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Mobilidade urbana
Primeiro trecho do VLT é inaugurado no Rio de Janeiro
O bonde, velho conhecido da região central do Rio de Janeiro, ainda na época imperial, está de volta ao coração da cidade. Com o moderno nome de Veículo Leve sobre Trilhos, ou simplesmente VLT, o novo modal realizou, neste domingo (5.6), a viagem inaugural no Centro da Cidade Olímpica.
“O VLT é um integrador de modais, chega à rodoviária, no trem, no metrô, nas barcas, chega ao Aeroporto Santos Dumont, e, no futuro, vai encontrar o BRT Transbrasil. Muda a face do centro do Rio e tem um pouco da volta ao Rio antigo, ao Rio dos bondes. É um esforço para resgatar o centro da cidade, como um local que as pessoas frequentem, apreciem e possam morar aqui no futuro também”, disse o prefeito Eduardo Paes.
A rede tem, ao todo, 28 quilômetros, mas a operação será progressiva. A cada ciclo, horários e trajetos serão ampliados e novos bondes entrarão no sistema. A primeira etapa, Rodoviária Novo Rio – Aeroporto Santos Dumont (veja o trecho em azul mapa abaixo), terá 18 quilômetros em trilhos, 17 paradas e uma estação. A ligação entre a Central do Brasil e a Praça XV (em verde) entra em operação no segundo semestre.
Inicialmente, o VLT transportará passageiros de segunda a sexta-feira, das 12h às 15h, com embarque e desembarque em oito paradas nos dois sentidos: Parada dos Museus, São Bento, Candelária, Sete de Setembro, Carioca, Cinelândia, Antônio Carlos e Santos Dumont.
“O primeiro momento é de apresentação, de contato com a população. Nossa maior preocupação neste momento é a segurança dos pedestres e o respeito dos motoristas aos cruzamentos. O pedestre precisa ficar atento porque o trem é silencioso e a operação tem fases. Mas em pouco tempo estará ao longo de todo o dia funcionando, com intervalos muito curtos entre os trens”, disse o secretário executivo de Coordenação de Governo da Prefeitura, Rafael Picciani.
No primeiro mês, não haverá cobrança. Mas agentes da concessionária irão acompanhar o dia a dia da operação para tirar dúvidas dos passageiros sobre o pagamento da passagem, trajetos e demais procedimentos do novo modal. O primeiro trecho entra em operação comercial no dia 1º de julho e, segundo Picciani, a previsão é de que tanto o trecho em azul no mapa quanto a parte verde estejam em pleno funcionamento para os Jogos Olímpicos.
“A gente começa com a operação do trecho da rodoviária até o aeroporto, mas nem todas as 17 paradas vão estar funcionando, e vamos ampliando a cada semana o número de paradas e os intervalos do trens. A partir de 1º de julho, teremos a operação comercial, com cobrança do passageiro, e vamos ampliando as paradas, para que, durante os Jogos Olímpicos, todo o trecho (em azul) esteja servindo à população, inclusive a parte extra da Parada dos Navios ao Aeroporto, permitindo que o acesso ao Live Site do Porto Maravilha seja um dos grandes atrativos. O trecho Central do Brasil-Praça XV (em verde no mapa) também estará entregue à população”, disse Picciani.
Os condutores passaram por um treinamento de mais de 2 mil horas, com qualificação na França, e estão há meses operando o simulador e realizando os testes de rua. Para o controle do pagamento, já que a validação é voluntária, haverá mais de setenta fiscais. Quem não validar o bilhete vai estar sujeito a uma multa de R$ 170 reais, de acordo com o secretário. Na operação plena, o VLT funcionará 24 horas, com 32 trens e capacidade para transportar 300 mil pessoas. Haverá máquinas de autoatendimento para a compra de bilhetes em todas as paradas e estações.
Conhecendo o centro
Para o turista, a missão de conhecer os belos prédios históricos, as igrejas e os museus das regiões central e portuária ficará mais fácil. As caminhadas serão encurtadas com o novo modal.
Comecemos pela chegada à cidade. O VLT terá uma estação na rodoviária e vai parar no Aeroporto Santos Dumont. Com o avanço da operação, o modal vai passar também pela famosa Estação Central, onde chegam os trens e o metrô. Agora, os atrativos turísticos: quando estiver em pleno funcionamento, o VLT vai passar pela cidade do Samba, deixará o turista na Praça Mauá, de frente para os novos museus do Amanhã e de Arte do Rio, além de entregá-lo na entrada do Live Site, a grande festa organizada com telões e shows para que a população possa acompanhar as disputas esportivas. A pira olímpica também vai estar na “rota do VLT”, já que ficará acesa no Centro do Rio.
O turista chegará facilmente à Igreja da Candelária e os que gostam de exposições e de outras formas de arte poderão dar uma passada no Centro Cultural Banco do Brasil. Conhecer o Theatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes ou a Biblioteca Nacional também vai ser mais prático. Uma caminhada curta liga o VLT aos Arcos da Lapa. Ir à Praça XV, tomar um café na famosa Confeitaria Colombo, conhecer a Praça Tiradentes ou fazer compras no Saara (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega) são outras opções de acesso rápido pelo VLT.
Campanha educativa
Para o carioca, especialmente aquele que trabalha no centro da cidade, o dia a dia pode ficar mais fácil com o VLT. Mas um bonde, da noite pro dia, passando em pleno centro, também é um grande desafio. Por isso, campanhas educativas tiveram início em março e serão intensificadas a partir de agora para orientar os usuários a respeito do uso do novo sistema. Elas informarão sobre segurança, forma de pagamento, compra dos bilhetes e regras de convivência dentro dos trens.
A campanha #OlhonoVLT ocupa ruas, está na mídia convencional e nas mídias sociais, e tem ações corpo a corpo bem-humoradas chamando a atenção de pedestres. No período de testes, o programa distribuiu 50 mil adesivos, 250 mil folhetos e instalou 22 painéis e displays ao longo do Centro e Região Portuária. Nesta nova etapa, mais 200 mil folhetos serão distribuídos nas ruas do eixo de passagem.
“É uma mudança de costume, o VLT trafega no mesmo nível que o pedestre, passa pelos cruzamentos onde a população faz travessias e é necessário todo o cuidado. Neste primeiro momento, estaremos com batedores de motos na frente dos trens para dar um reforço na atenção”, explicou Rafael Picciani.
Com o bilhete único carioca, o cidadão pode usar o VLT. “Pagando R$ 3,80, com o bilhete único, ele pode ter dois embarques no VLT. Se ele já estiver vindo de outro modal, a primeira entrada no VLT já está inclusa, e ele pagará apenas R$ 2,10 caso o VLT também seja a opção para a terceira parte da viagem dentro do intervalo de duas horas e meia”, disse o secretário.
Acessibilidade e sustentabilidade
As estações e paradas do VLT ficam a cerca de 20 cm de altura, niveladas às composições, dotadas de rampas suaves e antiderrapantes que facilitam o acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais. Cada plataforma disporá de entrada nas extremidades, linha de piso tátil e faixas em alto relevo que facilitam a locomoção de pessoas com deficiência visual.
Internamente, todas as composições reservam local específico para cadeirantes sem prejuízo a outros assentos. Sinalização, validadores e acionamento de portas estão em um nível mais baixo, facilitando o alcance.
Movido a eletricidade, o VLT preserva a identidade do Rio ao oferecer a opção de Alimentação Pelo Solo (APS), com energia captada por meio de um terceiro trilho instalado entre os trilhos de rolamento do trem, dispensando o uso de fiação aérea (catenárias).
A implantação do VLT tem custo de R$ 1,157 bilhão, sendo R$ 532 milhões com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade e R$ 625 milhões viabilizados por meio de uma parceria público-privada (PPP) da Prefeitura do Rio. O VLT integra o Plano de Políticas Públicas dos Jogos Olímpicos, que vai além dos compromissos de candidatura e busca deixar legados para a cidade.
Novo passeio
O novo Passeio Público da Avenida Rio Branco alterou uma das avenidas mais movimentadas do Centro, entre a Avenida Nilo Peçanha e a Rua Santa Luzia, e abrange 14,4 mil metros quadrados, dos quais 9 mil m² de área de convivência ao longo de seus 600 metros.
O local ganhou 35 árvores, 1.620 m² em canteiros verdes, bicicletários, 70 bancos e nova iluminação pública. A área de grande movimento passa a oferecer aos frequentadores do Centro um espaço de circulação exclusiva para pedestres, ciclistas e para o VLT ao longo do caminho cercado de prédios históricos.
Carol Delmazo, brasil2016.gov.br