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Ginastica artística

02/08/2021 08h54

Ginástica Artística

Rebeca Andrade encerra campanha em Tóquio com quinto lugar no solo

Brasileira termina a participação nos Jogos Olímpicos com prata no individual geral e ouro na prova do salto
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Rebeca executa a série de solo na Arena Ariake, em Tóquio. Foto: Ricardo Bufolin/CBG
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Rebeca executa a série de solo na Arena Ariake, em Tóquio. Foto: Ricardo Bufolin/CBG
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Rebeca executa a série de solo na Arena Ariake, em Tóquio. Foto: Ricardo Bufolin/CBG
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Rebeca executa a série de solo na Arena Ariake, em Tóquio. Foto: Ricardo Bufolin/CBG
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Rebeca executa a série de solo na Arena Ariake, em Tóquio. Foto: Ricardo Bufolin/CBG
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Rebeca com o ouro e a prata conquistados em Tóquio: histórico. Foto: Ricardo Bufolin/ CBG
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Teve Baile de Favela, houve palmas improvisadas de voluntários e profissionais de imprensa para acompanhar o ritmo de uma brasileira e não faltou torcida. Mas, diferentemente do que ocorreu no individual geral e na prova do salto, não teve Rebeca Andrade no pódio dos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta segunda-feira (02.08).

“Com certeza foi muito mais do que sonhei. Eu jamais poderia esperar tudo o que aconteceu. Claro que medalhas a gente sempre quer ganhar no alto rendimento, mas ganhei muito mais aqui. Ganhei admiração, respeito, fiz história, representei um país inteiro. Não foi só a medalha. Estou mais feliz de orgulhar todo mundo, em especial minha família e meu treinador”
Rebeca Andrade

Com uma pisada fora da área que delimita o tablado e pequenos erros de chegada após piruetas aéreas, a ginasta paulista terminou em quinto lugar o último de seus compromissos na capital japonesa, com um total de 14.033 pontos. O ouro ficou com a norte-americana Jade Carey, que somou 14.366 pontos, seguida pela italiana Vanessa Ferrari, com 14.200, e com um empate duplo na terceira posição, entre a japonesa Mai Murakami e a russa Angelina Melkinova, ambas com 14.166.

Nada que abalasse Rebeca ou que reduzisse o tamanho do que a atleta de 22 anos alcançou nas competições disputadas na Arena de Ariake. Rebeca volta para o Brasil com a primeira medalha da história da ginástica artística feminina em Jogos Olímpicos, a prata conquistada na prova que determina a mais completa das atletas (individual geral), e um ouro que elevou a ginasta ao patamar de poucos brasileiros que conquistaram dois pódios numa mesma edição de Jogos Olímpicos.

“Gente, eu estou muito feliz, grata com todas as apresentações desde o primeiro dia, e de ter finalizado tão bem com o solo e levado mais alegria ao Brasil e às pessoas que torceram por mim”, afirmou. “Fico super honrada por ver tantos que confiaram no meu talento, os que me conheceram agora e com a repercussão que tudo está tendo, por estar inspirando tantas pessoas”, completou.

Estrutura e investimento

O Brasil experimenta nos últimos 20 anos uma ascensão significativa na modalidade, com resultados expressivos conquistados pelos atletas nacionais em torneios continentais, em etapas da Copa do Mundo, em mundiais e em Jogos Olímpicos. Essa ascensão foi acompanhada de investimentos do Governo Federal e o patrocínio de estatais para garantir viagens, treinamentos e a equipagem de 16 centros de treinamento no país.

Daniele Hypolito foi a primeira medalhista em mundiais, com uma prata no solo em 2001. Daiane dos Santos tornou-se a primeira campeã mundial na modalidade, em 2003. Rebeca se consolidou como a primeira medalhista, a primeira campeã olímpica e a primeira a conquistar duas medalhas numa só edição de Jogos Olímpicos.


Os sete integrantes da seleção de ginástica artística classificados para Tóquio fazem parte do Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal Brasileiro. Seis deles, incluindo Rebeca, pertencem à categoria Pódio, a principal do programa, voltada para atletas que se posicionam entre os 20 melhores do mundo em suas modalidades. No ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, a ginástica artística recebeu do Governo Federal investimento direto de R$ 7 milhões via Bolsa Atleta, recursos que propiciaram a concessão de 256 bolsas.

Rebeca com o ouro e a prata conquistados em Tóquio: histórico. Foto: Ricardo Bufolin/ CBG

Ressurreição

Depois de passar por três cirurgias de reconstrução dos ligamentos cruzados do joelho e de longos períodos de reabilitação, Rebeca conquistou a vaga em Tóquio tardiamente, e só porque o evento foi adiado em um ano em função da pandemia do novo coronavírus. Ela garantiu o passaporte ao vencer a competição do individual geral no Campeonato Pan-Americano disputado em maio de 2021 no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro.  

“Eu me senti incrível aqui. Não me senti pressionada para levar medalha, para acertar, mesmo querendo muito. Foi uma coisa muito natural, fluiu. Eu não ficava me obrigando. O tom era: ‘Fica tranquila, calma, confia em você’. Pensar assim me ajudou muito a conquistar bons resultados"

Diante disso, Rebeca confessou que tudo o que ocorreu em solo japonês superou de forma intensa todos os melhores sonhos que ela um dia alimentou. “Com certeza foi muito mais do que sonhei. Eu jamais poderia esperar tudo o que aconteceu. Claro que medalhas a gente sempre quer ganhar no alto rendimento, mas ganhei muito mais aqui. Ganhei admiração, respeito, fiz história, representei um país inteiro. Não foi só a medalha. Estou mais feliz de orgulhar todo mundo, em especial minha família e meu treinador”, disse.

Segundo ela, o processo de recuperação e um intenso trabalho mental que ela realizou com uma equipe multidisciplinar foram essenciais para que a performance dela em Tóquio ocorresse de forma natural e sem cobranças excessivas.

“Eu me senti incrível aqui. Não me senti pressionada para levar medalha, para acertar, mesmo querendo muito. Foi uma coisa muito natural, fluiu. Eu não ficava me obrigando. O tom era: ‘Fica tranquila, calma, confia em você’. Pensar assim me ajudou muito a conquistar bons resultados. Foi suficiente para levar duas medalhas para o Brasil”, brincou.

Rebeca se confessa curiosa por entender a dimensão do fenômeno em redes sociais que ela se tornou, com mais de dois milhões de seguidores em função da visibilidade que atingiu durante os Jogos Olímpicos.

“Normalmente, quando tem Jogos Olímpicos, mundiais, cresce mesmo o número de seguidores. Só que agora estourou, né? Acho que talvez por causa do Baile de Favela, do funk, que muita gente conhecia e gostou”, disse. E emendou dizendo que um dos momentos mais intensos da vida de celebridade recente veio do fato de que a cantora Jessie J repostou um vídeo em que Rebeca e Arthur Nory cantam uma música da própria Jessie J. “Tem várias pessoas famosas me seguindo, muita gente dizendo que sou uma ótima influência pela minha história, meninas querendo começar na ginástica. Está sendo um momento incrível”, disse.

Segundo Rebeca, se pudesse escolher uma mensagem para simbolizar sua campanha em Tóquio, seria a de acreditar em si mesma, de não desistir. “Tive várias oportunidade de desistir de tudo, mas tive várias pessoas me falando que não era hora, que eu não precisava, porque estavam comigo. Ter pessoas que acreditam em você, no seu potencial, é muito importante. Coisas ruins sempre vão acontecer, mas é preciso ser forte. Um dia vai melhorar e dar certo”.


Flavinha e Biles na trave

O último dia de competições da ginástica artística em Tóquio reserva mais uma oportunidade de apresentação para uma ginasta brasileira. Flávia Saraiva está qualificada entre as oito que disputam a final da trave. Ela vai dividir a competição com a norte-americana Simone Biles, que deixou de disputar a maioria das finais numa opção para preservar sua saúde mental, mas resolveu voltar à ativa na despedida da modalidade. 

Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br