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21/07/2016 15h44

Segurança

Polícia Federal deflagra operação que investiga suspeitos de terrorismo

Mandados de prisão, busca e condução coercitiva são cumpridos em nove estados

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (21.7), a Operação Hashtag para desarticular grupo envolvido na promoção do Estado Islâmico e na execução de atos preparatórios para a realização de atentados terroristas e outras ações criminosas. É a primeira operação policial após a publicação da Lei 13.260/2016.

Cerca de 130 policiais cumprem mandados judiciais expedidos pela 14ª Vara Federal de Curitiba – sendo 10 prisões temporárias, duas conduções coercitivas e 19 buscas e apreensões – nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Ouça o áudio da coletiva de imprensa concedida pelo ministro Alexandre de Moraes:

O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira. Ele disse que essas são as primeiras prisões realizadas com base na Lei Antiterror. "Não vamos esperar um milímetro para que qualquer ato preparatório se desenvolva. Por mais insignificante que possa parecer, terá uma reação rápida, una e certeira do poder público. Vamos agir da maneira mais dura possível", destacou Moraes.

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As investigações tiveram início em abril com o acompanhamento de redes sociais pela Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal - DAT. Os envolvidos participavam de um grupo virtual denominado Defensores da Sharia e planejavam adquirir armamentos para cometer crimes no Brasil e até mesmo no exterior. Uma ONG com atuação na área humanitária e educacional também é investigada por participação no caso.

Os investigados responderão individualmente, na medida de suas participações, pelos crimes de promoção de organização terrorista e realização de atos preparatórios de terrorismo, ambos previstos na Lei 13.260/2016. A pena para o primeiro crime é de cinco a oito anos de prisão, além do pagamento de multa. Para quem executa atos preparatórios, a pena varia de três a 15 anos de prisão.

Compra de armas

Alexandre de Moraes explicou que parte dos dez brasileiros presos nesta quinta-feira, após trocar mensagens preparatórias sobre a realização de atentado terrorista no Brasil, fez, via internet, um juramento de lealdade ao Estado Islâmico (EI).

Conforme o ministro, trata-se de um grupo amador que, no entanto, não pode ser ignorado pelas forças de segurança pública. “Era uma célula amadora, sem preparo planejado. Uma célula organizada não tentaria comprar arma pela internet. É uma célula desorganizada”, ressaltou. “Houve contato com o Estado Islâmico via internet, além de atos preparatórios. Esse grupo deixou de entender que o Brasil seria um Estado neutro e, com as Olimpíadas, poderia se tornar um alvo”, esclareceu.

Moraes informou que, além do juramento pela internet, conhecido como “batismo”, não houve contato direto dos brasileiros com o Estado Islâmico por e-mail ou pessoalmente. Também não há indícios de que eles recebiam financiamento do Estado Islâmico.

A Polícia Federal monitorou mensagens trocadas pelo grupo em redes sociais como Telegram e WhatsApp e descobriu ações preparatórias como planejamento para início de treinamento de artes marciais e o contato feito com um site de armas clandestinas no Paraguai para a compra de um fuzil.

De acordo com Alexandre de Moraes, não há confirmação de que a compra tenha sido concretizada. As mensagens foram monitoradas com autorização judicial pela Divisão Antiterrorismo da PF. 

Defesa

Em relação à ameaça terrorista deflagrada pela Polícia Federal, o ministro da Defesa, Raul Jungmann – que nesta quinta-feira visitou instalações no Rio de Janeiro que serão usadas no esquema de segurança para os Jogos Rio 2016 – ressaltou que o grupo detido já era monitorado. "Nós já acompanhávamos esse grupo e recebíamos dados e informações há algum tempo. Ele tinha relações pela internet, pelo Telegram, com o Estado Islâmico e passou do limite que não aceitamos que ninguém passe. Eles começaram a fazer preparativos para um ato terrorista", comenta Jungmann.

"Quando transpuseram o limite entre uma conversa e começaram a fazer preparativos, buscamos uma ordem judicial e eles foram todos detidos e devem assim permanecer", afirma. "Era um grupo sem qualquer tradição e formado por jovens", acrescenta.

Para o chefe da pasta, a ação comprovou a preparação do país para as possíveis ameaças que possam surgir. "Esse é um caso que demonstra que nós temos uma integração perfeita entre inteligência, defesa, segurança e que nós estamos alertas e temos capacidade de nos antecipar a qualquer ameaça que venha a pesar sobre esses Jogos", aponta. "Posso assegurar que estamos trabalhando duramente e cumprindo com todo protocolo e compromisso que nós assumimos."

Segundo o comandante do Centro de Operações Especiais do Exército, general Sinott, o combate ao terrorismo vai além da capital fluminense. "Nós constituímos dentro das Forças Armadas o Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo, que está articulado não só no Rio de Janeiro, mas também nas cidades do futebol, em condições de fazer frente a qualquer ameaça", afirma.

"Nós continuamos com os nossos treinamentos que visam manter a capacitação de nossas tropas e, acima de tudo, buscando sempre a integração com os demais eixos de segurança pública, defesa civil e inteligência. Esses treinamentos que temos assistido nos últimos dias sinalizam os últimos ensaios que trabalham efetivamente essa integração de forças do nível federal até as forças regionais e o nível estadual", explica o general.

Fonte: Ministério da Justiça e Cidadania, com informações da Agência Brasil e do brasil2016.gov.br