“Foi uma ótima corrida, o circuito é muito bom. Há momentos de muita velocidade. Foi um grande desafio subir tanto com um clima tão quente. Estou realmente feliz com a vitória aqui no Rio. O calor, especialmente para nós da Europa, é um ponto de alerta para a preparação para chegarmos aqui em 2016 em ótimas condições físicas”, afirmou o suíço Nino Schurter, que ocupa a segunda colocação do ranking, 31 pontos atrás do francês Julien Absalon.

“Tentei abrir distância na subida mais longa, onde normalmente vou bem. Mas Nino também estava forte. Foi impossível abrir essa vantagem. No sprint, ele é muito forte. Estava quente, especialmente no início da prova. Espero que no próximo ano não seja a mesma coisa, mas fiquei feliz por suportar bem a temperatura”, disse o francês Maxime Marotte, sétimo colocado no ranking. “A trilha é realmente boa. Acho que é ideal para os Jogos Olímpicos, pois proporciona uma prova rápida, com velocidade. Isso é importante para divulgar o esporte na televisão, pois mostra mais agilidade na competição. Tenho um ótimo pressentimento de que estarei no pódio no próximo ano”, acrescentou Marotte.

“O percurso é agradável, divertido e muito rápido. Consegui um ótimo ataque depois da metade da última volta e ultrapassei o Avancini e o Absalon. Espero o mesmo êxito nos Jogos Olímpicos”, declarou Andrea Tiberi.

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O brasileiro Henrique Avancini conquistou a quinta posição. Foto: Miriam Jeske/brasil2016.gov.br

“O circuito é bem elaborado, com excelente fluidez. É uma pista que exige trabalho tático. Está à altura dos Jogos Olímpicos”, disse o brasileiro Henrique Avancini, beneficiário do programa Bolsa Pódio do Ministério do Esporte. Durante quase toda a prova, ele brigou por uma medalha de bronze. “Estou feliz com o que fiz hoje. Dei azar taticamente em dois momentos importantes. A primeira vez foi um ataque, quando eu e o francês Jordan Sarrou éramos terceiro e quarto. Se trabalhássemos juntos até o final, a disputa do terceiro ficaria entre nós dois. Ele sofreu um furo de pneu e acabei ficando sozinho em uma parte tática da pista. Pelo menos foi bom vivenciar isso para evitar que se repita nos Jogos. Faltando uma volta e meia para o final, eu estava ao lado do espanhol Coloma e ele sofreu uma queda no rock garden natural do circuito. Mais uma vez, fiquei sozinho em uma parte enrolada. Na última volta, o Tiberi e o Absalon vieram juntos. Eu não tinha tempo hábil para esperar os dois para seguirmos juntos e tentei segurar o ritmo para não deixar eles encostarem. Mas eles atacaram juntos e não consegui suportar no final. Tive uma lesão durante a temporada, mas agora estou terminando com um resultado muito bom”.

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As opiniões femininas sobre o circuito corroboram o que os vencedores da prova masculina disseram. “É um percurso bonito e realmente não é fácil percorrê-lo. Mesmo com todo esse calor e com um pouco de vento em alguns trechos, me senti bem e consegui impor um bom ritmo. Espero repetir tudo isso no próximo ano, nos Jogos Olímpicos”, disse a vencedora Eva Lechner, décima colocada no ranking da UCI.

“Com esse calor todo, você tem que pedalar um pouco mais devagar no início para não passar dos seus limites logo cedo, pois isso custa caro no final. Você tem que se hidratar bastante e manter a temperatura do seu corpo o mais baixo possível. Gostei do evento, o percurso é muito bom. Tinha subidas curtas, muitas longas, trechos técnicos. Mas, com o calor, a pista parecia que ia ficando maior a cada volta. Foi importante para escolher os ajustes e a bicicleta certa para os Jogos Olímpicos. Voltarei no próximo ano com uma hardtail aro 29”, disse a polonesa Maja Wloszczowska, quinta no ranking mundial.

“O calor foi o maior desafio para mim. O percurso é desafiante, mas me senti confortável com as partes mais técnicas. Como tenho apenas 21 anos, essa experiência aqui foi incrível e aprendi muito no Brasil. Tenho que treinar mais nessas condições climáticas antes de voltar no próximo ano”, disse a sueca Jenny Rissveds.

A brasileira Raiza Henrique-Goulão comemorou o 11º lugar. “Nunca havia conseguido um resultado tão bom como esse em uma competição que só tinha as melhores do mundo.  Estou feliz. E, sim, o que todas disseram é verdade: a pista é incrível. Adorei os trechos técnicos”, explicou a Raiza, que treina em Pirenópolis (GO).

Áreas testadas

A satisfação dos atletas agradou os organizadores da prova. “O feedback positivo é importantíssimo, mas não é o único que levamos em conta. Temos que ouvir a federação internacional, o Comitê Olímpico Internacional e as próprias áreas técnicas do comitê organizador. Vamos coletar tudo isso e, depois, homologaremos a pista com a União Ciclística Internacional”, afirmou Rodrigo Garcia, responsável pelas operações esportivas do Comitê Organizador Rio 2016. 

“A prova de hoje não teve público porque o evento foi pensado assim desde o início. O teste era específico para a área de competição.  Para a operação do Comitê Rio 2016, tínhamos que testar o gerenciamento da competição, a cronometragem, a operação médica. Foi tudo tranquilo. Tivemos poucos incidentes nos treinamentos e no dia da prova – e os incidentes foram todos normais, que sempre acontecem no mountain”, acrescentou Garcia.

Próximos eventos

Este foi o segundo e último evento-teste da série Aquece Rio em outubro. Em novembro, haverá competições de bocha paralímpica (entre os dias 12 e 14), tênis de mesa (18 a 21), hóquei sobre grama (24 a 28), badminton (24 a 29) e canoagem slalom (26 a 29)

» Saiba mais sobre os eventos-teste para os Jogos Rio 2016

Complexo de Deodoro

A região de Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, será palco das competições de hipismo, ciclismo mountain bike, ciclismo BMX, pentatlo moderno, tiro esportivo, canoagem slalom, hóquei sobre grama, rúgbi e basquete nos Jogos Olímpicos Rio 2016; e de futebol de 7, tiro esportivo, hipismo e esgrima em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos.

Em julho de 2014, a Prefeitura do Rio de Janeiro iniciou as obras do Complexo Esportivo de Deodoro que, como recebeu os Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Mundiais Militares de 2011, já tinha 60% das áreas de competição permanentes construídas – o Centro Nacional de Tiro, a piscina do pentatlo moderno, o Centro Nacional de Hipismo e o Centro de Hóquei Sobre Grama precisam apenas de adaptações. 

» Mais sobre as instalações olímpicas

Abelardo Mendes Jr - brasil2016.gov.br

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