Saltos ornamentais
Evento-teste
Saltos: atletas competem com mau tempo e destacam adaptação e força mental
A conquista das vagas olímpicas na plataforma 10m sincronizado masculino teve um desafio extra neste domingo (21.02), durante a Copa do Mundo de saltos ornamentais, evento-teste da modalidade para o Rio 2016. A forte chuva do início da noite, que veio com ventos intensos e muitos raios, chegou a interromper a prova por cerca de 40 minutos, quando os atletas terminavam a quarta rodada de saltos. A competição retornou e reforçou o domínio da China na modalidade, que ficou com o ouro. Em segundo, ficou a Alemanha, seguida por Grã Bretanha, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia. Como chineses e russos já haviam se classificado para os Jogos, os demais países citados garantiram as quatro vagas em jogo.
Medalhista olímpico e mundial, o norte-americano David Boudia disse que a adversidade é positiva para o time deles. “Quando você vai para a competição, você pensa que vai saltar seis vezes e terminar. Quando tem uma interrupção de 30 minutos, isso pode te desconcentrar. É o tipo de coisa que a gente ama, sabemos que somos fortes mentalmente. Eu não sei o que os adversários podem fazer, mas sabemos lidar bem com esse tipo de situação adversa. Nosso principal objetivo era conseguir a vaga e fizemos isso”, disse.
“Aprendemos sobre a imprevisibilidade do tempo, saltar em local aberto, na chuva, você não sabe o quão forte vai estar a chuva. Há muitas inconsistências, mas é importante competir assim, porque ao voltar em agosto, podemos ter a mesma situação e estaremos totalmente preparados”, completou o parceiro Steele Jonhson.
Atual campeão mundial da prova, Yue Lin achou importante competir em diversas condições climáticas no Brasil antes dos Jogos. “Ficamos muito concentrados nos movimentos e na competição, então, não prestamos muita atenção aos raios e ao tempo. Eu gostei porque foi a primeira vez que competimos na chuva. O tempo está mudando muito. Em alguns momentos, tem sol forte, em outros, chuva. Então, podemos experimentar todos os tipos de condições”, explicou.
“Tudo o que poderia acontecer com a gente, aconteceu hoje. Chuva, atraso na competição, então foi um ótimo treino. Especialmente por saltar em piscina aberta, nunca competimos assim antes. Ficamos felizes com o resultado e foi uma grande experiência para as Olimpíadas”, acrescentou o britânico Tom Daley, também medalhista olímpico e mundial.
Perfeição chinesa
Na final da plataforma de 10m feminino, ainda sob chuva, Qian Ren conquistou não só a medalha de ouro, com 454.65 pontos. A chinesa que completou quinze anos neste sábado (20.02) deu um presente a quem ainda estava no Maria Lenk de noite: seu último salto foi perfeito, tendo recebido a nota 10 de todos os jurados, algo inédito na competição até agora. Além disso, todas as notas dela computadas para a pontuação de cada salto foram acima de nove. A nota final foi 57.6 pontos mais alta do que a obtida pela campeã mundial de Kazan, a norte coreana Kim Kuk-hyang.
“Eu realmente não sei explicar como fiz isso, mas foi como no treino. Fiz o que faço normalmente. Não tem segredo para ganhar a nota máxima. É só treino. A chuva não afetou em nada”, contou Ren. Em segundo lugar, ficou outra chinesa, Yajie Si (412.80). O bronze foi para a australiana Melissa Wu (380.50)
Nova falha de energia
Com a chuva, o Maria Lenk teve nova falha de energia, assim como na sexta e no sábado. O apagão durou cerca de 40 minutos. O centro de mídia ficou no escuro e o painel que mostra os resultados parou de funcionar. Na tarde deste domingo, antes da falha, o diretor de Gestão de Instalações do comitê, Gustavo Nascimento, informou que um reforço no sistema de energia havia sido feito no Maria Lenk, na madrugada de sábado para domingo.
“Na sexta, uma palmeira, segundo a Light (empresa de geração e fornecimento de energia), interrompeu o circuito, mas eles conseguiram remediar a tempo. Para a queda de energia de ontem (sábado), eles já tem uma suspeita da causa, mas não quiseram revelar ainda. Já estão remediando, mas a gente só vai ter certeza amanhã. O importante é que, nessa madrugada, a gente fez incremento de geradores para fazer uma alimentação de itens não essenciais para a competição, já está tudo com maior segurança. Agora a gente diminuiu o risco”, disse.
Como a energia voltou a falhar, o Comitê Rio 2016, via assessoria, informou que o problema está sendo estudado para encontrar as causas. Gustavo Nascimento explicou que, durante os Jogos, o fornecimento de energia para as instalações será feito de outra forma.
“A gente usa o circuito de média voltagem da Light, energia que vai pra qualquer lugar e alimenta a cidade inteira. Nós temos dois geradores que alimentam a parte essencial da competição, o equipamento de tecnologia, para que haja redundância, para que não se percam os registros de resultados. A competição não parou. Nos Jogos, a configuração é totalmente diferente. A gente tem outro sistema de redundância, toda a alimentação do parque vinda de subestações independentes, ou seja, caso uma tenha algum tipo de problema, a gente tem a segunda alimentação. Como um avião ou um desses transatlânticos que operam com dois motores: caso um falhe, o outro assume”, disse.
A competição prossegue até 24 de fevereiro. Nesta segunda (22.02), serão realizadas as eliminatórias do trampolim de 3m feminino e a semifinal e a final do trampolim 3m masculino.
Carol Delmazo, brasil2016.gov.br