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03/09/2021 06h39

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Seleção feminina de goalball se despede dos Jogos de Tóquio como a quarta do mundo

Em partida marcada por polêmica na arbitragem, Japão goleia Brasil por 6 x 1 e leva o bronze

O Brasil terá que adiar, por pelo menos mais um ciclo, a conquista da primeira medalha paralímpica no goalball feminino. Por 6 x 1, a seleção foi derrotada pelas anfitriãs, em partida marcada por erros de arbitragem, e volta para casa como a quarta melhor do mundo. A Turquia venceu os Estados Unidos na final e conquistou o título.

As japonesas entraram em quadra com um jogo forte e, ainda nos primeiros minutos, Eiko Kakehata fez a primeira das três pontuações dela registradas nesta etapa da partida. Norika Hagiwara converteu duas penalidades, resultado que colocou o Brasil muito longe do bronze e irritou a equipe técnica do país, que considerou terem havido erros de marcação.

Foto: Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

“Sabemos que quando entramos em quadra os árbitros fazem parte do processo. Assim precisamos contar sempre com acertos e erros. Mas hoje foi demais. Um erro foi nítido e gerou dúvida entre os próprios árbitros publicamente. Eu tenho muitos anos de goalball e nunca vi isso”, criticou o treinador, Dailton do Nascimento.

“Não dá pra saber o que faltou, mas posso dizer que tivemos coragem, vontade, força. A gente não se entregou, não entrou com cabeça baixa. Acreditamos no bronze, mas elas jogaram melhor. O que posso garantir é que todo mundo deu o seu melhor"
Ana Gabriely, pivô da seleção brasileira

Ele se refere a confusão entre high ball e long ball, dois tipos de infração que ocorrem quando as atletas não lançam a bola de acordo com os requisitos da modalidade. Os árbitros discutiram entre si antes de decidirem sobre o tipo de infração que teria havido num lance de ataque do Brasil, e o treinador da seleção entendeu que não houve nenhuma delas. Com a penalidade, as japonesas abriram vantagem cedo.

“Não estou dizendo que a arbitragem decidiu o jogo, mas talvez, se não tivesse tido essa falha no início, o time tivesse tido uma reação melhor. É necessária uma melhora da arbitragem, já que um erro pode prejudicar todo um ciclo”, completou o técnico. Nesta temporada, a seleção brasileira foi ouro no Jogos Parapan-Americanos de Lima, em 2019 e bronze no Mundial de Goalball de Malmö, na Suécia.

Mesmo explorando todas as jogadoras à disposição, o Brasil não apresentou um jogo muito diferente na segunda etapa. Victoria Amorim chegou a desperdiçar uma cobrança de penalidade, mas também coube a ela fazer o gol de honra. Norika pontuou mais uma vez para fechar a goleada.

“Cada jogo é um jogo e esse não foi o nosso. Falhamos em alguns momentos”, admite a ala Ana Carolina. “Não dá pra saber o que faltou, mas posso dizer que tivemos coragem, vontade, força. A gente não se entregou, não entrou com cabeça baixa. Acreditamos no bronze, mas elas jogaram melhor. O que posso garantir é que todo mundo deu o seu melhor”, completa a pivô Ana Gabriely.

Investimento

Levando em conta as seleções masculina e feminina que defendem o Brasil em Tóquio, são dez jogadores apoiados pelo Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal. O investimento direto nesse grupo, no ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, foi de R$ 1,2 milhão. No ciclo paralímpico dos Jogos de Tóquio, o ministério investiu R$ 3,4 milhões no goalball por meio do Bolsa Atleta. Entre 2017 e 2021, foram concedidas 196 bolsas em todas as categorias para os atletas da modalidade.

Na equipe feminina, quatro das seis atletas convocadas para o Japão são patrocinadas atualmente pelo programa executado pela Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, num investimento anual de R$ 92,7 mil. Já o repasse total neste grupo ao longo do ciclo Rio-Tóquio alcançou R$ 449,1 mil.

 Goalball - Jogos Paralímpicos de Tóquio

Renovação

Com uma equipe renovada, já que das seis jogadoras brasileiras em Tóquio, apenas Carol e Victoria têm participação em Paralimpíadas, o time espera um desempenho melhor na próxima edição dos Jogos, em Paris 2024.

“Temos um poder de resiliência grande. A gente está com uma equipe nova e o goalball brasileiro tem potencial. É nas dificuldades que nos fortalecemos e nas perdas que a gente aprende o que pode melhorar. Saio hoje de cabeça erguida porque sei que a gente tem capacidade para chegar em Paris muito mais forte”, avalia Ana Carolina.

Também para Ana Gabriely, o aprendizado adquirido durante a campanha em Tóquio será fundamental para chegar a Paris mais competitiva. “Os erros de arbitragem fizeram diferença no saldo, mas também tomamos gol de bola rolando. Assim, tudo que aconteceu só estimula a gente para continuar batalhando e a gente vai melhorar, vai crescer cada vez mais. Somos a quarta melhor seleção do mundo e isso não é para qualquer um”, finaliza.

Cynthia Ribeiro, de Tóquio, no Japão (rededoesporte.gov.br)