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Ginastica artística

11/08/2016 22h27

Simone Biles confirma com ouro olímpico no individual geral que é "a mais completa"

Norte-americana chegou a ficar em segundo ao longo da competição, mas encerrou a apresentação no solo, ao som de “Mas que nada”, levou o ouro e encantou o público. Rebeca Andrade ficou em 11º e saiu satisfeita com o resultado

Simone Biles: a ginasta mais completa do mundo faz apresentação de tirar o fôlego na trave. Foto: Danilo Borges/brasil2016.gov.br

Simone está sempre sorridente. Simone tem aquela simpatia que faz o mundo gostar dela, muito além das fronteiras dos Estados Unidos. Só que, nesta quinta-feira (11.08), Simone chorou na Arena Olímpica do Rio. Um choro de felicidade, consequência da explosão de sentimentos na hora da confirmação do que o planeta já suspeitava: Simone Biles é a ginasta mais completa da atualidade. Com 62.198 pontos, ela venceu a disputa do individual geral e ganhou o segundo ouro olímpico. A norte-americana também soma quatorze pódios em Mundiais, sendo dez ouros.

“Eu acho que tudo me atingiu de uma vez só. Eu me dei conta de que consegui o ouro, há dois anos que eu venho sonhando com isso e parece surreal quando acontece, fiquei muito entusiasmada”, contou a ginasta de 19 anos que também já havia subido ao pódio do Rio 2016 na competição por equipes.

O choro por pouco não veio antes da hora. Na rotação final, Simone foi a última a se apresentar no solo. Logo antes dela, a amiga Alexandra “Aly” Raisman terminou a série emocionada e comoveu Biles. Aly sabia que a apresentação tinha sido boa o suficiente para lhe dar o pódio que escapou em Londres por muito pouco. Em 2012, ela ficou empatada em terceiro lugar com a russa Aliya Mustafina, mas o critério de desempate a deixou em quarto lugar. No Rio, veio a redenção. Raisman ficou com a prata ao somar 60.098 pontos e fez a dobradinha no pódio com Simone. Mustafina voltou a ficar em terceiro (58.665) no individual geral.

“Se ficasse em quarto ou pegasse o bronze, o importante era fazer bem os quatro aparelhos. Claro que fiquei muito orgulhosa da prata, eu tentei focar em mim e ter essa redenção que tanto desejei”, contou Raiman. Ela agora tem cinco medalhas olímpicas: ouro por equipes em 2012 e 2016, ouro no solo e bronze na trave em Londres, e a prata conquistada nesta quinta.

Raisman e Biles comemoram a dobradinha no pódio. Foto: Danilo Borges/brasil2016.gov.br

O salto incrível

Raisman e Biles começaram a prova no salto, passaram para as paralelas assimétricas, seguiram para a trave de equilíbrio e terminaram no solo. Na mesma rotação, estava Rebeca Andrade. A brasileira competiu pertinho de duas grandes referências para a carreira, ficou em 11º lugar, com 56.965 pontos, e saiu satisfeita tanto com o resultado quanto com um elogio que veio da melhor ginasta do mundo.

“Não foi a melhor apresentação da minha vida, mas estou muito feliz por, com só 17 anos, ser considerada uma das melhores ginastas do mundo. Vai ser muito bom para minha carreira. E competir ao lado da Simone e da Raisman foi muito bom. A Simone falou que meu salto é incrível e eu fiquei muito feliz”, contou.

Rebeca havia ficado com a quarta melhor nota geral na classificatória, mas atrás de três norte-americanas. Como só duas por país podem participar da final, a brasileira entrou na decisão com a terceira melhor colocação. As notas nas assimétricas (14.033), trave (13.600) e solo (13.766) na final do individual geral foram mais baixas que as do dia da classificatória. Rebeca achou justas as pontuações e repetiu o pedido à torcida de não vaiar as decisões da arbitragem.

Rebeca Andrade e seu salto incrível, como descreveu Simone Biles. A brasileira ficou em 11º lugar. Foto: Getty Images

Depois de dois anos com histórico de lesões e de quase desistir do esporte, a brasileira disse que se considera uma guerreira. Acostumada a se concentrar em cada aparelho como se estivesse entrando numa bolha, conforme a psicóloga Aline Wolff a ensinou, Rebeca conseguiu suportar bem a pressão de disputar os Jogos em casa e não teve quedas nesta quinta. Mas foi impossível ficar imune à emoção.

“Todo mundo gritando o meu nome, “Rebeca, Rebeca”, claro que emociona. Parece que eu sou uma estrela”, disse.

A outra brasileira na competição, Jade Barbosa, não completou a disputa. Ela se apresentou na trave e, durante a série do solo, sentiu dores no tornozelo direito. Ela saiu carregada da arena e não teve condições de continuar a prova.

Rotações

Rebeca foi a primeira a se apresentar no salto, repetindo a nota da eliminatória: 15.566. Ao final da rotação inicial, ela estava em terceiro, atrás apenas das duas norte-americanas Aly Raisman (15.633) e Simone Biles (15.866).

As assimétricas levaram Rebeca para a quinta colocação. Mas o que mais chamou atenção foi que Biles ficou em segundo após esse aparelho (14.966), cena rara na ginástica artística nos últimos anos. Quem liderava a competição naquele momento era Aliya Mustafina, a atual campeã olímpica das assimétricas, conseguindo 15.666 pontos. Nada que abalasse  a confiança ou a concentração de Simone.

“Eu apenas me concentrei no que tinha que fazer. Isso não me incomodou. Ela é muito forte nas barras, as pontuações são muito altas. A expectativa era alta pra ela”, disse a norte-americana.

Na trave, Simone fez uma apresentação de tirar o fôlego e foi a única ginasta a ter uma nota acima de 15 (15.433). Rebeca, a esta altura, já estava em sétimo. Biles voltava à liderança e, na sequência, ainda faria uma apresentação de solo quase impecável (15.933), que por si só já teria sido suficiente para encantar o público. Para complementar, a música escolhida para a série é uma versão de “Mas que nada”, composta por Jorge Ben Jor, empolgando ainda mais a torcida.

“Foi uma energia incrível na arena, algo que eu nunca tinha vivido antes. E nos ajudou muito com a adrenalina”, disse Biles.

Ao final, o choro, o abraço em Aly e na técnica Martha Karolyi, o aceno para a torcida, e o sorriso que o mundo inteiro aprendeu a admirar. Dois ouros são só o começo. Biles ainda disputa as finais do salto, trave e solo no Rio 2016. Ela vai em busca de mais três ouros e diz não se importar com a pressão pelos resultados.

“Pressão normalmente não me atinge. Eu me concentro em mim mesma. Eu também falei com a Aly ao longo do dia: não podíamos chegar mais preparadas, acho que é por isso que fomos tão bem. Não estou sentindo a pressão dos Jogos Olímpicos, me sinto preparada”, disse. 

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br