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Prata no vôlei feminino fecha participação do Brasil em Tóquio com “chave de ouro”
Antes de entrar em quadra neste domingo (8.8) para disputar a final feminina do vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a líbero da Seleção Brasileira, Camila Brait, falou por telefone com a filha Alice, de três anos, e recebeu um pedido curioso. “Minha filha ontem pediu tanto a prata. Falei: ‘Não, filha’. E ela: ‘Mamãe, traz a prata, é mais bonita’. Ai, misericórdia. Filha, tô levando a prata pra você”, contou a líbero com a medalha do segundo lugar no pescoço.
O Brasil enfrentou os Estados Unidos, mas não conseguiu ser páreo para as americanas, que venceram por 3 sets a 0, parciais de 25/21, 25/20 e 25/14, em 1h22min. Com isso, as brasileiras ficaram em segundo no torneio olímpico, com a Sérvia, que venceu a Coreia do Sul na disputa pelo bronze, em terceiro.
Embora tenha ficado o gostinho amargo da derrota na final, não é só a pequena Alice que ficou satisfeita com a prata. Todas as jogadoras brasileiras se emocionaram por terem subido no pódio. “A gente sabia o quanto seria difícil, até porque em 2016 a gente acabou perdendo nas quartas de final, então nem a medalha de prata ou bronze a gente conseguiu. A gente chegou aqui desacreditada, não pela gente, mas pela mídia. A gente sabia que tinha EUA na nossa frente, China, Sérvia, Itália, mas a gente começou passo a passo, acho que a gente conseguiu crescer durante a competição. Então está todo mundo de parabéns. A gente sai feliz”, comemorou a ponteira Natália.
“A gente sabia o quanto seria difícil, até porque em 2016 a gente acabou perdendo nas quartas, então nem medalha a gente conseguiu. A gente chegou aqui desacreditada, não pela gente, mas pela mídia. A gente sabia que tinha EUA na nossa frente, China, Sérvia, Itália, mas a gente começou passo a passo, crescemos na competição. Então está todo mundo de parabéns”
Natália, ponteira da seleção feminina
Para ela, a prata teve sabor ainda mais especial por ter vindo após um ciclo olímpico bastante complicado. “Eu tive várias contusões. No início dos treinos com a seleção, tive uma fratura no dedo mindinho da mão esquerda e tive que ficar fora umas seis semanas dos treinamentos. Então pesou para mim não só fisicamente, mas mentalmente. Até pedi desculpas para as meninas por não ter ajudado mais da maneira que queria. Tive sempre a força do pessoal, da comissão, das meninas, pelo menos fechamos com ‘chave de ouro’, digamos assim, uma prata que no fundo vale um ouro”, avaliou.
Camila Brait também destacou o feito de ter chegado à final. “A gente sabia que chegar à final seria difícil e a gente conquistou isso. Foi mérito nosso. E hoje a gente enfrentou as americanas, que estavam inspiradas. Elas passaram e defenderam acho que como nunca fizeram na vida delas. Elas tiveram mérito, parabéns para elas. Mas eu estou muito feliz, só Deus sabe o quanto que essa prata tem valor especial para mim. Minha primeira e última Olimpíada, pelo menos eu sou medalhista olímpica”, disse Camila, já anunciando o fim de seu ciclo com a camisa do Brasil.
“Não vou mais jogar pela Seleção. Todo mundo já sabia, já tinha avisado as meninas. Para mim foi especial estar aqui durante todo esse tempo. Ter voltado valeu muito à pena, ter ficado longe da minha filha, mas ano que vem não volto. Agora é de verdade. Eu tenho outros planos daqui para frente. Todo mundo que está perto de mim sabe que meu maior sonho sempre foi disputar uma Olimpíada. E agora realizei esse sonho e veio a prata. Estou mais feliz ainda”, encerrou. Quem também anunciou a despedida da Seleção foi a ponteira Fê Garay.
Última medalha
A medalha de prata no vôlei feminino foi a última do Brasil em Tóquio. E a participação da Seleção Brasileira feminina, com o segundo lugar, foi a melhor da modalidade, já que a Seleção masculina ficou em quarto lugar. No vôlei de praia, as duplas brasileiras sequer chegaram às semifinais.
Mesmo com a prata, o Brasil encerrou a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio com a melhor campanha da história: sete ouros, seis pratas e oito bronzes, total de 21. No Rio 2016 foram sete ouros, seis pratas e seis bronzes.
O jogo
A Seleção começou o jogo já com dificuldades. Rapidamente, os EUA abriram 6 x 1, com o Brasil marcando apenas em erro das americanas. O domínio norte-americano seguiu durante toda a etapa e elas acabaram fechando o set em 25/21.
O segundo set também teve amplo domínio dos EUA, com o Brasil sempre atrás no placar. A Seleção até tentou uma reação na metade da etapa, mas não conseguiu ter forças para impedir que as americanas fechassem em 25/20 e abrissem 2 sets a 0 de vantagem.
No terceiro set, o Brasil conseguiu equilibrar o jogo no início, mas logo as americanas voltaram a abrir vantagem, fazendo 13/7. A partir daí, o time dos EUA apenas manteve o ritmo para fechar a parcial em 25/14 e a partida em 3 sets a 0.
No fim, o Brasil marcou apenas de 32 pontos de ataque, contra 46 dos EUA. A maior pontuadora da partida foi a americana Andrea Drews, com 15 acertos. Pelo lado do Brasil, Fê Garay foi quem mais pontuou, com 11 acertos.
Mateus Baeta, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br