Atletismo
Tiro Esportivo
Para Felipe Wu, investimentos foram essenciais para chegar à medalha
Noite com apenas duas horas de sono verdadeiro, centenas de mensagens dos amigos no celular e a sensação de dever cumprido. Felipe Wu sentiu a alegria de se tornar medalhista olímpico pouco tempo depois da conquista do sábado, no Parque Olímpico de Deodoro. Momentos de felicidade que, segundo ele, só se tornaram possíveis diante de um longo trabalho feito ao longo do ciclo.
Felipe começou no tiro esportivo com dificuldades e precisava treinar na garagem de casa no início da carreira. Ao ver que tinha talento, ele insistiu no esporte e conseguiu patrocínios, como o Bolsa Atleta e o Bolsa Pódio. Medalhista de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Cingapura-2010, o atirador não competiu nos Jogos de 2012, mas foi a Londres com o programa de vivência olímpica do Comitê Olímpico do Brasil. Com esta base, se formou o atleta com títulos na Copa do Mundo e número 1 do ranking da pistola de ar 10 m.
"A medalha de prata aqui mostra que quando há investimento sério, isso leva ao bom resultado. Foi um trabalho de longo prazo, com tudo bem pensado até chegar até aqui"
"A medalha de prata aqui mostra que quando há investimento sério, isso leva ao bom resultado. Foi um trabalho de longo prazo, com tudo bem pensado até chegar até aqui", comentou o atleta, em uma conversa descontraída com os jornalistas na manhã deste domingo (07.08), no Espaço Time Brasil.
Toda essa preparação e o controle emocional na hora decisiva quase renderam o ouro ao brasileiro. Ele chegou ao último tiro na primeira colocação, mas o vietnamita Xuan Vinh Hoang atingiu o alvo com um disparo perfeito e subiu no lugar mais alto do pódio. Nada que desanime Felipe Wu.
"Em momento algum pensei que perdi o ouro, mas sim que ganhei a medalha de prata. É um sentimento de dever cumprido! Não achava que fazia diferença, mas a torcida ajudou muito e atrapalhou os outros. Queria agradecer", afirmou.
Logo após o resultado, Felipe disse ter sentido alívio pela conquista, e parabenizou o primeiro vietnamita campeão olímpico. O brasileiro, porém, também fez história, pois o país não conquistava medalhas no tiro desde 1920. Ele acredita que a prata trará mais visibilidade e popularidade ao esporte.
"Espero que a gente não tenha que esperar mais 96 anos. Por outro lado, tenho certeza de que a confederação vai ter maior visibilidade. Desde Londres-2012, o trabalho já foi muito bem feito. Com a verba do Ministério Esporte, tudo foi feito de maneira inédita, e espero que o que fique aos dirigentes é que o esporte tem que ser levado de maneira profissional", analisou.
Luta pela 2ª medalha
O foco de Felipe Wu nos Jogos Rio 2016 agora vai para a competição da pistola 50m, nesta quarta-feira (10.08), também em Deodoro. Ele não terá o mesmo favoritismo que teve na pistola de ar 10m, mas está determinado a voltar ao pódio.
» Leia também: Wu fatura a prata na pistola de ar 10m, o primeiro pódio do Brasil
"Não estou num momento tão bom quanto nos 10m, mas o mesmo sentimento que tive ontem quero ter com a de 50m, e independentemente do resultado, mesmo se não chegar à final, já vou estar feliz", avaliou.
Estrutura
O tiro esportivo é disputado no Centro Nacional da modalidade, em Deodoro. O local foi construído para os Jogos Pan-Americanos Rio 2007 de acordo com os padrões da Federação Internacional e sofreu adequações para receber os Jogos Olímpicos. Ao todo, o ministério investiu R$ 825,4 milhões no complexo.
O governo federal oferece apoio ao tiro esportivo por diversas frentes. Por meio de convênios, por exemplo, os investimentos tiveram início em 2010, quando foi destinado R$ 1 milhão para a realização de um evento internacional. No mesmo ano, R$ 1,5 milhão foram investidos na preparação da seleção olímpica para os Jogos de 2016, com a estrutura do Centro Nacional de Tiro Esportivo.
Em 2013, outro convênio, desta vez no valor de R$ 2,5 milhões, foi destinado para a preparação de cerca de 70 atletas para competições internacionais, incluindo o Mundial de 2014, os Jogos Pan-Americanos de 2015, três edições da Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016. Os recursos ainda foram destinados à descoberta de novos talentos e ao custeio da equipe multidisciplinar, da comissão técnica e do pessoal técnico para o Centro Nacional, em Deodoro.
O ano de 2014, por sua vez, contou com dois convênios firmados entre a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) e o Ministério do Esporte. O primeiro deles, no valor de quase R$ 2 milhões, teve o objetivo de proporcionar infraestrutura técnica adequada para a preparação do atleta Cássio Rippel. Já o segundo convênio, de R$ 1,9 milhões, foi voltado à participação da seleção brasileira nas principais competições de tiro ao prato, também com foco na preparação para os Jogos Olímpicos.
Com a Bolsa Pódio, o tiro esportivo ainda beneficiou quatro atletas ao longo do atual ciclo olímpico, investindo um total de R$ 459 mil. Na modalidade paralímpica, mais um atleta foi contemplado (R$ 204 mil). Já na Bolsa Atleta, entre 2012 e 2015 foram 962 bolsas concedidas nas categorias base, nacional, internacional e olímpica/paralímpica, totalizando um aporte de quase R$ 12,9 milhões
Rodrigo Vasconcelos, brasil2016.gov.br