No tênis, Rafael Nadal e Marc Lopez conquistam ouro histórico

Em 1999, quando o norte-americano Andre Agassi conquistou seu sonhado troféu em Roland Garros e com isso fechou sua coleção de títulos em Grand Slams, tendo brilhado pelo menos uma vez em cada um dos quatro majors – Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open –, ele inaugurou uma nova área no hall reservado às grandes façanhas das raquetes no tênis masculino.

O que Agassi havia feito era algo sem precedentes e por muitos anos ele foi o único “sócio” do clube dos tenistas que podiam se orgulhar de ter conquistado o Golden Slam, como ficou conhecido a incrível coleção de títulos nos Grand Slams somada à medalha de ouro em simples em Jogos Olímpicos, algo conquistado pelo norte-americano em Atlanta 1996.

Rafael Nadal e Marc Lopez mordem as medalhas douradas conquistadas no Rio: resultado histórico para Nadal. Foto: ITF

Doze anos depois da medalha dourada de Agassi, um abusado espanhol chamado Rafael Nadal desembarcou na China para disputar sua primeira edição dos Jogos Olímpicos nas simples, já que, em 2004, ele havia competido na edição de Atenas nas duplas ao lado do amigo Carlos Moyá, quando perdeu na primeira rodada para os brasileiros André Sá e Flávio Saretta.

Em Pequim, Nadal, ao lado de Tommy Robredo, parou na segunda rodada de duplas. Mas, nas simples – embalado pelo conquista do primeiro título em Wimbledon e pelo fato de que depois das Olimpíadas ele assumiria o sonhado posto de número 1 do mundo, destronando o rival Roger Federer –, ele avançou até a decisão superando o sérvio Novak Djokovic na semifinal e, na disputa do título, derrotou o chileno Fernando Gonzalez para torna-se, aos 22 anos, um campeão olímpico.

Em 2009, Rafa chegou ao seu primeiro e até agora único troféu no Aberto da Austrália. E, em 2010, quando faturou seu primeiro dos dois títulos no US Open (voltou a ganhar o torneio em 2014), Nadal finalmente juntou-se a Agassi como os únicos dois tenistas até hoje a deter o Golden Slam.

Nadal e Lopez comemoram a vitória sobre os romenos que assegurou o ouro à dupla espanhola. Foto: Getty Images

Pois nesta sexta-feira (12.8), no Rio de Janeiro, Rafael Nadal foi além. E apesar de seu feito ainda não ter nome, elevou o status de seu Golden Slam a um outro nível, já que, agora, além de ser um campeão olímpico de simples ele tem um ouro de duplas no currículo.

Jogando ao lado do parceiro Marc Lopez, Rafael Nadal derrotou o time formado pelos romenos Florin Mergea e Horia Tecau por 2 x 1, com parciais de 6/2, 3/6 e 6/4, e faturou a medalha de ouro nas duplas masculinas. Na disputa de bronze, os norte-americanos Steve Johnson e Jack Sock venceram os canadenses Daniel Nestor e Vasek Pospisil por 2 x 0, com parciais de 6/2 e 6/4, e garantiram um lugar no pódio.

Durante toda a decisão, Nadal e Lopez foram incentivamos pela torcida, que os apoiava a cada ponto. A vitória foi ainda mais celebrada porque, no terceiro set, os espanhóis estiveram bem perto de voltar para casa com a prata, já que os romenos quebraram o serviço de Marc Lopez no sétimo game e abriram 4/3 no placar.

Marc Lopez vai ao chão e Rafael Nadal, de joelhos, comemora: emoção incontrolável. Foto: Getty Images

Entretanto, no game seguinte, Nadal e Lopez, sem se abalar, devolveram a quebra no saque de Florin Mergea. Com Nadal confirmando o saque na sequência, eles viraram o placar para 5/4 e depois, no serviço de Horia Tecau, melhor sacador do time romeno, os espanhóis fizeram 15/40 e tiveram dois match points. Os romenos se safaram, chegaram à igualdade no game, mas Nadal e Lopez conseguiram a vantagem e, na terceira oportunidade que tiveram para conquistar o ouro no Rio, não desperdiçaram a chance.

Assim que o jogo acabou, Nadal, a exemplo do que fez em Pequim oito anos atrás, jogou-se no chão como se tirasse um peso dos ombros. Do outro lado da quadra, Marc Lopez fez o mesmo. E depois, os dois juntaram-se para um abraço emocionado. Tudo sob aplausos e gritos da torcida brasileira, que, embora muitos não saibam, viu Nadal fazer história no Rio.

Superado o desafio nas duplas, Nadal ainda persegue outro sonho no Brasil. Ele segue firme na luta pelo bicampeonato olímpico nas simples e, neste sábado (13.8), por volta das 14h, enfrenta, na semifinal, o argentino Juan Martin Del Potro, responsável pela eliminação de Djokovic do torneio. Antes do duelo dos dois na quadra central, o japonês Kei Nishikori e o britânico Andy Murray, campeão olímpico em Londres 2012, fazem a primeira semifinal, com início ao meio-dia.

Depois da partida de Nadal e Del Potro, a quadra central será palco da disputa da medalha de ouro nas simples feminina, entre Monica Puig, de Porto Rico, e Angelique Kerber, da Alemanha.

Teliana e Marcelo: primeira experiência jogando juntos foi avaliada pelos dois como muito positva. Foto: Cristiano Andujar/CBT

Brasil perde nas mistas

O Brasil encerrou, nesta sexta-feira, sua participação no tênis nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Depois de Thomaz Bellucci ter perdido à tarde para Rafael Nadal nas quartas de final de simples, no final da noite a dupla formada por Teliana Pereira e Marcelo Melo foi derrotada nas quartas de final da chave de duplas mistas. Os brasileiros perderam para os norte-americanos Jack Sock e Bethanie Matter-Sands por um duplo 6/4.

Apesar da derrota, tanto Marcelo quanto Teliana deixaram a quadra felizes com suas atuações e principalmente por terem aproveitado todas as emoções que os Jogos Rio 2016 proporcionaram.

“Foi incrível. Aproveitei ao máximo jogar na quadra central, foi minha primeira Olimpíada, aqui no Brasil, ao lado do Marcelo, e isso faz com que seja ainda mais especial. Aprendi bastante, ele conseguiu me passar bastante coisa e que espero conseguir usar depois, e eu saio daqui muito feliz, muito realizada em tudo o que eu fiz e eu espero que um dia a gente possa jogar mais duplas”", declarou Teliana. Como o duplista já anunciou que tem planos de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, os dois terão muito tempo para conversar sobre o assunto e, quem saber, trabalhar o time no próximo ciclo olímpico.

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br