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Rio 2016
Ouro inédito no futebol: Boulevard Olímpico ficou lotado para a comemoração histórica
A torcida do Brasil no Rio de Janeiro que não coube no Maracanã trouxe o clima do estádio ao Boulevard Olímpico, numa festa de dar inveja às Fan Fests da Copa do Mundo de 2014. Depois da revitalização, a Praça Mauá, o Píer Mauá e a área em frente à Igreja da Candelária atraíram cariocas e turistas e se encheu de alegria para ouro inédito do Brasil no futebol neste sábado (20.08).
O palco com telão ao lado do Museu do Amanhã já registrava um grande público por volta das 14h30, três horas antes da decisão entre Brasil e Alemanha. A torcida, então, se espalhou pelos outros locais que transmitiam o jogo, até encher também as áreas da pira olímpica e da Praça XV. Bares ao redor, na região central do Rio de Janeiro, ainda serviram como alternativas.
Com acesso livre e gratuito, o Boulevard Olímpico abriu as portas para quem não conseguiu ir ao Maracanã. A torcida, porém, sabia direitinho como reproduzir o clima do maior estádio do Brasil em frente à Chama Olímpica. O maior símbolo dos Jogos, aliás, transmitiu os valores de paz ao público, pois flamenguistas, vascaínos, tricolores e botafoguenses torceram juntos.
Antes do jogo, aflorou o lado comentarista dos torcedores. Muitos conversavam sobre a campanha dos dois países até chegar à final, enquanto outros arriscavam palpites: 2 x 1 foi o mais apontado. Outro momento olímpico foi o respeito ao Hino da Alemanha, enquanto o canto do Hino Nacional do Brasil só foi brevemente interrompido quando Usain Bolt apareceu no telão.
Quando a bola rolou na final, ainda restavam, porém, resquícios do trauma da Copa. Ataques e contragolpes da Alemanha geravam apreensão maior do que o normal, mesmo para uma final, principalmente nas bolas no travessão. A torcida se inflamou de vez quando Neymar achou o ângulo direito do goleiro Horn. Gol de falta que muitos já previam e filmaram no ato, que fez surgirem os gritos típicos de Maracanã como "Oleeee Oleeee olé olá, Neymar, Neymar" e "Eu sou brasileiro! Com muito orgulho! Com muito amor!".
A apreensão voltou com o empate da Alemanha no segundo tempo. Reapareceu ali o lado "treinador" de cada brasileiro, e o técnico de verdade, Rogério Micale, até atendeu aos apelos. Pediram Felipe Anderson no lugar de Gabigol e Rafinha no lugar de Gabriel Jesus após chances de gol perdidas.
Com a prorrogação, foi como se a exaustão dos jogadores tivesse contagiado o público. Os cantos de torcida eram mais raros. Os pênaltis se tornavam inevitáveis, e a torcida antecipava a tensão. "Meu coração não vai aguentar", disse o estudante Marcelo Delfino, que veio do Estácio só pra sentir o clima de estádio e da Olimpíada em casa.
Toda a apreensão, no entanto, se transformou em foco e determinação quando o momento decisivo chegou. Jogadores antes questionados como Luan e Renato Augusto tiveram seus nomes gritados em tom de apoio. Todos os cobradores do Brasil receberam o mesmo tratamento, enquanto pros alemães vinha o "Uh, vai errar!".
O grito chegou ao último batedor dos rivais, enquanto o antes desconhecido Weverton (chegaram a perguntar qual era o time dele), virou o "melhor goleiro do Brasil". Depois que Neymar sacramentou a vitória, foi só alegria, abraços, gritos, cervejas voando e até choro de alguns mais emocionados. "O campeão voltou!", dizia a multidão, que reatou o relacionamento de amor com a Seleção. Já não pediam mais Bolt em campo, veneravam os novos heróis olímpicos do único título que ainda faltava ao futebol brasileiro.
Festa além do futebol
A festa não acabou com a cobrança de Neymar. A maioria do público não arredou o pé do Boulevard Olímpico até ver o Brasil no ponto mais alto do pódio e cantar o Hino Nacional, sem interrupções desta vez. Quem ficou na região ainda achou mais energia pra vibrar pelo bronze de Maicon Siqueira no taekwondo enquanto curtia a música.
O Boulevard Olímpico, local que já recebeu muita gente nos outros dias dos Jogos com atrações como a Casa Brasil e a pira olímpica, ainda tem mais uma ultima festa reservada para este domingo (21.08): a transmissão da cerimônia de encerramento.
Rodrigo Vasconcelos - brasil2016.gov.br