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Volei de praia

16/08/2016 19h15

Resta tentar o bronze

O fim do sonho do ouro de Larissa e Talita: alemãs vencem a semifinal por 2 a 0

Ludwig e Walkenhorst foram superiores, jogaram de forma vibrante e se tornaram a primeira dupla europeia a garantir uma medalha no vôlei de praia em Jogos Olímpicos

Fim do sonho do ouro de Larissa e Talita: alemãs vencem a semi por 2 sets a 0

Dois times em quadra. Um vibrante, formado por uma jogadora brilhando na defesa e outra bloqueando muito bem. O adversário mostrou apatia, cometeu erros bobos, jogou com pouca determinação. Considerando que a partida foi realizada na Arena de Vôlei de Praia de Copacabana, em uma semifinal dos Jogos Olímpicos Rio 2016, e que uma das equipes era Larissa e Talita, a dedução seria quase óbvia: o tal time vibrante era o das brasileiras. Não era.

Quem cresceu na partida realizada na tarde desta terça-feira (16.08), com uma energia incrível, impondo o jogo e fazendo história, foram as alemãs Laura Ludwig  e Kira Walkenhorst. Em 38 minutos, elas venceram as anfitriãs por 2 sets a 0 (21/18 e 21/12). Seguindo o clichê, a fama de frieza seria atribuída às europeias, mas foram elas que gritaram, comemoraram a cada ponto e se tornaram a primeira dupla feminina europeia de vôlei de praia a garantir uma medalha em Olimpíadas. Só falta saber se será de ouro ou prata.

“Foi incrível. A gente já sabia que ia ser um jogo duro, é uma equipe realmente muito boa, ainda mais jogando aqui no Rio com a torcida, havia muita pressão contra nós. Mas melhoramos mais e mais o nosso jogo e jogamos focadas, ponto a ponto, e funcionou. Agora estou muito feliz”, disse Kira.

“É totalmente irreal. Foram quatro anos muito difíceis, com lesões e altos e baixos, mas agora estamos em uma final olímpica. É a primeira Olimpíada de Kira e ela está jogando um torneio incrível, e nós duas juntas nos tornamos mais fortes a cada ano”, completou Laura.

Alemãs vibraram muito, tanto ao longo do jogo, quanto na comemoração da vitória. Foto: Getty Images

Irreconhecíveis

Quem está acostumado a acompanhar Larissa e Talita custou a acreditar na partida. As brasileiras começaram bem, chegaram a abrir 14/11 no primeiro set, mas erraram muito no ataque, e não bloquearam uma só bola. Larissa fez cinco defesas no jogo, abaixo do que costuma fazer. Para efeito de comparação, na última partida delas com dois sets, nas oitavas de final contra outra dupla alemã, Larissa defendeu 13 vezes. Não era o dia das brasileiras.

“Estávamos no ritmo do jogo e aí de repente deixamos empatar, e elas souberam aproveitar o momento. Jogar com o placar na frente é fácil, com o placar atrás é mais difícil. Hoje não saiu o que a gente queria, e a Laura acabou sendo melhor. A gente pecou muito na virada de bola, faltou concentração no passe, na virada, ter um pouquinho mais de tranquilidade, mas normal, essas coisas acontecem e a gente acaba saindo do jeito que a gente não gostaria. Neste momento, estão os melhores times. Tem de ser 200%. Se não, não acontece”, avaliou Larissa.

Na terceira Olimpíada da carreira, as duas brasileiras já passaram pela disputa de bronze. Em 2008, com Renata, Talita ficou em quarto lugar. Jogando com Juliana em Londres 2012, Larissa ficou em terceiro. “Amanhã é mais uma final pra gente, viemos para fazer sete jogos. Perdemos um no caminho, mas não quer dizer que acabou. É um jogo que vale medalha, com a mesma importância de todos. É um jogo em que dois times sairão de uma derrota e quem conseguir se recuperar mentalmente vai vencer”, afirmou Talita.

A outra semifinal, que define os adversários de Larissa/Talita e de Ludwig/Walkenhorst, está marcada para 23h59 desta terça, entre as também brasileiras Ágatha/Bárbara e as norte-americanas Walsh/ Ross. A disputa pelo bronze e a final serão realizadas nesta quarta (17.08).

Foto: FIVB/Divulgação

O jogo

As alemãs abriram 1/3, mas o Brasil não demorou a empatar, com ace de Talita. Foi ela quem soltou o braço para conseguir novo empate em 6/6. Com mais um saque que não voltou, o Brasil passou à frente (7/6). As alemãs empataram novamente, mas Kira, após longo rali, tentou largar e a bola não passou da rede: 11/10. Laura também errou o ataque e o time da casa abriu três de vantagem (14/11). Até este momento, o Brasil estava bem no jogo.

Kira foi melhor que Talita em disputa na rede e deixou tudo igual novamente (14/14). As alemãs, a partir daí,  dominaram o set. Chegaram a 17/19, com erro no serviço de Talita. Kira conseguiu o  primeiro set point e as brasileiras salvaram, mas Talita sacou pra fora para encerrar a parcial: 18/21.

No segundo set, Laura pegava tudo e alemãs atacavam com inteligência. Na virada de quadra, estava 2/5. As brasileiras não se encontravam e a torcida tentou fazer a diferença. Talita conseguiu parar a arrancada alemã, em 3/7, mas Laura brilhava, com defesas de tirar o fôlego, enquanto Kira fechava a rede. A situação foi ficando complicada (6/11). O incentivo vinha das arquibancadas, mas as brasileiras não correspondiam em quadra. Laura fez um ace para aumentar a tensão das anfitriãs. Mais erros apareciam: ora no saque, ora no levantamento. A final começou a escorrer pelos dedos: 10/17.  Uma bola cruel bateu na fita e caiu na quadra brasileira: 11/20. Um match point foi salvo, mas só um milagre salvaria a partida. De fato, não deu: 21/12 e 2 sets a 0.

“Nós, como equipe, somos fortes. Nós nos apoiamos em todos os momentos, forçamos o saque, defendemos e bloqueamos bem. Já havíamos ganhado alguns jogos contra elas recentemente e sabíamos que poderíamos ser fortes contra elas. Nós mostramos isso desde o início”, resumiu Laura Ludwig.

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br