Basquete
Lima 2019
Seleção feminina de basquete quebra jejum de 28 anos e vence o Pan de Lima
Com a melhor campanha na história dos Jogos Pan-Americanos, com 164 medalhas, superando a campanha de 2007, quando fechou com 157, o Brasil também fez história no basquete neste sábado (10.08). A equipe feminina derrotou os Estados Unidos, no Coliseo Eduardo Dibós, por 79 x 73, e quebrou um jejum de 28 anos – a equipe não era campeã desde 1991, em Havana.
"Hoje a gente conseguiu a primeira conquista deste início de trabalho. A gente tem que continuar focado, trabalhando. É um bom começo, uma vitória e medalha de ouro. É uma conquista importante para história do basquete brasileiro. Todas as pessoas que passaram pela seleção estão fazendo parte disso", disse a ala Clarissa dos Santos.
"A gente estava passando por tanta coisa no basquete e poder conseguir uma coisa tão grandiosa, poder fazer parte dessa história é simplesmente sensacional"
Tainá Paixão, cestinha da partida, com 24 pontos
A seleção feminina, que chegou desacreditada ao Pan, iniciou a partida com muita intensidade, chegando a abrir vantagem de oito pontos no primeiro quarto, mas os Estados Unidos reagiram e fecharam a primeira etapa com 22 x 20. O segundo quarto seguiu com um jogo equilibrado, com a seleção mais moderada na marcação e conseguindo rodar melhor a bola, o que resultou numa virada de 39 x 38 (19 x16).
Na volta do intervalo, as brasileiras souberam se manter à frente do placar durante praticamente todo o período, com a parcial fechando 16 x 15. Na última parte do jogo, o time conseguiu abrir 10 pontos, fechando a partida em 79 x 73.
"A gente perdeu um sul-americano [em setembro de 2018 para a Argentina] e foi terrível para a gente. Muitos falaram que não íamos conseguir mais nada. Eu estava nascendo em 1991. A gente estava passando por tanta coisa no basquete e poder conseguir uma coisa tão grandiosa, poder fazer parte dessa história é simplesmente sensacional", comemorou a armadora Tainá Paixão, cestinha da partida, com 24 pontos.
De acordo com ela, a vitória deste sábado é resultado de uma nova estrutura de jogo, adotada por José Neto, que assumiu a equipe em maio. "A gente consegue jogar leve com ele. É uma coisa que a gente não vinha fazendo. A gente sabe do nosso potencial, mas a gente não conseguia demonstrar", explicou. "Estamos muito gratas por ele ter vindo aqui pegar essa bucha que era o basquete feminino e a gente sabe que para ele não deve ter sido uma escolha fácil", disse a jogadora, que também pegou sete rebotes e fez três assistências ao longo da partida.
Treinamento intenso
Mesmo com uma fase final de treinamento curta, de 17 a 30 de julho, na Arena Coronel Wenceslau Malta, no Parque Olímpico de Deodoro, um dos legados dos Jogos Rio 2016, a equipe conseguiu absorver, segundo o treinador, a proposta de trabalho, que tanto a parte ofensiva quanto defensiva. "Elas tiveram que acreditar muito na proposta de trabalho que a gente tinha. Elas se dedicarem 100% e vimos um basquete de qualidade sendo jogado. Foi a melhor defesa do campeonato", avaliou o técnico, que nos últimos seis anos foi treinador da equipe masculina do Flamengo, levando o clube à conquista de quatro títulos do Novo Basquete Brasil e um Mundial Interclubes.
De acordo com Tainá, esse é o começo de uma nova era do basquete feminino nacional e a conquista em Lima é parte da caminhada até os Jogos de Tóquio. "A gente teve todo suporte para treinar em Deodoro. Foram cerca de 15 dias de preparação, o que não é muito. Mas aproveitamos cada dia visando o Pan e outras coisas. Aqui é só o começo. A gente quer os Jogos. É uma caminhada longa, sabemos das dificuldades, mas acho que a gente consegue", concluiu.
Essa é o quarto título Pan-Americano da história da seleção brasileira de basquete feminino. Além de Havana, em 1991, quando Hortência e Magic Paula entraram para a história ao bateram Cuba na decisão, as outras duas vezes foram em 1967, em Winnipeg, e 1971, em Cali.
100% de aproveitamento
A seleção brasileira chegou à final invicta. Na primeira fase, a equipe venceu o Canadá por 79 x 71, Porto Rico por 64 x 58 e o Paraguai por 81 x 37. Ontem (09.08), pela semifinal, o país derrotou a Colômbia por 62 X 48.
"DNA" do Bolsa Atleta
Com 50% da equipe apoiada pelo Bolsa Atleta, a seleção brasileira contabiliza R$ 144,9 mil em investimentos do Ministério da Cidadania no ano. Das seis atletas contempladas pelo programa, três são da categoria Olímpica e três da categoria Nacional. Atualmente, 119 jogadores nacionais da modalidade são apoiados, o que representa um aporte de R$ 1,7 milhão ao ano. Duas atletas da seleção fazem parte do Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas.
Cynthia Ribeiro, de Lima, Peru – rededoesporte.gov.br