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Atletismo

10/08/2016 16h48

"Queria ter escrito uma história diferente hoje", diz Tiago Camilo depois da eliminação

No quinto dia de judô no Rio 2016, Tiago Camilo e Maria Portela são eliminados e Brasil continua com uma medalha na modalidade

A trajetória de Tiago Camilo é repleta de alegrias, tristezas, lesões, cirurgias, derrotas e muitas vitórias. Nesta quarta-feira (10.08), o judoca de 34 anos disputou sua quarta edição de Jogos Olímpicos – antes, havia competido em Sydney 2000, Pequim 2008 e Londres 2012.  O fim desta longeva carreira olímpica que inspira gerações na modalidade ocorreu na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra, ao ser superado por Mammadali Mehdiyev, do Azerbaijão. 

Foto: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br

No quinto dia de combates de judô nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, os brasileiros ficaram novamente sem ver um atleta nacional no pódio da Arena Carioca 2. Pouco antes da eliminação de Camilo, a brasileira Maria Portela foi derrotada pela austríaca Bernadette Graf, sétima colocada no ranking mundial.

A torcida brasileira viu pela última vez o estilo de luta tradicional de Tiago Camilo, que lhe rendeu a medalha de prata em Sydney-2000 na categoria leve e o levou ao bronze em Pequim-2008 na categoria dos meio-médios. 

"Nada vai apagar o que conquistei, mas eu queria ter escrito uma história diferente hoje. Fiquei feliz em receber o carinho do público. Acho que é um reconhecimento de toda a minha carreira, de tudo que eu construí no esporte, minhas conquistas. Eu queria ter dado mais alegrias para os torcedores", disse Camilo ao final da luta.

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O atleta mais experiente do time brasileiro lamenta que os resultados no tatame do Rio 2016 não representem a qualidade técnica dos judocas nacionais. "Todo mundo esperava mais do judô brasileiro. É justa a cobrança, pois temos judocas muito talentosos. Nós vimos grandes atletas e campeões olímpicos ficando sem medalha. É da competição, faz parte dos Jogos Olímpicos. A gente fica triste porque o judô brasileiro é mais do que apresentamos aqui. Poderíamos ter conquistado mais medalhas olímpicas", opina Tiago Camilo. Até o momento, a modalidade subiu uma vez ao pódio, com a dourada de Rafaela Silva.

Foto: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br

Combates

Aos gritos de "o campeão voltou", Tiago Camilo enfrentou na primeira luta o sul-africano Zack Piontek, número 23 do ranking mundial. Com bastante agressividade, Camilo garantiu um Yuko no início. Os dois judocas chegaram a receber uma punição cada. Restando poucos segundos para o fim, Tiago Camilo aplicou um ippon que levantou a torcida brasileira.

A expectativa passou para o segundo confronto, contra Mammadali Mehdiyev, do Azerbaijão, vigésimo quarto do ranking mundial. O brasileiro chegou a controlar a luta no início. Conseguiu aplicar um golpe e ficou na vantagem de um Yuko. Administrou o combate até que num descuido tomou um Wazari, no contragolpe de Mammadali, faltando poucos segundos para o fim da luta.

O judoca não pensa ainda em encerrar a carreira. Tiago Camilo deseja competir até 2017, quando pretende lutar o seu último Campeonato Mundial.

Maria Portela. Foto: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br

Maria Portela

No feminino, a judoca Maria Portela enfrentou os combates na categoria até 70kg. Na primeira luta, encarou a marroquina Assmaa Niang, número 12 do mundo. Portela não se intimidou e levou o combate para o golden score, depois que as duas judocas sofreram punições. A vitória foi de Maria Portela depois de marcar um Yuko.

Já nas oitavas de final, Maria Portela enfrentou a austríaca Bernadette Graf, sétima no ranking mundial. Foi uma luta dura do início ao fim. As duas judocas receberam um shido cada. No golden score, Portela aplicou um golpe irregular e deu adeus ao sonho olímpico.

"Tomei uma decisão errada. Quando quis surpreender, acabou que a minha mão não chegou da maneira que deveria. Na hora fiquei em dúvida, achei que ela tinha sido punida, porque era o meu segundo ataque. Foi uma tentativa que acabou dando errado", analisou Portela.

Portela disse que no último ciclo olímpico procurou evoluir tecnicamente e psicologicamente. "Eu estava me sentindo bem preparada, tranquila, e não estava encarando como uma pressão. O clima está muito bom. É que essa é uma competição que não é o melhor que vence, mas é o que menos erra nos minutos decisivos da luta. Espero que os outros brasileiros que irão competir absorvam a energia da torcida", disse Portela.

"Nós também desejamos os resultados, pois eles servem para premiar toda uma dedicação e esforço de uma vida. Eu me sinto uma pessoa privilegiada por ter conseguido conquistar uma vaga e ter tido a oportunidade de representar o meu país em casa. Eu me dediquei e me entreguei 100%, tanto na preparação quanto na luta. Infelizmente, errei. A medalha olímpica não é para todos. Vou levantar a cabeça e seguir em frente. Se for para mim, quem sabe, será nos próximos Jogos Olímpicos", finaliza.

Galeria de fotos (disponíveis para uso editorial gratuito, desde que creditadas para Roberto Castro/ brasil2016.gov.br)

Rio 2016 - Judô - 10/08/2016

Breno Barros - brasil2016.gov.br